Volta e meia filmes que decepcionaram tanto o público quanto a crítica conseguem seu lugar de glória junto ao ouro hollywoodiano. E isso porque, a despeito de problemas de realização ou de história, possuem qualidades técnicas superlativas, que conseguem se destacar acima dos percalços – um exemplo notório é o malfadado Esquadrão Suicida (2016), vencedor do Oscar de Melhor Maquiagem e Cabelos. Pois então, outra categoria dada a essas surpresas é a de Melhores Efeitos Visuais, que geralmente dirige suas atenções a blockbusters e grandes produções. Em anos anteriores, foram premiados títulos como A Bússola de Ouro (2008), Homem-Aranha 2 (2004) e Independence Day (1996), que nunca teriam chance nas disputas principais, mas também podem ostentar a condição de “vencedor do Oscar”. Neste ano, em grande parte isso também se repete: dos cinco selecionados, três estão concorrendo apenas por aqui, enquanto os restantes possuem apenas outra indicação. O mais forte precursor é a premiação da Visual Effects Society, o Sindicato dos Técnicos em Efeitos Visuais de Hollywood, que possui nada menos que 12 categorias apenas em Cinema, além de outras voltadas a projetos na televisão e na publicidade. Ou seja, escolher um favorito não é das tarefas mais fáceis. Sendo assim, confira nossas apostas em Melhores Efeitos Visuais!

 

Indicados

  • Amor e Monstros, de Matt Sloan, Genevieve Camilleri, Matt Everitt, Brian Cox
  • O Céu da Meia-Noite, de Matthew Kasmir, Christopher Lawrence, Max Solomon, David Watkins
  • Mulan, de Sean Faden, Anders Langlands, Seth Maury, Steve Ingram
  • O Grande Ivan, de Nick Davis, Greg Fisher, Ben Jones, Santiago Colomo Martinez
  • Tenet, de Andrew Jackson, David Lee, Andrew Lockley, Scott Fisher 

 

FAVORITO
Andrew Jackson, David Lee, Andrew Lockley e Scott R. Fisher, por Tenet
O longa dirigido por Christopher Nolan conseguiu apenas uma indicação no VES, como Melhores Efeitos Visuais em Longa de Ficção… e perdeu! Como assim, então, pode ser o favorito por aqui? Como dito acima, a premiação do sindicato é tão pulverizada que muitas vezes acaba perdendo sua força como indicativo ao Oscar. E há de se levar em conta também o histórico do filme durante a temporada. Tenet foi premiado nesse quesito no Bafta, Satellite, Online Film Critics Society e no Critics Choice, além de ter ganhado os prêmios dos críticos do Havaí, Houston, Nevada, Carolina do Norte, Phoenix, San Diego, Seattle e St. Louis. Ou seja, a esnobada do VES é que parece ter sido fora da curva. Por fim, entre os quatro profissionais indicados, apenas David Lee está concorrendo pela primeira vez, enquanto que tanto Scott R. Fisher quanto Andrew Lockley foram premiados por Interestelar (2014), enquanto o segundo ganhou também por A Origem (2010). Ou seja, são velhos conhecidos da Academia, e como quem tem amigos, tem tudo, vai ser fácil vê-los novamente saindo da festa com a cobiçada estatueta em mãos.

 

AZARÃO
Matt Kasmir, Chris Lawrence, Max Solomon e David Watkins, por O Céu da Meia-Noite
Pois então, Tenet perdeu na única indicação que recebeu no VES… e para O Céu da Meia-Noite! A conclusão lógica, portanto, é que ainda que este não seja tão popular entre críticos e membros da indústria, pelo jeito é o preferido por quem realmente entende do assunto – mesmo que não sejam a maioria entre os votantes da Academia. Enfim, uma zebra nesse cenário não seria, caso aconteça, nenhuma surpresa. O filme dirigido e estrelado por George Clooney ganhou, aliás, em duas categorias na premiação do sindicato – levou também como Melhor Modelo em Longa de Live Action ou Animação. Esses, no entanto, foram os únicos reconhecimentos conquistados pelo projeto, que apesar de ter sido indicado em muitas das mesmas disputas citadas no parágrafo anterior, perdeu absolutamente todas para seu principal concorrente. Dos quatro profissionais indicados, três estão disputando pela primeira vez ao Oscar – a única exceção é Chris Lawrence, que está em sua quarta indicação e foi premiado antes por Gravidade (2013).

 

SEM CHANCES
Matt Sloan, Genevieve Camilleri, Matt Everitt e Brian Cox, por Amor e Monstros
Dos cinco concorrentes ao Oscar, o único que não foi indicado em nenhuma categoria da premiação do VES foi justamente essa comédia de aventura estrelada por Dylan O’Brien. Aliás, para deixar ainda mais claro, Amor e Monstros não foi indicado a absolutamente nada! A própria citação entre os finalistas à estatueta dourada da Academia pegou todo mundo de surpresa, deixando a maioria se perguntando: “que filme é esse?”. Apenas para constar, todos os quatro profissionais acima relacionados estão indicados ao Oscar pela primeira vez, mesmo já tendo participado das equipes técnicas de sucessos como Perdido em Marte (2015), no caso de Matt Sloan, Star Wars: O Despertar da Força (2015), como Camilleri, Arranha-Céu: Coragem Sem Limite (2018), que teve o envolvimento de Everitt, e Matrix (1999), situação de Brian Cox (não confundir com o ator homônimo). Porém, nestes trabalhos anteriores eles eram mais um da equipe, e não os principais responsáveis pelo resultado, como se vê agora. Ou seja, estão subindo em suas carreiras e obtendo os reconhecimentos justos. E uma indicação ao Oscar, diante desse cenário, já é um prêmio e tanto.

 

ESQUECIDO
Wei Zheng, Peter Mavromates, Simon Carr e James Pastorius, por Mank
A premiação do VES possui a categoria de Melhores Efeitos Visuais em Longa Live-Action – vencida por O Céu da Meia-Noite, como citado acima – e uma bastante semelhante, chamada de Melhores Efeitos Visuais de Apoio em Longa Live-Action. Nesta, no entanto, o premiado foi Mank, superando os seguintes concorrentes: Resgate, Relatos do Mundo, Destacamento Blood e Welcome to Chechnya. Dos cinco, apenas o primeiro e o último haviam sido pré-selecionados pela Academia, junto com Aves de Rapina, Bloodshot e Soul (que ganhou cinco categorias junto ao Sindicato, mas todas voltadas a trabalhos de animação, algo que dificilmente ganha atenção junto ao Oscar). Ou seja, se a seleção de Amor e Monstros realmente pegou todo mundo de espanto, é fácil imaginar que a vaga que ele tomou foi a do filme de David Fincher.

 

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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