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Sinopse

Os Outros marcham para o Sul em direção à Muralha. Bran cruza a barreira de volta à Westeros e encontra o novo Lorde Comandante da Patrulha da Noite. Sansa e Jon discutem sobre o que fazer com as Casas do Norte que traíram Winterfell lutando junto aos Boltons. Arya termina sua vingança contra a Casa Frey, e parte rumo ao encontro de Cersei, para eliminá-la. Esta, no entanto, está novamente com o irmão e amante Jaime Lannister ao seu lado, e planeja se unir ao novo líder das Ilhas de Ferro para enfrentar Daenerys Targaryen e seu exército. Enquanto isso, Samwell Tally está na Cidadela estudando para ser Meistre, e acaba descobrindo um importante segredo que poderá determinar o futuro de Westeros.

Crítica

Deixe um lobo vivo, e as ovelhas nunca estarão seguras”. Com essa frase emblemática começa o primeiro episódio da sétima temporada de Game of Thrones, série que virou fenômeno mundial ao longo dos seis anos anteriores. Desde sua estreia, em 2011, o programa criado por David Benioff (roteirista do problemático X-Men Origens: Wolverine, 2009) e pelo estreante D. B. Weiss a partir dos romances de George R. R. Martin já acumula 38 Emmys – incluindo Melhor Série, Roteiro e Direção em Drama pelas quinta e sexta temporadas! E depois de um final apoteótico no sexto ano, com seus principais personagens em posições-chave pelas quais há muito se esperava, como entregar algo à altura nesta nova sequência de sete capítulos (pela primeira vez não serão dez, como estava sendo praxe até agora) que se inicia? Simplesmente ignorando o intervalo e partindo exatamente do mesmo ponto em que a ação havia se interrompido tantos meses antes. Como resultado, as expectativas não apenas se confirmaram, como também se mantiveram em alta pelo que ainda está por vir.

Isso porque em anos anteriores havia a nítida impressão de que, entre os dez episódios de cada temporada, diversos momentos eram mais estratégicos do que de resultados práticos, reduzindo a ação para, invariavelmente, os dois últimos capítulos. Pois bem, tudo indica que dessa vez a situação será diferente, mais ágil e de consequências imediatas. Assim, nesse segmento de estreia, todos os protagonistas foram contemplados com a devida atenção. De Arya (Maisie Williams) concluindo sua vingança contra a Casa Frey pelo Casamento Sangrento que matou sua mãe e irmão, até Daenerys Targaryen (Emilia Clarke), a herdeira por direito do Trono de Ferro, finalmente desembarcando em terra firme após cruzar o oceano – e retomando a Pedra do Dragão, onde provavelmente ficará instalada para organizar seu plano de invasão a Westeros e a eliminação dos Lannisters. Quanto a esses, Cersei (Lena Headey) e Jaime (Nikolaj Coster-Waldau), os irmãos e amantes, tem visões distintas sobre o futuro que lhes espreita. Ela acredita em uma possível união com o povo das Ilhas de Ferro para se manter no poder, enquanto que para ele a desilusão após a morte do último filho – o falecido Rei Tommen Baratheon (Dean-Charles Chapman), que se suicidou no final da sexta temporada – é grande demais para qualquer sonho de grandeza.

Mas há mais que começou a ser desenhado, além dos embates em terras onde a neve ainda não começou a cair. Em Winterfell, Jon Snow (Kit Harington) e Sansa (Sophie Turner) tiveram a primeira discussão pública, sobre o destino daqueles que na Batalha dos Bastardos contra eles se posicionaram, mas agora, arrependidos, buscam por perdão. Jon e Sansa são meio-irmãos, e se anos atrás não se davam muito bem, agora tudo que lhes resta é um ao outro – principalmente por desconhecerem que tanto Arya quanto Bran (mais sobre ele a seguir) estão vivos. Jon é o líder, porém é um bastardo. Sansa é Stark de nascença e a legítima dona do trono, porém reconhece o poder de liderança do irmão e quer estar ao lado dele, e não à sua frente – ao menos enquanto conseguir controlar a influência de Mindinho (Aidan Gillen), que deseja não apenas casar com ela, como tê-la ao seu lado em uma batalha contra os Lannisters. Conseguirá ele colocar os companheiros fraternos recém juntos um contra o outro?

Mais ao norte, chegamos à Bran (Isaac Hempstead Wright), agora de posse dos poderes do Corvo de Três Olhos, ciente não só da verdade sobre a origem de Jon Snow como também alerta para o perigo que o inverno carrega – os Outros, ou Caminhantes Brancos, estão vindo, e nada parece detê-los. Mas há algo, sim, e o único de posse dessa informação é Samwell Tarly (John Bradley), enviado pelo próprio Snow para a Cidadela para se tornar Meistre. Conseguirá ele avisar o amigo a tempo? Tarly, aliás, foi responsável por introduzir a primeira novidade no elenco de Game of Thrones, o oscarizado Jim Broadbent, que surge como o Arquimeistre, o único que acredita na existência dos Outros, ainda que não reconheça a ameaça que eles representam. “O inverno já veio antes, e acabou indo embora. O fato é que a muralha sempre resistiu”. Mas seguirá assim? Ao menos não é o que o Cão de Caça (Rory McCann) pensa ter visto no fogo.

No meio de tanta tensão, é Arya, em sua caminhada rumo ao Sul – e, novamente, ainda que sem saber, para longe dos irmãos – que encontra um momento de paz e cantoria. O responsável por entonar as melodias é o ídolo pop Ed Sheeran, que havia se declarado fã da série e, portanto, foi convidado para essa participação especial. Ele aparece como um dos guardas enviados para estabelecer a paz nestes tempos atribulados. Convidada a se juntar a eles para um descanso e comida, Arya responde com franqueza sobre o motivo de sua viagem: “estou indo matar a rainha”. Os homens reagem com espanto, para logo caírem no riso. Ninguém dentre eles parece acreditar no que ouviram. Mas alguém do lado de cá da tela ousaria duvidar da determinação da jovem garota, responsável pelos melhores momentos deste capítulo de estreia?

Felizmente, a sétima temporada de Game of Thrones parece ter começado com pressa de ir ao ponto em que os fãs há mais de meia década almejam: quem, afinal, irá vencer essa batalha dentre reinos destroçados, ardilosos competidores e engenhosos desenlaces? Jorah Mormont (Iain Glen) está de volta, e consigo uma fé na vitória de Daenerys – que ainda conta com Tyrion Lannister (Peter Dinklage) e três dragões gigantes ao seu lado. Mas, pelo jeito, antes de cruzar com Cersei, ela terá que se acertar com ninguém menos do que Jon Snow – ele sabe que apenas o Vidro de Dragão pode eliminar os Outros, e ela está, literalmente, sentada sobre uma montanha desse material. Diante dele - que, como recém ficamos sabendo, também é um Targaryen de nascença - seguirão os dragões fieis apenas a ela, ou passarão a obedecer também a ele? Os próximos seis episódios devem conter revelações tão ou mais impressionantes do que essa. “Vamos começar?

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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