Vamos combinar: uma boa trilha sonora pode fazer toda a diferença para o resultado de um filme, não é mesmo? Quantos temas inesquecíveis se tornaram verdadeiros ícones da cultura popular? Pense, por exemplo, nos acordes que antecedem os ataques em Tubarão (1975) ou mesmo na trilha dos faroestes de Ennio Morricone. Viraram marcos! Neste ano, a disputa pelo Oscar de Melhor Trilha Sonora está acirradíssima, mas ainda assim temos um franco favorito para levar a estatueta mais cobiçada de Hollywood na área. Enquanto a aguardada celebração de Hollywood não chega, nos resta especular e construir um cenário relativamente sólido para prever favorito, azarão, surpresa e apontar aquele esnobado da vez pela Academia de Artes e Ciências Cinematográfica de Los Angeles.

 

Indicados

 

FAVORITO
Oppenheimer, de Ludwig Göransson
Esta é a terceira indicação do sueco Ludwig Göransson ao Oscar. Na sua primeira, ele levou a estatueta pela belíssima trilha sonora de Pantera Negra (2018) e na segunda, por Pantera Negra: Wakanda Para Sempre (2022), ficou a ver navios. Desta vez o cenário está todo armado para ele garantir o bicampeonato. Diante de tantos atrativos mais, digamos, chamativos, como os aspectos visuais e as atuações que vem sendo laureadas, Oppenheimer também conta com uma trilha digníssima de nota. Não à toa è a favorita da temporada ao Oscar, vencedora do BAFTA, do Critics Choice Awards, do Globo de Ouro, do Grammy Awards e ainda indicada ao Satellite Awards. Tá com enorme pinta de campeã.

AZARÃO
Assassinos da Lua das Flores, de Robbie Robertson
Autor da trilha sonora de Assassinos da Lua das Flores, Robbie Robertson morreu em agosto de 2023, antes mesmo de ser indicado pela primeira vez ao Oscar. E não será nenhum absurdo se a Academia resolver premiá-lo com um Oscar póstumo, afinal de contas a trilha sonora é um dos aspectos impressionantes deste filme que conta a história da opressão dos povos nativo-americanos que descobrem petróleo em suas terras e ficam ricos de uma hora para outra. Indicado ao BAFTA, ao Critics Choice Awards e ao Globo de Ouro, perdendo as três para Oppenheimer, de Ludwig Göranssonm, e ainda lembrado no Satellite Awards, bem que ele poderia desbancar o favorito e ser consagrado na noite do dia 10 de março. Méritos não faltam.

SURPRESA
Indiana Jones e a Relíquia do Destino, de John Williams
Aparentemente, o Oscar nem acontece sem uma indicação a John Williams, um dos grandes compositores da história do cinema. Pela trilha de Indiana Jones e a Relíquia do Destino, ele chegou à sua (pasmem) 54ª indicação, perdendo em números apenas para Walt Disney que tem 59. Aos 92 anos, ele é a pessoa mais velha a concorrer a uma estatueta da Academia, quebrando o recorde do ano passado (que já era seu). Dono de cinco estatuetas, ele pode ser considerado o maior perdedor da história da premiação, especialmente pela galera do “copo meio vazio”. Brincadeiras à parte, de acordo com o IMdB, ele já foi indicado a 389 prêmios com 215 vitórias. Que currículo. E por que ele está aqui como surpresa? Pelo desempenho fraco de Indiana Jones e a Relíquia do Destino, um retorno tão aguardado, mas cujo resultado foi um tanto quanto decepcionante.

ESNOBADO
O Menino e a Garça, de Joe Hisaishi
Joe Hisaishi é um dos compositores mais brilhantes do cinema. No entanto, por ser japonês talvez ele não tenha tido o reconhecimento global que a indústria facilita para europeus e norte-americanos. Indicado anteriormente ao Oscar pela trilha sonora de A Viagem de Chihiro (2002), colaborador contumaz do Studio Ghibli e, por conseguinte, de Hayao Miyazaki, ele foi indicado por O Menino e a Garça ao Annie Awards, ao Globo de Ouro e chegou na shortlist com os pré-selecionados ao prêmio da Academia, mas acabou ficando para trás. Pensando no panorama oferecido pelos indicados, ele bem que poderia estar concorrendo a mais um Oscar.
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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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