Das quatro categorias de atuação do Oscar 2022, a de Melhor Ator talvez seja a mais definida. Dos cinco concorrentes, dois não possuem chance alguma de vitória, e dos três restantes, é pouco provável que dois consigam fazer sombra ao franco favorito. Ao mesmo tempo em que há ocasiões nas quais os votantes da Academia decidem fazer o impensável e reconhecer, de fato, aqueles cujo talento é superior sem questionamento (como ocorreu no ano passado, quando Anthony Hopkins ganhou por Meu Pai, superando o favoritismo de Chadwick Boseman por A Voz Suprema do Blues), em muitas outras vezes as cartas da vitória são marcadas pela popularidade dos concorrentes – tanto junto ao público, como também entre os seus colegas de Hollywood. E quando percebemos que entre os indicados dessa temporada temos um mega astro, já na sua terceira indicação, sem ter ganhado antes… parece ser a hora certa para, enfim, dar-lhe o “abraço” pelo qual todos na meca do cinema tanto sonham, não é mesmo? Confiram as nossas apostas!
INDICADOS
- Javier Bardem, por Apresentando os Ricardos
- Benedict Cumberbatch, por Ataque dos Cães
- Andrew Garfield, por tick, tick… BOOM!
- Will Smith, por King Richard: Criando Campeãs
- Denzel Washington, por A Tragédia de Macbeth
FAVORITO
Will Smith, por King Richard: Criando Campeãs
Esta é a terceira indicação ao Oscar de Will Smith, que concorreu antes por Ali (2001) e por À Procura da Felicidade (2006) – neste ano ele concorre também como produtor na categoria de Melhor Filme. São quatro indicações, portanto. E como se trata de um campeão de bilheterias, responsável por sucessos como Independence Day (1996), Homens de Preto (1997), Eu Sou a Lenda (2007) e Aladdin (2019), entre tantos outros e ao longo de tanto tempo, como não lhe dar a cobiçada estatueta, mesmo que seja pelo “conjunto da obra”? Afinal, essa parece ser mais a motivação de uma vitória quase imbatível, pois o trabalho apresentado em King Richard: Criando Campeãs é quase uma caricatura da figura real, reforçando características exageradas (o mau-humor, o jeito taciturno, a obstinação e o relacionamento complicado em família) sem muita sutileza ou cuidado – bem diferente do visto no trabalho do seu principal oponente. Parece ser o caso de que vai levar aquele capaz de gritar mais alto – e por mais tempo. Definitivamente, não é merecido. Mas parece não ter muito o que possa ser feito a respeito – principalmente após ter ganho os prêmios do National Board of Review, do Globo de Ouro e do Sindicato dos Atores, além de indicações ao Bafta, Critics Choice e dezenas de associações de críticos por todos os Estados Unidos.
AZARÃO
Benedict Cumberbatch, por Ataque dos Cães
Com uma indicação anterior no currículo – concorreu por seu desempenho em O Jogo do Imitação (2014) – Benedict Cumberbatch talvez seja o mais premiado dentre os indicados nessa categoria em 2022. Ele soma até o momento quase três dezenas (!) de troféus conquistados junto às mais diversas associações de críticos espalhadas pelos EUA, como em Nova Iorque, Atlanta, Boston, Denver, Houston e Filadélfia, além de indicações ao Bafta, Critics Choice, Globo de Ouro, SAG e Sociedade Nacional dos Críticos. Sem esquecer, também, de que concorre pelo filme campeão de indicações nesse ano – concorre em 12 categorias! O que é tanto bom, quanto ruim – afinal, muitos podem pensar “já vai ganhar em tantas outras disputas, talvez aqui não seja necessário”. O que é uma pena, pois Cumberbatch, como o rancheiro Phil Burbank, apresenta uma composição delicada e visceral, que vai dos pequenos detalhes às grandes explosões, naquele tipo de atuação a qual o espectador precisa estar atento em todos os instantes, sem nunca conseguir antever como irá reagir a seguir. Um trabalho primoroso, que merecia (mais) esse reconhecimento.
NEGAÇÃO
Javier Bardem, por Apresentando os Ricardos
Vencedor do Oscar como Melhor Ator Coadjuvante por Onde os Fracos não Têm Vez (2007) e dono de outras duas indicações como protagonista, por Antes do Anoitecer (2000) e por Biutiful (2010), Javier Bardem é um dos atores espanhóis de maior sucesso em Hollywood no momento – posição compartilhada apenas com Antonio Banderas, que esteve nessa mesma posição há dois anos, quando concorreu por Dor e Glória (2019). Por Apresentando os Ricardos, no qual aparece como o icônico Desi Arnaz, marido da estrela Lucille Ball – e ele próprio um astro bastante popular – chegou a ser indicado ao Globo de Ouro, SAG Award e ao obscuro AARP Movie for Growups Awards, mas a absolutamente mais nada! Ficou de fora do Bafta, do Critics Choice e de todas as associações regionais de críticos! Teve ainda menos reconhecimento do que Denzel Washington (que também não ganhou nada nessa temporada, mas, ao menos, foi indicado a quase tudo). Bardem foi aquela lembrança de última hora para a maioria dos votantes. Vai fazer bonito no tapete vermelho da premiação ao aparecer de braços dados tanto com Nicole Kidman (sua esposa no filme) como também com Penélope Cruz (sua companheira na vida real) – ambas também indicadas nesse ano. E que se dê por satisfeito!
ESQUECIDO
Peter Dinklage, por Cyrano
No Bafta, nomes como Leonardo DiCaprio (Não Olhe para Cima) e Mahershala Ali (O Canto do Cisne) foram lembrados. Já o Critics Choice apostou em Nicolas Cage (Pig: A Vingança), enquanto que o Globo de Ouro investiu em novatos como Anthony Ramos (Em um Bairro de Nova York) e Cooper Hoffman (Licorice Pizza). Essas duas últimas premiações – Critics e Globo – no entanto, incluíram entre os seus finalistas como os melhores protagonistas masculinos do ano a performance de Peter Dinklage, por Cyrano. E essa parece, mesmo, ser a grande exclusão da temporada pelos votantes da Academia. Afinal, intérpretes desse mesmo personagem não apenas já foram indicados em anos anteriores (Gerard Depardieu, por Cyrano de Bergerac, 1990), como inclusive já ganharam (José Ferrer, por Cyrano de Bergerac, 1950). É papel, portanto, para motivar tamanhas láureas, como se percebe. E Dinklage, conhecido mundialmente como o irascível Tyrion Lannister de Game of Thrones (2011-2019) – personagem que lhe rendeu quatro Emmys, um Globo de Ouro e um SAG Award, entre tantos outros reconhecimentos – poderia ter feito História como o primeiro intérprete anão a ser indicado ao Oscar. Talento para isso, tem de sobra. Infelizmente, não foi dessa vez (ainda).
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