Chega a ser impressionante: dos cinco indicados a Melhor Figurino, dois nem chegaram a concorrer ao prêmio do Sindicato dos Figurinistas de Hollywood – e isso que eles selecionam 15 filmes no total! São cinco em Filme Contemporâneo, cinco em Filme de Época e cinco em Filme de Fantasia/Ficção-Científica. Vários indicados a Melhor Filme no Oscar – Corra!, Lady Bird, Três Anúncios para um Crime, Dunkirk – foram lembrados pelos figurinistas, porém acabaram fora dessa categoria no Oscar. Assim, tudo indica que temos um franco favorito, dois sem a menor chance de vitória e outros dois que podem, ou não, surpreender. E quem foi o grande esquecido deste ano? Confira nossas análises de cada um dos concorrentes, e boas apostas!

 

Indicados

 

FAVORITO: Trama Fantasma (Mark Bridges)
Vencedor do Oscar por O Artista (2011), Mark Bridges está em sua terceira indicação, e tem tudo para levar mais um careca dourado para casa. Tanto que venceu o BAFTA, considerado o Oscar inglês, e o prêmio do Critics Choice, além de ter obtido o reconhecimento máximo dos críticos de San Diego e Seattle. Além do mais, essa provavelmente será a única conquista de Trama Fantasma, longa que disputa em seis categorias, inclusive a principal, de Melhor Filme. Sem mencionar sua trama, que tem como protagonista um… estilista! Ou seja, já pode preparar o discurso da vitória!

 

MERECE: A Bela e a Fera (Jacqueline Durran)
Vencedora do Oscar por Anna Karenina (2012), com as duas indicações deste ano alcançou o total de seis trabalhos lembrados pelos votantes da Academia. Porém, mesmo concorrendo em dose dupla, é pouco provável que venha a ouvir seu nome após a abertura do envelope. No caso de O Destino de uma Nação, logo veremos, mas aqui deve ser por puro preconceito, por se tratar de um legítimo conto de fadas. O visual estonteante muito se deve aos impressionantes vestidos, corpetes, casacos e outras maravilhas inventadas por Durran para dar vida aos personagens desse incrível sucesso que somou mais de US$ 1 bilhão nas bilheterias de todo o mundo. Mesmo assim, concorreu pelos dois também no BAFTA, e foi apontada como Figurinista do Ano – por ambos os trabalhos – no Hollywood Film Awards. No mais, foi premiada pelos críticos de Phoenix e de San Diego (empatada com Trama Fantasma), além de contar com outras tantas indicações – todas, importante destacar, por A Bela e a Fera.

 

TORCIDA: A Forma da Água (Luis Sequeira)
Vencedor do prêmio do Sindicato dos Figurinistas de Hollywood como Melhor Filme de Época – e não de Fantasia/Ficção-Científica (este ficou com Mulher-Maravilha) – Luis Sequeira tem, aqui, o seu grande momento em Hollywood. Foi indicado a praticamente tudo – BAFTA, Critics Choice, Awards, Circuit Community, críticos de Phoenix, San Diego e Seattle – mas ganhou pouco até o momento. Ou seja, se levar, vai ser totalmente na onda do filme, o campeão de indicações deste ano. E não que seja uma vitória injusta – será, caso se torne realidade, apenas inesperada!

 

AZARÃO: Victoria e Abdul: O Confidente da Rainha (Consolata Boyle)
Consolata Boyle está em sua terceira indicação ao Oscar – concorreu antes por A Rainha (2006) e Florence: Quem É Essa Mulher? (2016) – e ainda luta por sua primeira vitória. Virá neste ano? Pouco provável. Mas o fato de ter sido lembrada como uma das duas únicas indicações de Victoria e Abdul – o longa concorre, ainda, a Melhor Maquiagem e Cabelos – já demonstra o quão apreciada é por seus colegas. Porém, nem tanto ao céu, nem tanto ao inferno. E isso porque ela não conseguiu ser indicada ao prêmio do Sindicato dos Figurinistas, o que já a deixou virtualmente fora dessa disputa. Deixada de lado também no BAFTA e no Critics Choice, foi lembrada apenas pelo Satellite, e o convite que recebeu para estar na festa do Oscar deste ano já pode ser considerado o seu maior presente!

 

SURPRESA: O Destino de uma Nação (Jacqueline Durran)
Se por A Bela e a Fera Durran até merecia conquistar sua segunda estatueta, pelo convencional trabalho apresentado em O Destino de uma Nação podemos apenas perguntar: como ela pode ter ficado à frente de outros tantos trabalhos bem mais impressionantes? Uma vitória por esse aqui é virtualmente impossível, pois, além da nominação ao BAFTA, contou apenas com uma indicação dos críticos de Seattle. Pouco, muito pouco, mesmo, para que seja lembrada pelos votantes da Academia.

 

ESNOBADO: Blade Runner 2049 (Renée April)
Indicada ao prêmio do Sindicato dos Figurinistas, ao Online Film & Television Association, às premiações dos críticos de Seattle e Phoenix e ao Critics Choice, Renée April foi laureada pelos críticos de Las Vegas. Como, então, acabou fora do Oscar? Teria sido preconceito com os filmes de Fantasia/Ficção-Científica? Dos lembrados pelos figurinistas, apenas A Bela e a Fera entrou. Pior, no entanto, foram os indicados em Filme Contemporâneo – nenhum dos cinco concorrentes do sindicato chegaram ao Oscar. Parece que figurino bom para os votantes da Academia só mesmo os dos filmes de época. Seria uma boa hora para rever esse conceito, não? Eu, Tonya e Mulher-Maravilha, respectivamente eleitos os melhores trabalhos Contemporâneo e de Fantasia/Ficção científica pelo Sindicato dos Figurinistas de Hollywood, também não foram convidados para a festa.

:: Confira aqui as nossas análises das demais categorias ::

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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