Crítica
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Crítica
O grande vencedor do Oscar 2010 é um filme tão pequeno que é quase invisível. Mas é diferença está justamente nesta semântica: “quase” é a palavra! Pois, apesar de minúsculo, mesmo meses depois do seu lançamento permaneceu na memória daqueles que o viram, gerando uma onda de reconhecimento que terminou na consagração no maior prêmio da indústria cinematográfica de todo o planeta. Merecido? Talvez não nesta proporção, mas ainda assim digno dos méritos que apresenta.
Antes de mais nada, é bom ficar claro: Guerra ao Terror não é uma obra revolucionária, que entrará para a história do cinema ou que muda conceitos e parâmetros. Não é melhor do que Avatar (2009) ou Bastardos Inglórios (2009), apenas para ficar nos dois títulos mais populares também indicados ao Oscar de Melhor Filme. Mas é suficientemente bom para justificar todo e qualquer aplauso. É um trabalho contundente, que se debruça sobre uma questão muito importante – a vida daqueles que precisam lidar com uma consequência muito pontual dos conflitos bélicos, as bombas que são deixadas pra trás – e, com coragem e convicção, denuncia a loucura que se instaura naqueles que são afetados por guerras que muitas vezes nem são válidas. É um trabalho acima da média, muito bem feito e que surpreende ainda mais por ter sido produzido quase que de forma artesanal, com orçamento limitadíssimo, astros em participações muito pequenas e um elenco principal praticamente desconhecido. Tudo que se vê é resultado de muita paixão e dedicação. E sempre é bom perceber quando elementos assim se destacam na equação e são devidamente reconhecidos. Pena que, neste caso, esse sentimentalismo tenha se sobressaído a tal ponto que outras questões ainda mais importantes – como criatividade, inovação e empreendimento – tenham ficado num segundo plano.
A diretora Kathryn Bigelow (de longas tão diferentes quanto Caçadores de Emoção, Estranhos Prazeres e O Peso da Água) se tornou a primeira mulher a ganhar o Oscar de Direção com este drama que acompanha o cotidiano de um pelotão especializado em identificar e desarmar bombas escondidas entre os escombros do caos em que se encontra o Iraque. Jeremy Renner é o sargento impetuoso que não se preocupa nem com a própria vida durante a execução de suas atividades, colocando em risco a sobrevivência dos seus colegas, ao mesmo tempo em que alcança resultados inimagináveis justamente pela sua ousadia. É na entrega dele que vemos os dois lados dessa moeda – insanidade ou determinação? Certeza ou mero desapego? Justiça ou irrelevância?
Guerra ao Terror foi lançado em DVD no Brasil em abril de 2009, e quase um ano depois chegou aos cinemas devido às suas indicações ao Oscar. Com as seis estatuetas conquistadas (Filme, Direção, Roteiro Original, Som, Edição de Som e Edição) talvez finalmente encontre um público que saiba valorizar esta produção tão diferenciada dentre tantas produzidas recentemente sobre este mesmo tema – a guerra no Oriente Médio. É exatamente pelo olhar único que possui a origem de todas estas luzes que vem recebendo – mesmo que com atraso – e nos resta agora reconhecer que nem sempre o maior é o melhor. Os pequenos também possuem qualidades inquestionáveis. A única diferença é que estes exigem um esforço maior para identificá-las. Mas nada que não valha a pena. Ao menos não neste caso.
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