Crítica


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Sinopse

Daenerys Targaryen tem novas aliadas, e planeja conquistar King's Landing e derrotar Cersei Lannister. Uma visita inesperada - a feiticeira Melindre - lhe alerta para as conquistas de Jon Snow, o Rei do Norte, e ela o convoca para um encontro com uma proposta de união. Cersei tenta se aproximar das poucas casas reais que ainda lhe são próximas, e Jon aceita o convite de ir ao Sul, deixando o Norte sob o comando da irmã, Sansa Stark. Enquanto isso, Samwell descobre como ajudar Jorah Mormont, e Arya Stark decide voltar para casa. No caminho, ela reencontra uma velha amiga.

Crítica

Nascida de uma tempestade. Assim começa o segundo episódio da sétima temporada de Game of Thrones, a série que se tornou um dos maiores fenômenos mundiais da atualidade. E quem veio à luz em tais condições? Ninguém menos do que Daenerys Targaryen (Emilia Clarke), aquela que por direito deverá ser a legítima ocupante do Trono de Ferro. Neste momento, no entanto, ela se encontra em um outro trone, este mais rústico e menos dado a disputas. Para alcançar seu destino, ela precisará fazer alianças, unindo todos aqueles contra Cersei Lannister (Lena Headey), a atual governante dos Sete Reinos. E é justamente isso que os conselheiros da Senhora dos Dragões – Tyrion (Peter Dinklage), Lorde Varys (Conleth Hill) e Verme Cinzento (Jacob Anderson) – estão lhe alertando. Ela está, enfim, a par de suas origens. Chegou o momento de parar de olhar para trás e pensar, enfim, no futuro.

Stormborn é o nome deste episódio, e ele mantém o mesmo ritmo acelerado já presente no anterior, Dragonstone. De todos os personagens principais, o único a ser ignorado neste capítulo é Bran Stark (Isaac Hempstead Wright), o novo Corvo de Três Olhos – que não só conseguiu chegar até à Muralha, como também, inadvertidamente, poderá ser o responsável pela passagem d’Os Outros (os Caminhantes Brancos, ou White Walkers). Mas como dito, esse é um problema para depois. Há outros mais urgentes a serem tratados, a o foco da ação desta vez está em Daenerys. Quem lhe alcança agora é Melisandre (Carice van Houten), expulsa no primeiro episódio de Winterfell por Jon Snow (Kit Harington) – como ela conseguiu cruzar Westeros de Norte a Sul de um capítulo para o outro é mais um mistério da saga. Daenerys começa indagando Varys, depois passa para Melisandre, e mesmo suas novas aliadas podem ser motivo de desconfiança. Terem uma inimiga em comum não parece ser suficiente para ela.

Melisandre aparenta estar arrependida dos erros que cometeu no passado, e sua vontade em ajudar parece ser sincera. Sem poder seguir ao lado do Rei do Norte, nada mais lógico que ofereça seu apoio à Rainha que vem do Sul. A ligação que se forma nesse contato coloca Daenerys e Jon pela primeira vez em rota de colisão. Ela lhe chama, exigindo-lhe que venha ao seu encontro e se submeta como fiel seguidor. Ele, ao receber o recado, se demonstra disposto a colaborar – principalmente por saber que quem está ao lado dela é Tyrion, alguém que ele confia. Mas o que nenhum dos dois sabe – mas o público já está a par – é que eles são parentes. Essa revelação irá aproximá-los de vez pelos laços de sangue em nome de um inimigo em comum, ou pelo contrário, irá despertar uma desavença irreparável e rancores antigos? Só o tempo dirá. No entanto, o afastamento dele começa a provocar uma racha no Norte. Conseguirá Sansa Stark (Sophie Turner) manter os povos nortistas unidos? E como agirá Mindinho (Aidan Gillen) quando ficar a sós com a nova líder?

Daenerys quer acabar com King’s Landing, a capital do reino onde Cersei se encontra, estabelecendo um cerco que a torne fraca, forçando-a a se entregar. Não quer destruir tudo no seu caminho e se tornar uma ‘Rainha de Cinzas’, dona de um império dizimado. Ellaria Sand (Indira Varma) e suas Serpentes da Areia estão com ela, assim como Olenna Tyrell (Diana Rigg), a dona dos Jardins de Cima, e Yara e Theon Greyjoy, das Ilhas de Ferro, que almejam reconquistar o que lhes é de direito – e foi usurpado pelo tio de ambos, Euron Greyjoy (Pilou Asbaek). Na teoria, tudo parece funcionar. Mas duas forças – uma voz e uma ação – estão no seu caminho, uma como alerta, outra como empecilho. O conselho vem da sábia Tyrell – “se você é um Dragão, não se comporte como uma ovelha. Seja um Dragão”, lhe diz, incitando-a a deixar a estratégia de lado e partir para a guerra aberta. Um caminho que parece ser ainda mais provável após Euron irromper em mar aberto contra os irmãos Greyjoy – aprisionando ela e provocando a fuga dele – e contra as Ellaria e suas Serpentes – deixando, no caminho, duas delas assassinadas. Novos planos se fazem urgentes.

Dois outros personagens, ainda que em participações mais discretas, reafirmaram suas relevâncias durante o desenrolar de Stormborn. O primeiro foi Samwell Tarly (John Bradley), que mais uma vez mostrou ter apenas um líder – Jon Snow, o amigo a quem deve a própria vida – e sua desobediência ao meistre (Jim Broadbent) que deveria tê-lo como pupilo poderá, enfim, curar o mal que aflige Jorah Mormont (Iain Glen). E a outra é, como não poderia ser diferente, Arya Stark (Maisie Williams). Ela já fora o destaque do episódio de estreia dessa temporada, e mais uma vez, ainda que numa cena rápida, mostrou seu valor. Após descobrir que seu irmão – Jon Snow – é o novo Rei do Norte, muda seus planos de matar Cersei em King’s Landing e decide retornar para casa. No caminho, em meio a uma floresta, é pega de surpresa por uma alcateia. Seu destino parece selado, até que a líder dos lobos surge – uma gigante e imponente Nymeria, sua loba de estimação, que tantos anos atrás foi obrigada a abandonar para salvar a vida do animal. A felicidade do reencontro é imensa, e busca uma reaproximação – “vamos, Nymeria, de volta para Winterfell” – apenas para receber como resposta um virar de costas, como um adeus calado. Não poderia ser diferente. Ela conhece a amiga que criou, e sabe que só poderia ser desse jeito. Assim como nós temos ciência da natureza de cada um dos protagonistas de Game of Thrones, cada vez mais próximos um do outro, e mesmo assim ainda imprevisíveis.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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