Não se engane. Neste ano, a disputa é entre mães, mesmo que Mãe! não esteja listado aqui. Das cinco indicadas, apenas duas parecem que vão subir no ringue para decidir quem será a melhor. Allison ou Laurie? A progenitora que só maltrata a filha, da infância à idade adulta, e exige performances exuberantes da mesma com a desculpa de querer o seu melhor? Ou aquela que sempre deu amor, mas com uma boa dose de pé no chão, para que a filha não quebre a cara? São personagens complexos que as favoritas conseguiram entender e cujas mensagens passar para o público. Porém, temos mais três na lista. Uma já veterana, e única premiada no Oscar. Tem também aquela que, do mundo da música, mostrou que manda muito bem no campo dramático. E outra que chegou de mansinho e nem parecia que seria lembrada. Será que pode haver reviravoltas? Olha aí as chances de cada uma… e faça as suas apostas, claro!

 

Indicadas

 

FAVORITA: Allison Janney, por Eu, Tonya
Eu, Tonya foi um dos últimos filmes lançados da temporada de premiações. Talvez isso explique a reviravolta que Allison deu no favoritismo, antes de “propriedade” de Laurie Metcalf. A intérprete da monstruosa LaVona Golden, mãe de Tonya Harding, já começou bem 2018 ganhando o Globo de Ouro. Depois, o Critics Choice Awards. Por último, e mais importante termômetro neste quesito, venceu o prêmio do Sindicato dos Atores. Se ganhar o BAFTA, aí é só chegar na festa da Academia com o discurso decorado!

 

COM CHANCES: Laurie Metcalf, por Lady Bird: A Hora de Voar
Quando as primeiras premiações começaram a revelar seus favoritos, Laurie Metcalf foi alçada ao posto máximo na categoria. Venceu o National Board of Review, foi premiada por diversas associações de críticos dos estados norte-americanos, além de ter conquistado o primeiro lugar da Sociedade Nacional dos Críticos e da Associação de Críticos Online. Isso, em dezembro. Depois, perdeu o posto para Allison Janney. É um páreo duro, mas Laurie é a mais próxima de tirar a estatueta da colega. Se acontecer, será tão merecido quanto.

 

AZARÃO: Mary J. Blige, por Mudbound: Lágrimas no Mississipi
O filme distribuído pela Netflix tem qualidades tão formidáveis e até maiores que boa parte dos indicados deste ano. Porém, o preconceito com produções do streaming ainda é grande. Sua única unanimidade nas premiações até agora tem sido a presença da famosa cantora, que mesmo com pouca experiência na arte da interpretação, entrega uma performance forte e, ainda bem, reconhecida por todos (os poucos) que assistiram ao longa. É difícil Mary J. Blige levar o prêmio, mas vai que entre no meio da briga das mães (afinal, ela também interpreta uma em Mudbound) e leve o ouro?

 

NÃO LEVA: Octavia Spencer, por A Forma da Água
Octavia, Octavia… Ela sempre faz a mesma coisa, mas é tão boa nisso que fica difícil falar algo contra. Porém, desde Histórias Cruzadas (2011), filme pelo qual já ganhou o Oscar nesta mesma categoria, sua persona tem sido a mesma. Se pararmos para pensar, qual a grande diferença entre suas personagens no já citado longa premiado, em Estrelas Além do Tempo (2016) – sua segunda indicação -, e agora na produção de Guillermo del Toro? Nenhuma, não é? Só a presença irradiante e carismática da atriz, que conquista todos pelo seu jeito sincero e debochado. Além de tudo, ela é a única que já ganhou aqui. Hora de abrir espaço para as estreantes.

 

SURPRESA: Lesley Manville, por Trama Fantasma
Penetra da vez, a britânica chama a atenção no filme de Paul Thomas Anderson, mas não tem grandes prognósticos favoráveis para ganhar o careca dourado. Além do Oscar, foi lembrada apenas pelo BAFTA nas grandes premiações. Entre os críticos, recebeu várias menções, mas também sem ter vencido alguma delas. Talvez seja uma compensação por ter sido esquecida, há sete anos, por Um Ano Mais (2010), longa de Mike Leigh. Afinal, o Oscar adora recompensar tardiamente. Se ganhar, vai ser a grande surpresa na categoria.

 

ESNOBADA: Michelle Pfeiffer, por Mãe!
Todos têm falado da ausência de Holly Hunter, por Doentes de Amor, Hong Chau, por Pequena Grande Vida e Kristin Scott Thomas, por O Destino de uma Nação. Sinceramente? Nenhuma faz grandes coisas nos filmes citados. Se fossemos por qualidade de atuações, Octavia Spencer poderia muito bem ter cedido a vaga para a sutileza de Amira Casar em Me Chame Pelo Seu Nome ou pelo histrionismo impactante de Bria Vinaite em Projeto Flórida. Aliás, ainda sobre Projeto Flórida, poderiam até ter colocado a novata Brooklynn Prince, mesmo que a menina seja a protagonista do filme. Porém, se fosse para causar mesmo, nada melhor do que um comeback como foi o de Michelle Pfeiffer em Mãe!. Sua interpretação de Eva (ou o mais próximo disso) foi uma das poucas unanimidades positivas do longa de Darren Aronofsky. Atrevida, sexy, desprezível. A atuação de Michelle faz a gente amar e odiar a personagem como poucos fizeram no ano que passou. Mas o Oscar não gosta de polêmica, né? Que pena.

:: Confira aqui as nossas análises das demais categorias ::

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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