Deu a lógica. Oppenheimer, um dos principais filmes-evento da temporada 2023, foi o grande vencedor da 96ª edição do Oscar, o prêmio máximo de Hollywood concedido pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Los Angeles. Numa cerimônia novamente apresentada por Jimmy Kimmel, tivemos poucas surpresas e a consagração da maioria daqueles que estavam anteriormente apontados como favoritos em suas respectivas categorias. O longa-metragem comandado por Christopher Nolan levou para casa sete estatuetas (teve 13 indicações), incluindo as de Melhor Filme, Direção, Ator (Cillian Murphy) e Ator Coadjuvante (Robert Downey Jr.). Emma Stone garantiu o seu segundo Oscar, desta vez por Pobres Criaturas, e Cillian Murphy finalmente foi consagrado com uma estatueta de Melhor Ator. Até um diretor consagrado como Wes Anderson ganhou o seu primeiro Oscar, pelo curta-metragem A Incrível História de Henry Sugar. Uma das lástimas da noite foi Assassinos da Lua das Flores ter saído de mãos abanando – ignorada que vamos lamentar por muito tempo.

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Ryan Gosling apresenta “I’m Just Ken”, de Barbie, no Oscar 2024 – Foto/Mike Blake/Reuters

O cineasta japonês Hayao Miyazaki voltou a ganhar um Oscar de Melhor Longa de Animação, com O Menino e a Garça – ele havia vencido há mais de 20 anos com A Viagem de Chihiro (2001). Aliás, por falar em êxitos estrangeiros a Hollywood, o britânico Zona de Interesse garantiu, além do Oscar de Melhor Filme Internacional, o merecidíssimo prêmio de Melhor Som. Já o japonês Godzilla Minus One ganhou a estatueta de Melhores Efeitos Visuais. Em meio a muitos discursos emocionados, sobressaíram os de teor político, como o proferido pelo judeu britânico Jonathan Glazer em repúdio às mortes que vem acontecendo na Faixa de Gaza na ação ostensiva do Estado de Israel contra os palestinos e o do cineasta ucraniano Mstyslav Chernov que, ao agradecer pelo Oscar de Melhor Longa Documentário para 20 Dias em Mariupol, reafirmou sua contrariedade veemente à guerra entre Ucrânia e Rússia que segue em curso: “Desejava nunca ter feito esse filme. Gostaria de poder trocar isto pela Rússia nunca invadindo a Ucrânia, nunca ocupando nossas cidades”.

Os vencedores das categorias de atuação – Foto/Carlos Barria/Reuters

Sem mais delongas, confira a lista completa com os vencedores do Oscar 2024.

MELHOR FILME
Oppenheimer (Emma Thomas, Charles Roven, Christopher Nolan)
MELHOR DIREÇÃO
Christopher Nolan, por Oppenheimer
MELHOR ATRIZ
Emma Stone, por Pobres Criaturas
MELHOR ATOR
Cillian Murphy, por Oppenheimer
MELHOR ATRIZ COADJUVANTE
Da’Vine Joy Randolph, por Os Rejeitados
MELHOR ATOR COADJUVANTE
Robert Downey Jr., por Oppenheimer
MELHOR ROTEIRO ORIGINAL
Anatomia de uma Queda, de Justine Triet, Arthur Harari
MELHOR ROTEIRO ADAPTADO
Ficção Americana, de Cord Jefferson
MELHOR FOTOGRAFIA
Oppenheimer, de Hoyte van Hoytema
MELHOR MONTAGEM
Oppenheimer, de Jennifer Lame
MELHOR DESIGN DE PRODUÇÃO (DIREÇÃO DE ARTE)
Pobres Criaturas, de James Price, Shona Heath, Zsuzsa Mihalek
MELHOR FIGURINO
Pobres Criaturas, de Holly Waddington
MELHOR MAQUIAGEM E CABELOS
Pobres Criaturas, de Nadia Stacey, Mark Coulier, Josh Weston

Emma Thomas, Christopher Nolan e Charles Roven – Foto/Jordan Strauss/Invision/AP


MELHOR CANÇÃO ORIGINAL
What Was I Made For?“, de Billie Eilish, Finneas O’Connell (Barbie)
MELHOR TRILHA SONORA
Oppenheimer, de Ludwig Göransson
MELHOR SOM
Zona de Interesse, de Tarn Willers, Johnnie Burn
MELHORES EFEITOS VISUAIS
Godzilla Minus One, de Takashi Yamazaki, Kiyoko Shibuya, Masaki Takahashi, Tatsuji Nojima
MELHOR FILME INTERNACIONAL
Zona de Interesse (Reino Unido)
MELHOR LONGA DE ANIMAÇÃO
O Menino e a Garça (Hayao Miyazaki, Toshio Suzuki)
MELHOR LONGA DOCUMENTÁRIO
20 Dias em Mariupol (Mstyslav Chernov, Michelle Mizner, Raney Aronson-Rath)
MELHOR CURTA DE ANIMAÇÃO
War is Over! Inspired by the music of John and Yoko (Dave Mullins, Brad Booker)
MELHOR CURTA-METRAGEM (live-action)
A Incrível História de Henry Sugar (Wes Anderson, Steven Rales)
MELHOR CURTA DOCUMENTÁRIO
A Última Loja de Consertos (Ben Proudfoot, Kris Bowers)

Takashi Yamazaki, Kiyoko Shibuya, Masaki Takahashi e Tatsuji Nojima, de “Godzilla Minus One” – Foto: Carlos Barria


AS APOSTAS DO PAPO DE CINEMA
Você que acompanha o Oscar anualmente no Papo de Cinema já está acostumado com os nossos artigos analíticos de todas as categorias. Neste ano, atestando a previsibilidade da premiação, nosso índice de acerto foi grande. Dos 23 concorrentes que colocamos como favoritos em suas respectivas categorias, acertamos nada menos do que 17 – e se ampliássemos para Favoritos e Azarões nosso nível de acerto seria próximo de 100%. Confira abaixo as categorias nas quais atingimos o alvo na mosca: Filme, Direção, Ator, Atriz Coadjuvante, Ator Coadjuvante, Roteiro Original, Roteiro Adaptado, Fotografia, Montagem, Figurino, Canção Original, Trilha Sonora, Efeitos Visuais, Filme Internacional, Longa De Animação, Longa Documentário, Curta-Metragem (Live-Action).

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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