Crítica
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Sinopse
Ray, codinome Bloodshot, é um ex-soldado dotado de poderes únicos por conta de uma modificação genética. Ele é capaz de se regenerar e também de se metamorfosear. Mesmo com a memória apagada diversas vezes, finalmente se descobre parte de uma experiência científica à qual não concordou ser cobaia viva.
Crítica
Ao longo de toda a sua carreira, foram poucas as vezes que Vin Diesel procurou ‘escapar’, digamos, daquilo que sabe fazer melhor – ou seja, ser o brutamontes que resolve tudo no braço. Entre a comédia infantil Operação Babá (2005) e o suspense de tribunal Sob Suspeita (2006), há dezenas de exemplares protagonizados por Moretto (Velozes e Furiosos, 2001), Riddick (Eclipse Mortal, 2000), Xander Cage (xXx, 2002) ou mesmo Groot (Guardiões da Galáxia, 2014). Ou seja, não precisa ser nenhum gênio para identificar a predileção do astro por sagas bem duradouras. Tanto que volta e meia ele parte em busca de outros projetos com as mesmas possibilidades, como Missão Babilônia (2008), O Último Caçador de Bruxas (2015) ou mesmo Bloodshot. Agora, pelo que este último apresenta em cena – basicamente ‘mais do menos’ ao qual qualquer um daqueles que tenham acompanhado sua filmografia nas últimas duas décadas já estão bem acostumados – resta apenas torcer que tal projeto não tenha crias e acabe morrendo na casca, assim como deveria ter sido o destino da maioria dessas iniciativas.
Baseado nas histórias em quadrinhos publicadas pela Valiant Comics – ou seja, uma editora menor, longe do alcance de uma Marvel ou DC – o personagem que dá título ao filme é um ex-militar que, após ser morto, é trazido de volta à vida por um cientista que, não por acaso, é também um gênio do crime. Toda vez que termina uma missão, sua memória é apagada até ser acordado novamente, quando partirá em busca de uma nova vingança que ele acredita ter motivos reais, mais que foi implantada em suas memórias de modo artificial. Ou seja, ele pensa estar fazendo justiça, mas, na real, está apenas servindo a uma ordem superior, como uma marionete que desconhece os laços que a conduzem. Obviamente, isso não irá durar por muito tempo. E quando, enfim, se dá conta do círculo pernicioso no qual está envolvido, irá se rebelar contra aqueles nos quais até então acreditava, vingando-se, agora sim, das pessoas certas.
Também não chega a ser uma surpresa o fato de que Ray Garrison, quando renascido como Bloodshot, conte com superpoderes. A explicação para que isso seja possível é tão absurda quanto todo o resto: teriam sido injetados no seu sangue minúsculos organismos artificiais que agiriam microscopicamente para sanar qualquer dano físico que ele venha a ter. Aliado a isso, é claro, viria uma superforça. Em resumo, seria um misto de Robocop com Wolverine, em uma história nitidamente calcada em Amnésia (2000). Para que as comparações fiquem ainda mais evidentes, o protagonista do longa referencial de Christopher Nolan, Guy Pearce, aparece também por aqui, só que dessa vez sob a pele do vilão (que se esconde sob a aparência de um inocente cordeiro). É um grande liquidificador de referências que oferece muito pouco de novo – para não dizer praticamente nada – ao cânone.
Se não bastavam os estereótipos mais óbvios, Bloodshot ainda tem um ponto de energia que emite uma luz vermelha no meio do peito (olá, Homem de Ferro!), terá que lidar no seu caminho com o surgimento de dois capangas igualmente potencializados tecnologicamente (vividos por Alex Hernandez e pelo galã Sam Heughan), se verá obrigado a driblar um falso-bandido (Toby Kebbell, fazendo as vezes de Ben Kingsley em Homem de Ferro 3, 2013), perceber que o grande amor de sua vida (Talulah Riley, de Westworld, 2016-2020) há muito já partiu para outra e que a latina sedutora que agora está ao seu lado (Eiza González, de Em Ritmo de Fuga, 2017) guarda mais segredos do que ele poderia suspeitar e, por fim, ainda salvar a pele de Wilfred Wigans (Lamorne Morris, de New Girl, 2011-2018), o único que realmente pode livrá-lo dessa condição a qual se encontra preso.
Porém, se a fórmula já é mais do que conhecida, o que talvez seja ainda mais grave em Bloodshot é a evidente desconsideração com qualquer tipo de lógica interna – são tantos furos no roteiro que o espectador terá a impressão de estar diante de uma grande peneira – assim como também a falta de preocupação dos realizadores com o visual apresentado. Na maior parte do tempo, as ações são tão mal engendradas que é nítida a visão do desenho animado, quando, no entanto, se deveria estar atrás de algum tipo de verossimilhança. Isso, é claro, está na falta de experiência do diretor de primeira viagem Dave Wilson, que até pode ter sido um dos milhares de técnicos envolvidos com os efeitos visuais de Vingadores: Era de Ultron (2015), mas nunca havia comandado sozinho um projeto de US$ 45 milhões (aliás, baixo para os padrões almejados, mas ainda assim um valor absurdo para alguém que não sabe ao certo o que fazer). Vin Diesel, como o protagonista, está exatamente igual a tudo o que já fez antes. Mas o entorno merecia um tratamento mais adequado. Resta saber, ao menos, se o personagem terá força suficiente para se elevar a esses percalços e garantir mais uma sobrevida dispendiosa, quanto tudo o que, de fato, merece, é um rápido esquecimento.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
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Robledo Milani | 2 |
Alysson Oliveira | 1 |
Lucas Salgado | 3 |
Victor Hugo Furtado | 4 |
MÉDIA | 2.5 |
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