Crítica


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Sinopse

As peças se movimentam para tentar conter o avanço dos White Walker. Jon Snow fica sabendo de uma verdade que tende a mudar completamente os rumos da sucessão; Cersei costura uma aliança potencialmente consistente; personagens se reencontram na antessala da batalha com os mortos.

Crítica

Para quem esperava um começo de temporada eletrizante, o primeiro episódio do ano derradeiro de Game of Thrones chegou a decepcionar. Efetivamente, pouca coisa aconteceu além da consecução de reencontros esperados, alguns bem bonitos, é verdade, como o de Jon Snow (Kit Harington) e Arya (Maisie Williams). Sem privilegiar a ação, detendo-se no desenvolvimento de algumas intrigas que já vinham sendo ventiladas, como os conluios de Cersei (Lena Headey) e do ardiloso que deseja ocupar um lugar de destaque ao seu lado no reinado de Westeros, o diretor David Nutter focou-se em determinadas tensões que apontam a caminhos promissores. Uma delas, a objeção de Sansa (Sophie Turner) à conduta de Daenerys (Emilia Clarke), o que deve gerar discordâncias, inclusive, no que tange à governabilidade dos reinos (se eles forem salvos, claro).

Em vários momentos desse episódio inaugural, ainda que não de forma consistente e/ou emocionante, a atenção é direcionada à sabedoria que Sansa, agora a milady de Winterfell, adquiriu por conta da grande quantidade de eventos traumáticos que lhe acometeram ao longo do tempo. Jon, por sua vez, é questionado quanto aos motivos que o levaram a abdicar da coroa de rei do Norte em função da majestade de seu interesse amoroso. Diferentemente do que se poderia esperar, Daenerys não é desenhada necessariamente como uma salvação sem ressalvas, vide o resgate das medidas que outrora tomou na casa dos Tarly – algo que afeta diretamente um dos personagens mais simpáticos da série – e a firmeza ao mencionar a hierarquia ao amado que então tentava lhe explicar as dificuldades da irmã para lidar com a nova configuração de chefia.

Outro ponto que o diretor observa, mas no qual igualmente não se aprofunda, é a importância dos títulos, das coroas, dos tronos, em suma, dos símbolos do poder que inebria quase inevitavelmente quem dele dispõe. Jon defende a prescindibilidade das designações, especialmente em tempos de guerra; Cersei evoca sua posição para impor-se numa situação em que o flerte ganha conotações de aliança política; e, mais importante, a revelação de sua verdadeira natureza a um personagem aponta a prováveis turbulências entre aliados/amantes. Mas, com todas as questões postas, faltou incisão no retorno, tanto na costura de elementos abertos a desdobramentos quanto em instantes que soaram apenas curiosos, como o voo duplo nos dragões, longe de ser emblemático.

Nesse primeiro episódio, é como se os personagens, tal e qual peças de um jogo de xadrez, precisassem ser devidamente dispostos no tabuleiro. Viajantes chegando a Winterfell, velhos amigos/inimigos se reencontrando, mas nada com impacto considerável, exceção feita à forte imagem de um cadáver infantil, depois flamejante, adornando as paredes da muralha atacada pelos White Walker. Aliás, corrobora esse caráter morno dos primeiros cinquenta e tantos minutos da jornada derradeira a completa ausência das ameaças sobrenaturais. Um exemplo de como faltou repercussão a boa parte dos eventos apresentados, a antes mitificada Companhia Dourada não passou de uma frustração a Cersei e, também, ao espectador. Um começo mais protocolar do que o esperado, sobretudo se levarmos em consideração que o fim está logo ali.

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.
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