A grande premiação da música em Hollywood é o Grammy. No entanto, o calendário deles é diferente dos do Oscar, e muito provavelmente os longas que concorrem neste ano na festa do cinema só aparecerão em 2021 por lá. Assim, fica um tanto complicado tentar se basear nas escolhas deles para prever quem tem mais chances por aqui. A dica mais acertada é ficar ligado em todas as cerimônias prévias – como Globo de Ouro, Bafta e Critics Choice – além de ir atrás de tendências em prêmios paralelos, como World Soundtrack Awards, Sociedade dos Compositores e Letristas de Hollywood, Music City Film Critics Association e Hollywood Music in Media Awards. Neste ano, coincidentemente, todas estas instituições citadas reconheceram o mesmo filme – assim fica mais fácil apontar um favorito, não é mesmo? Portanto, confira a seguir nossas apostas na categoria de Melhor Trilha Sonora!

Indicadas

 

FAVORITO
Coringa
Essa é uma das categorias em que o resultado já está decidido: o prêmio é da islandesa Hildur Guonadóttir! Para se ter uma ideia mais precisa do impacto do seu trabalho, quando Coringa ganhou o Leão de Ouro de Melhor Filme no Festival de Veneza – nos maiores festivais de cinema do mundo, quando um longa ganha o prêmio máximo, ele fica de fora de todas as demais categorias – abriu-se uma exceção para reconhecer a trilha sonora da artista, algo que nem mesmo Joaquin Phoenix conseguiu! Desde então, ela já foi premiada em praticamente todas as disputas que participou: ganhou o Globo de Ouro, o Critics Choice, o Bafta, o Satellite e o prêmio dos críticos de Denver, Havaí, Las Vegas e Phoenix, além da Associação de Críticos de Hollywood, o Hollywood Music in Media Awards, o Music City Film Critics Association, o World Soundtrack Awards e a Sociedade dos Compositores e Letristas de Hollywood. Ou seja, não tem pra mais ninguém, certo?

 

AZARÃO
1917
Indicado nada menos do que 15 vezes ao Oscar, Thomas Newman segue sem vitória. Não será o seu ano, portanto? E isso que ele concorreu por trilhas icônicas, como as de Beleza Americana (1999), Wall-E (2008) e 007: Operação Skyfall (2012) – e nada! Por 1917, concorreu ao Globo de Ouro, ao Critics Choice, ao Satellite e ao Bafta, e foi premiado pelos críticos de Atlanta, Austin, Dallas-Fort Worth, Georgia, Houston, Iowa, Phoenix e St. Louis. Sem mencionar que a trilha sonora composta pelo artista é fundamental à jornada de agonia e desespero vivida pelos protagonistas desse épico de guerra de Sam Mendes, um dos longas mais impactantes da atual temporada. Não se trata de uma escolha óbvia, com certeza. Mas tem seus árduos defensores, e se ficar bonito na festa da Academia, não será de forma injusta!

 

SEM CHANCES
Star Wars: A Ascensão Skywalker
Os votantes do Oscar, quando veem o nome de John Williams em alguma produção, devem ficar hipnotizados e apostam nele meio que sem pensar, não é mesmo? Para se ter uma ideia, essa é – nada mais, nada menos do que – a 52a indicação dele ao Oscar! Trata-se do maior recordista da história da premiação! Não por nada, já ganhou em cinco ocasiões: Um Violinista no Telhado (1971), Tubarão (1975), Star Wars: Episódio IV – Uma Nova Esperança (1977), E.T.: O Extraterrestre (1982) e A Lista de Schindler (1994)! Visto por outro lado, ele já perdeu em outras 46 ocasiões! É, portanto, o maior perdedor em 92 anos do prêmio (risos)! E nesse ano vai somar mais uma derrota para a coleção. Indicado ao Bafta e ao Music City Film Critics Association, ficou de fora de absolutamente todas as demais premiações desta temporada. E se veio até aqui, é pra se dar mais do que satisfeito.

 

ESQUECIDO
Ford vs Ferrari
Difícil apostar quem foi o “grande esnobado” nessa categoria. Dos filmes que não chegaram ao Oscar, o Globo de Ouro lembrou da trilha de Brooklyn Sem Pai Nem Mãe, o Bafta preferiu a de Jojo Rabbit, o Critics Choice ficou entre Nós e O Irlandês. Com cada um indo para um lado diferente, talvez o mais seguro seja confiar em quem realmente entende do assunto. E na premiação do Hollywood Music in Media Awards, houve um empate: Coringa ganhou, como já era esperado, mas junto com o trabalho de Marco Beltrami e Buck Sanders por Ford vs Ferrari. Os dois foram indicados antes ao Oscar pela trilha de Guerra ao Terror (2008), e neste ano concorreram também ao Satellite. E num filme que tem como objetivo colocar o espectador no centro da ação, mesmo que por meio de uma tela de cinema, o uso da trilha sonora é fundamental para que tal efeito seja alcançado com eficiência. Sua presença aqui, portanto, seria mais do que justa.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

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