A disputa de Design de Produção – que até há alguns anos atrás se chamada Direção de Arte – costuma estar casada com a de Figurino. Tanto é que, neste ano, os indicados de um são também os do outro, e vice-versa! Então, quer dizer que, quem levar uma estatueta, tem tudo para ganhar a outra também? Bom, talvez… ou não. Afinal, se essa dobradinha gera impacto nas indicações, nem sempre costuma se repetir nas vitórias. Um dos motivos é porque os votantes são outros – há os diretores de arte e os figurinistas – e muitas vezes um olhar inventivo na elaboração de cenários nem sempre precisa encontrar correspondência no desenho dos vestuários. Sendo assim, confira nossas apostas para o Oscar 2024 de Melhor Design de Produção!
Indicados
- Barbie, de Sarah Greenwood, Katie Spencer
- Assassinos da Lua das Flores, de Jack Fisk, Adam Willis
- Napoleão, de Arthur Max, Elli Griff
- Oppenheimer, de Ruth De Jong, Claire Kaufman
- Pobres Criaturas, de James Price, Shona Heath, Zsuzsa Mihalek
FAVORITO
Ruth De Jong, Claire Kaufman, por Oppenheimer
Esta é a primeira vez que tanto Ruth De Jong quanto Claire Kaufman são indicadas ao Oscar. Então, como já podem estar na condição de favoritas? Bom, pra começar, por assinarem o design de produção do filme do ano, aquele com o maior número de indicações – concorre em 13 categorias – e que aparece liderando todas as bolsas de apostas até o momento. A vento se confirmou para o lado delas, definitivamente, ao ganharem o prêmio do Sindicato dos Diretores de Arte de Hollywood, o Art Directors Guild, como “Melhor Filme de Época”. E é este ponto que faz a diferença: os votantes da Academia adoram reconhecer o trabalho não tanto de criação, originalidade e invenção, mas de reprodução – afinal, trata-se de recriar algo com o qual podem comparar e atestar se está bem feito ou não. Se é uma lógica válida ou não, são outros quinhentos. Mas é o que o histórico de vitoriosos nessa disputa atesta. Tanto é que, nessa temporada de premiações, Oppenheimer já ganhou como Melhor Design de Produção em diversas agremiações regionais de críticos, além de ter sido indicado ao Bafta, Critics Choice e no Sindicato dos Decoradores de Cenários (Set Decorators Society of America). É nele onde estão todos os olhos, e dificilmente o resultado será outro no dia 10 de março (infelizmente, pois o nosso Azarão – abaixo – dá de dez nesse quesito).
AZARÃO
James Price, Shona Heath, Zsuzsa Mihalek, por Pobres Criaturas
Vencedor do prêmio do Sindicato dos Diretores de Arte dos EUA na categoria de Filme de Fantasia, Pobres Criaturas guarda muito da sua força no visual fantástico que imprime na tela. Nessa disputa, por exemplo, superou Barbie, com quem concorre novamente por aqui. Mas o filme de Yorgos Lanthimos se mostra um passo adiante não apenas por ser um dos campeões de indicações neste ano (está presente em 11 disputas, mostrando como caiu no agrado dos votantes), como também foi indicado ao Bafta, ao Critics Choice e ao Set Decorators Society of America, tendo seu design de produção sido indicado em diversas associações regionais de críticos de cinema por todos os Estados Unidos, sem, no entanto, ter ganho em nenhuma delas. Pelo jeito, o velho preconceito contra tudo aquilo que foge ao olhar comum mais uma vez irá se manifestar por aqui. Apenas para constar, James Price, Shona Heath e Zsuzsa Mihalek estão todos concorrendo ao Oscar pela primeira vez.
SURPRESA
Arthur Max, Elli Griff, por Napoleão
Anunciado como a retomada de Ridley Scott ao cinema épico – gênero que já rendeu o Oscar de Melhor Filme por Gladiador (2000), assinado por ele – Napoleão se mostrou uma grande frustração ao chegar aos cinemas. Apostas o colocavam entre os finalistas a Melhor Filme, Direção e Ator, porém tudo o que conseguiu foram citações em categorias técnicas (além dessa, concorre em Figurino e Efeitos Visuais). Arthur Max está em sua quarta indicação, enquanto que Elli Griff conquistou nesse ano seu primeiro convite à festa da Academia. E, pelo que parece, só de terem lembrado deles já pode ser considerado uma vitória. Tanto é que nem foram indicados ao Bafta ou ao Critics Choice, tendo aparecido apenas entre os finalistas do Satellite, do Sindicato dos Diretores de Arte e do Set Decorators Society of America – sem ter ganho nenhuma destas disputas, evidentemente.
ESQUECIDO
Suzie Davies, por Saltburn
Bom, para começo de conversa, o nome do filme é como se chama o lugar onde maior parte da trama se passa – ou seja, era importante que fosse um ambiente real e verossímil (o que, de fato, é). Terceiro vencedor do Sindicato dos Diretores de Arte (na categoria de Filme Contemporâneo), Saltburn foi indicado ainda ao Critics Choice e ao Set Decorators Society of America, mostrando quão relevante é o trabalho aqui apresentado na construção dos cenários e decorações. Suzie Davies, responsável pela área, tem uma única indicação ao Oscar até o momento – concorreu por Sr. Turner, em 2015 – e nos últimos anos esteve envolvida em produções como A Vida Eletrizante de Louis Wan (2021) e Peterloo (2018). Talvez tenha faltado não só apenas mais carinho quanto ao longa de Emerald Fennell – que, apesar de constar nas listas de previsões em diversas categorias, acabou ficando de fora de todas – mas também uma maior entrada da própria Davies em Hollywood, já que a maioria dos seus trabalhos anteriores foram no cinema britânico.
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