Música do Coração
Crítica
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Sinopse
Após ter sua vida radicalmente mudada, Roberta Guaspari acaba indo parar no Harlem, onde precisa enfrenta muitas adversidades para ensinar violino em uma escola com crianças pobres. Mais do que fazê-los aprender música, ela precisa também ensinar a seus novos alunos a terem esperança, orgulho e força de vontade.
Crítica
Wes Craven, Meryl Streep e um filme sobre educação e música. Uma combinação mais do que estranha, mas que nem por isso deu menos certo. O drama baseado na vida real de uma mulher que precisa reinventar sua vida após a separação e decide dar aulas de violino numa escola pública iria cair na pele da cantora Madonna. Por sorte, a popstar e o cineasta responsável tinham suas diferenças, o que fez a oscarizada atriz se tornar a grande escolha para Música do Coração. E, convenhamos, sem ela o filme seria mais um exemplar qualquer do gênero.
Para interpretar Roberta, Streep teve que fazer um intensivo do instrumento, já que ela não sabia tocar nada. O curso relâmpago em que ela ficava cinco horas diárias com o violino à mão garantiu não apenas uma excelência nas telas como o esforço também foi reconhecido com sua décima indicação ao Oscar. A pergunta que permanece até hoje é: há algo de tão extraordinário nesta atuação? Sim e não. Afinal, sabemos que a intérprete não entrega pouca coisa quando em cena, mas o papel não apresenta grandes inovações no quesito "filmes de professor".
É aquela velha trama básica: educadora chega na escola pública, os alunos (a maioria negros e latinos) a rejeitam inicialmente, depois pegam gosto pelo aprendizado e ela é ovacionada. A luta deles será para manter as aulas, já que, lá pela metade da fita, a escola decide cortar gastos. E, como bem sabemos, o primeiro lugar em que isto acontece é no setor cultural. Baseado numa história real com final feliz, foi uma forma de protestar na época para alertar o governo que as escolas estavam atentas para os cortes com aulas artísticas, especialmente as de música. A própria Meryl Streep concedeu várias entrevistas não para falar apenas sobre sua indicação ao prêmio da Academia, mas especialmente para manifestar seu desejo e preocupação com o tema.
Porém, não fosse esta situação peculiar da trama, o projeto seria apenas mais um sobre educação, seguindo os passos de Mentes Perigosas (1995), Sociedade dos Poetas Mortos (1989), entre tantos outros com a mesma cartilha. É uma fórmula que dificilmente tem como dar errado, pois apesar do clichê das situações, geralmente elas expressam a realidade da educação como um todo, não apenas nos EUA, mas no mundo ocidental.
Agora, se formos perguntar qual o papel de Wes Craven nisto tudo, fica difícil responder. O que se sabe é que ele aceitou fazer o projeto para poder continuar na produção de Pânico 3 (2000), num acordo com a Miramax. Se ele queria fazer o filme, são outros 500. Por ser uma trama totalmente fora de seus padrões, ele parece ter preferido ficar em terreno seguro e praticamente não vemos uma assinatura sua na decupagem.
Um grande acerto que talvez nem tinha sido decisão do próprio cineasta é não tratar o feel good movie como algo lacrimoso e dramático ao extremo. Já sabemos que a situação dos personagens no longa é delicada, não há porque inserir trilhas que induzam ao choro, o que realmente não acontece. A trama é linearmente contada da forma mais realista possível. É claro que há momentos como o sempre esperado "discurso do protagonista", mas nada que tire os méritos da produção. Um filme que não é inesquecível, mas gostoso de assistir, além de trazer uma bela mensagem educacional, por mais batida que ela possa ser.
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