8 mar

Oscar 2022 :: Apostas para Melhor Canção Original

Dos cinco concorrentes neste ano, apenas um pode ser considerado como um filme musical – mas, como se trata de uma animação, a ligação é quase instantânea. Curiosamente, dois outros projetos do gênero que marcam presença em diversas outras categorias da premiação em 2022 – Amor, Sublime Amor e tick, tick… BOOM! – por aqui não deram as caras, pela ausência de composições originais em suas trilhas sonoras. Assim, resta a disputa entre velhos conhecidos e recém-chegados, divas da música pop e roqueiros das antigas, sem nunca esquecer da veterana que, mais uma vez, está batendo recorde no número de indicações – sem, no entanto, ter ganhado em nenhuma das ocasiões anteriores. Será que dessa vez a sorte dela irá mudar? Confira as nossas apostas!

INDICADAS

 

FAVORITA
No Time to Die”, de Billie Eilish, Finneas O’Connell – 007: Sem Tempo Para Morrer
Em mais de duas dezenas de filmes da saga James Bond, seis deles tiveram suas canções-tema indicadas ao Oscar. A primeira foi “The Look of Love”, de Burt Bacharach e Hal David, para Casino Royale (1967) – que é mais uma paródia do espião, e nem chega a ser considerado como parte do cânone oficial. A estreia “de verdade”, portanto, foi de peso, com o ex-Beatle Paul McCartney em “Live and Let Die”, de Com 007 Viva e Deixe Morrer (1973) – que, inacreditavelmente, perdeu para “The Way We Were”, interpretada por Barbra Streisand para o drama romântico Nosso Amor de Ontem (1973). Porém, de uma década para cá, fazer parte da trilha sonora de uma aventura do agente secreto britânico tem sido sinônimo de estatueta dourada! Foi assim com Adele e sua “Skyfall”, de 007: Operação Skyfall (2012), e com Sam Smith e “Writing’s on the Wall”, de 007 Contra Spectre (2015). Será que Billie Eilish e Finneas O’Connell terão o mesmo destino? É provável. Até agora ganharam o Globo de Ouro e os prêmios dos críticos de Chicago (Indie), Florida, Denver, Georgia, Havaí, Las Vegas, Carolina do Norte, Dakota do Norte e Phoenix, além de estarem indicados ao Critics Choice, na Society of Composers and Lyricists, no Satellite, no Online Film & Television Association, no Hollywood Music in Media, na Hollywood Critics Association e no Music City Film Critic’s Association – e só não estão no Bafta porque lá essa categoria não existe! Ou seja, é a canção da vez (mais uma vez). Só no ritmo de Bond, James Bond!

AZARÃO
Dos Oruguitas”, de Lin-Manuel MirandaEncanto
Lin-Manuel Miranda é, atualmente, um fenômeno em Hollywood – só no ano passado dirigiu tick, tick…BOOM!, produziu Em um Bairro de Nova York, dublou o protagonista da animação A Jornada de Vivo e foi responsável pela trilha sonora original de Encanto, da Disney. Vencedor do Tony, do Emmy e do Grammy pelo musical-sensação Hamilton (2020), ele está em sua segunda indicação ao Oscar – concorreu antes por “How Far I’ll Go”, canção de Moana: Um Mar de Aventuras (2016), também da Disney. E esta parece ser a estatueta mais cobiçada – afinal, só lhe falta o prêmio da Academia para ser considerado um EGOT (vencedores das quatro mais importantes premiações da indústria do entretenimento nos Estados Unidos: Emmy, Grammy, Oscar e Tony), um feito raro e de imenso prestígio. Seu maior problema desta vez, porém, parece ser ele mesmo: “We Don’t Talk About Bruno”, outra composição do mesmo filme, fez muito mais sucesso junto ao público e à crítica, mas não está indicada, pois a produção do longa preferiu colocar na competição a mais infantil “Dos Oruguitas”. Por ela, o filme está também indicado ao Critics Choice, foi lembrado no Globo de Ouro e em algumas associações regionais de críticos, sem ter ganho em nenhuma dessas disputas, porém. Se sair vitorioso, será mais pela força do projeto – e do próprio Miranda – do que pela canção em si.

NEGAÇÃO
Somehow You Do”, de Diane WarrenQuatro Dias Com Ela
Com inacreditáveis 12 indicações anteriores ao Oscar – essa é a décima terceira – Diane Warren ainda está na torcida para conquistar sua primeira vitória. Porém, é bem pouco provável que essa “maldição” chegue ao fim com “Somehow You Do”, tema do drama Quatro Dias com Ela. Ela já esteve na disputa por títulos bem mais badalados, como “Because You Loved Me” (Íntimo e Pessoal, 1996), interpretada por Celine Dion, “I Don’t Want to Miss a Thing” (Armageddon, 1998), cantada pelo Aerosmith, ou “Music of My Heart” (Música do Coração, 1999), entoada por Gloria Stefan e pela boyband N*Sync, ou “Till It Happens to You” (The Hunting Ground, 2015), composta em parceria com Lady Gaga – e, mesmo assim, chegava perto, mas nunca o suficiente. Desde 2018 ela tem sido presença confirmada na festa da Academia – é a sua quinta indicação consecutiva – o que deixa bem claro como os votantes são fãs do trabalho dela. Falta apenas um grande filme, pelo jeito (nessas cinco últimas indicações, em quatro delas foi responsável pela única indicação dedicada ao longa). Pela composição de Quatro Dias com Ela chegou a ser lembrada nas premiações do Hollywood Music in Media e Society of Composers and Lyricists, e em mais lugar algum. Ou seja, foi mais um “carinho” – e era isso.

ESQUECIDA
So May We Start?”, de Ron Mael, Russel Mael – Annette
A Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood divulgou uma lista de 15 canções pré-selecionadas para essa categoria. Haviam títulos mais badalados que acabaram ficando de fora, como “Beyond the Shore” e “Just Look Up”, dos indicados ao Oscar de Melhor Filmes No Ritmo do Coração e Não Olhe para Cima, respectivamente, “Guns go Bang”, de Jay-Z e Kid Kudi, do faroeste Vingança & Castigo, “Your Song Saved My Life”, da banda U2, para a animação Sing 2, e “Here I Am (Singing My Way Home)”, da oscarizada Jennifer Hudson, pela cinebiografia Respect: A História de Aretha Franklin, na qual interpreta a diva Aretha Franklin. Mas por uma questão bem pessoal (confessamos!), nossa escolhida como a grande esquecida desse ano é a contagiante “So May We Start?”, dos irmãos Ron e Russell Mael (juntos formam o duo Sparks), canção de abertura do musical Annette, de Leos Carax. Lembrados pelos críticos da Dakota do Norte, Chicago (Indie), Carolina do Norte e da Georgia, , no Gold Derby, no CinEuphoria, pela Associação Online de Cinema & Televisão e no International Online Cinema Awards, os dois são responsáveis por uma das melodias mais empolgantes e emocionantes deste ano, responsáveis por ditar com bastante propriedade o ritmo da narrativa que irá se desenvolver a seguir. Uma pena que o filme, premiado no Festival de Cannes, no César e eleito o segundo melhor do ano pelos críticos da mítica revista Cahiers du Cinéma, tenha sido completamente ignorado pelo público norte-americano.
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Robledo Milani

é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

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