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Sinopse

Daenerys exige lealdade daqueles vencidos por ela. Os Tarly, no entanto, se recusam, e pagarão um alto preço por isso. O Corvo de Três Olhos pressente o avanço dos Caminhantes Brancos, o que leva Jon Snow e companheiros e cruzarem a muralha para por em curso um arriscado plano. Enquanto isso, Tyrion decide voltar ao Porto Real para uma franca conversa com o irmão Jaime, que, ao relatar o encontro para a irmã e amante Cersei, é deparado com outra inesperada novidade.

Crítica

O inverno chegou. Era de se esperar, portanto, que em algum momento as temperaturas baixassem, certo? E após o eletrizante The Spoils of War, quarto episódio desta sétima temporada, este quinto capítulo, Eastwatch, se assemelhou mais a um jogo de estratégia de tabuleiro (alguém aí lembra do War?) do que a uma batalha sangrenta com vísceras expostas a céu aberto. Foi o momento de alianças serem desenhadas, armistícios serem cogitados, mortos – ou quase isso – renascerem, velhos companheiros se reencontrarem e artimanhas começarem a ser tramadas. Como diz o ditado, para se pegar impulso e seguir adiante com mais força, é preciso, antes, dar um passo para trás.

Já é tradição em Game of Thrones ser o penúltimo episódio de cada temporada o mais eletrizante, com ação do início ao fim e com o maior número de reviravoltas. Foi assim em Baelor (T01E09), quando Ned Stark (Sean Bean) foi decapitado; em Blackwater (T02E09), quando Porto Real foi atacado; em The Rains of Castamere (T03E09), quando aconteceu o Casamento Sangrento; em The Watchers of Wall (T04E09), com a primeira batalha entre os guardiões da muralha e os selvagens; em The Dance of the Dragons (T05E09), quando os dragões salvaram Daenerys da arena de escravos; e em Battle of the Bastards (T06E09), na batalha épica pelo Norte. Tudo indica, portanto, que o próximo episódio será o mais excitante desta temporada (lembre-se, pela primeira vez, serão apenas sete episódios neste ano). Portanto, há muito a ser alinhado até lá.

Eastwatch-by-the-Sea é o nome do castelo mais ao leste da Grande Muralha. É para lá que Bran (Isaac Hempstead Wright), o novo corvo de três olhos, vê que Os Outros estão se dirigindo, justamente por ser o ponto de mais fácil acesso ao outro lado. Se o Exército dos Mortos pretende aproveitar a fragilidade desse ponto extremo para fazer a travessia para o Sul, o mesmo se dá entre os poucos do lado de cá dispostos a enfrentá-los. Entre estes, estão Jon Snow (Kit Harington), Tormund (Kristofer Hivju), Jorah Mormont (Iain Glen), o Cão de Guarda (Rory McCann) e Gendry (Joe Dempsie). Fatos curiosos neste grupo: Tormund é líder dos selvagens e está de volta à sua terra, Mormont está curado e pronto para atender às necessidades da rainha Daenerys, e Jon e Gendry são filhos bastardos de Ned Stark e Robert Baratheon, que eram melhores amigos quando vivos. Será que os filhos irão repetir essa amizade?

Mas antes disso, outros acontecimentos não podem ser ignorados. Jaime (Nikolaj Coster-Waldau) está vivo, e teve dois importantes encontros familiares. Primeiro, com o irmão Tyrion (Peter Dinklage), que chegou até Porto Real às escondidas e o alertou tanto do perigo iminente dos Caminhantes Brancos como da necessidade de uma conversa com Daenerys. “Essa é uma guerra que você não terá como vencer”, Tyrion o alerta. O diálogo entre eles não foi fácil, mas feliz no sentido de revelar as duas melhores atuações deste episódio. Dinklage (vencedor do Globo de Ouro pela segunda temporada e de dois Emmys, pela primeira e pela quinta temporadas) se saiu particularmente bem ao conter a emoção do reencontro com o irmão que sempre amou. Já Coster-Waldau, dono do personagem que talvez mais tenha sofrido mudanças durante estes sete anos de programa, não só se manteve à altura do colega, como também entregou outro desempenho seguro frente à Cersei (Lena Headey), sua irmã e amante, que lhe revelou saber dos seus segredos ao mesmo tempo em que lhe colocou a par de mais um: está grávida dele. A união de ambos, pelo que parece, deverá ficar mais sólida do que nunca, por mais que ele tente ser uma voz de razão diante uma rainha enfurecida por poder e por vingança.

Sam (John Bradley), o último dos Tarly – conseguirá ele reassumir o castelo da família? – decide deixar a cidadela e seus estudos como Meistre para interferir de forma mais ativa nos acontecimentos que estão prestes a se desenrolar. E entre uma Daenerys surpresa pelos sentimentos – admiração? Amor? Tesão? – que parecem estar começando a notar em relação a Jon Snow (o fato dele ter conseguido tocar em um dragão só a deixou mais desconcertada) e uma Cersei cada vez mais isolada (ela chegou a sair do seu castelo nesta temporada?), o grande embate feminino desta vez foi mesmo entre as irmãs Sansa (Sophie Turner) e Arya Stark (Maisie Williams). A primeira está no comando do Norte durante a ausência do irmão, e a segunda é sua consciência, quase um grilo falante. No meio das duas, Mindinho (Aidan Gillen) decide, enfim, colocar em ação seu plano para dividi-las de vez. Estará Winterfell segura diante tantas conspirações? Conseguirão as duas deixar que o sangue fale mais alto, ou serão ludibriadas pela velha serpente que tudo faz às sombras, sem nunca revelar sua verdadeira face? Talvez Eastwatch não tenha sido o que os fãs mais ardorosos de Game of Thrones estavam esperando, mas, pelo que deu a entender, foi exatamente aquilo que estes precisavam.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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