25 fev

Oscar 2022 :: Apostas para Melhor Longa de Animação

O mais forte precursor dessa categoria, antes do Oscar, é a premiação específica que reconhece os melhores apenas entre as produções do suporte animado: o Annie Awards! Os cinco finalistas da Academia estão na disputa também dessa premiação, com apenas uma diferença: quatro concorrem como “Melhor Filme” (o quarteto norte-americano), enquanto o último disputa como “Melhor Filme Independente” (o candidato estrangeiro). O embate, portanto, deverá ser entre esses dois favoritos, até porque são os únicos a terem sido indicados também em outras categorias além dessas (os outros três tem aqui suas únicas lembranças na festa desse ano). Quem deverá se sair melhor? Quando se percebe que, dentre os cinco finalistas, três são do mesmo estúdio – a quase onipresente Disney quando o assunto é animação – não deve ser muito difícil adivinhar quem deverá levar o ouro para casa. Confira as nossas apostas!

INDICADOS

 

VAI GANHAR
Encanto
Um dos mais fortes concorrentes ao Annie, Encanto disputa nove categorias do “Oscar da animação”, entre elas as de Melhor Filme e Direção. Além disso, ganhou o Globo de Ouro e está indicado ao Bafta e ao Critics Choice, sem esquecer das conquistas nas premiações dos críticos de Dallas-Fort Worth, Florida, Iowa, Dakota do Norte, São Francisco e no National Board of Review. Por fim, é um dos únicos concorrentes (ao lado de Flee: Nenhum Lugar para Chamar de Lar, mas com a diferença de ser uma produção norte-americana, e não estrangeira) a ter sido lembrado também em outras categorias: está indicado ainda a Melhor Canção Original e a Melhor Trilha Sonora. Sinal mais do que evidente de que foi um dos títulos mais vistos pelos votantes da Academia. Isso é garantia de vitória? Bom, não 100%… mas quase isso! O filme dirigido por Jared Bush e Byron Howard tem outro mérito a seu favor: é o único dos cinco indicados a ter tido grande lançamento nos cinemas (os outros estrearam diretamente em streaming ou percorreram circuitos mais limitados). Ou seja, num ano como esse, que se percebe mais do que nunca a necessidade de se valorizar a experiência nas salas de exibição comerciais, uma vitória como essa também pode ser lida como um gesto político e de reafirmação.

AZARÃO
Flee: Nenhum Lugar para Chamar de Lar
O longa dirigido por Jonas Poher Rasmussen é revolucionário não apenas por sua narrativa, mas também pela forma escolhida para contá-la. Afinal, trata-se de um documentário em animação realizado na Dinamarca! O resultado deu tão certo que acabou rendendo ao realizador não uma, nem duas, mas três indicações ao Oscar: como Melhor Longa de Animação, Melhor Longa Documentário e Melhor Filme Internacional! É certo que suas chances são maiores entre as produções documentais, mas não será surpresa caso saia bem-sucedido também por aqui. Exibido pela primeira vez no Brasil durante o Festival É Tudo Verdade, ele soma até o momento mais de 70 premiações distintas (é o mais reconhecido de todos os concorrentes), tendo sido escolhido o melhor do gênero pelos críticos de Boston, Chicago, Denver, Indiana, Los Angeles, Newport, Filadélfia, Seattle e Utah, além das indicações conquistadas no Globo de Ouro, Critics Choice e Bafta. Ah, e concorre ao Annie em quatro categorias, entre elas a de Melhor Filme Independente (a mesma conquistada pelo brasileiro O Menino e o Mundo, 2013, há alguns anos), Direção e Roteiro, além de ter ganho três estatuetas no Festival de Annecy, o mais importante de todo o mundo para o cinema de animação.

SEM CHANCES
Raya e o Último Dragão
Se fossem apenas três os indicados – como chegou a ocorrer em alguns anos anteriores – certamente esse e Luca seriam os dois a ficar de fora da seleção final. Afinal, ninguém fazia questão de uma trinca de representantes da Disney entre os finalistas, não é mesmo? Porém, frente a necessidade de formar uma lista de cinco concorrentes, como a disputa – dentre os títulos mais vistos, que fique claro – não era tanto acirrada, essa simpática produção lançada no início do ano passado acabou encontrando esse espaço. Mesmo assim, garantiu surpreendentes dez indicações ao Annie (entre elas, como Melhor Filme e Roteiro) e figurou nas listas do Critics Choice e do Globo de Ouro. Entre as associações regionais de críticos, no entanto, apesar de ter sido lembrada por várias, foi premiada em apenas uma: em North Texas! Nada muito impressionante, certo? Mesmo assim, é um filme bonito de se ver, e se ter aparecido quase de surpresa no Oscar ajudar para que mais gente descubra sua existência e, com isso, o assista, esse será o melhor dos resultados!

ESQUECIDO
Bob Cuspe: Nós Não Gostamos de Gente
O longa brasileiro ficou entre os pré-selecionados da Academia para essa categoria, e isso foi suficiente para aquecer as esperanças nacionais. No entanto, é importante esclarecer: as chances de figurar entre os cinco finalistas sempre foram mínimas. Afinal, ao contrário das demais pré-seleções, que apresentaram entre 10 a 15 possíveis candidatos, por aqui foram 26 os títulos inclusos nessa segunda etapa. Ao lado do longa dirigido por César Cabral havia sucessos de público (e de crítica, em alguns casos), como A Família Addams 2, Belle, O Poderoso Chefinho 2, Ron Bugado, Sing 2, Spirit: O Indomável… e até Patrulha Canina: O Filme! Ou seja, mais do que uma fase classificatória, era como uma relação de todas as produções com mínimas condições para serem indicadas. Isso também não quer dizer, por outro lado, que Bob Cuspe: Nós Não Gostamos de Gente faria feio caso surgisse entre os indicados: premiado nos festivais de Annecy e de Ottawa (outro importante certame na mesma linha), essa homenagem ao personagem criado por Angeli ao menos iria dar uma boa apimentada no Oscar. Um tempero que a premiação certamente necessita!
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Robledo Milani

é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.

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