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Sinopse

Após derrotar o Duende Verde, a vida de Peter Parker muda por completo. Temendo que Mary Jane sofra algum risco por ser ele o Homem-Aranha, Peter continua escondendo o amor que sente e se mantém longe dela. Ao mesmo tempo precisa lidar com Harry, seu melhor amigo, cuja raiva pelo Homem-Aranha aumenta cada vez mais por considerá-lo como sendo o assassino de seu pai. Além disso sua tia May passa por uma fase difícil após a morte de seu tio Ben, estranhando também o comportamento do sobrinho. Enquanto precisa lidar com seus problemas particulares Peter recebe ainda uma má notícia: o surgimento do Dr. Octopus, um homem que possui tentáculos presos ao corpo.

Crítica

O melhor! O maior! O mais espetacular! O mais fantástico! Fabuloso, inebriante, arrebatador, iluminado, absoluto: os elogios são escassos quando nos referimos à Homem-Aranha 2, a continuação do extremamente bem sucedido projeto de 2002 que levou às telas de cinema de todo o mundo o mais popular dos heróis de histórias em quadrinhos da editora Marvel, a mesma dona de criações como Hulk, Demolidor e X-Men. Se o primeiro filme já era estupendo, ao conseguir relatar a origem do heróico personagem ao lado de uma trama repleta de grandes feitos e emocionantes soluções, dessa vez tudo foi potencializado, e o que temos é algo ainda mais impressionante e envolvente.

Homem-Aranha 2 começa com Peter Parker (a identidade secreta do herói) como um homem pra lá de comum, tendo que lidar com todos os contratempos de um jovem numa cidade grande: arrumar dinheiro, pagar o aluguel, se esforçar para não ser demitido, conseguir concluir os estudos. Tudo isso, é claro, dificultado pelo fato dele respeitar o lema que o guia desde o fatídico assassinato de seu tio, cometido por um assaltante que ele poderia ter capturado antes do acidente, mas que não o fizera por arrogância: ”grandes poderes trazem grandes responsabilidades”! Há ainda a relação dele com as três principais pessoas que convivem ao seu redor, e que ignoram sua situação “especial”: a tia May, viúva e prestes a ser despejada de casa por não conseguir pagar a hipoteca; Harry Osborn, o melhor amigo, que deseja se vingar do Homem-Aranha por acreditar que foi ele que matou seu pai; e Mary-Jane, a paixão de infância, a qual ele não pode se declarar por temer por sua segurança.

Um dos maiores méritos de Homem-Aranha 2 está na sua gênese: a escolha do Dr. Octopus como vilão, um dos mais carismáticos das hq’s, e que ganha uma transposição real action não menos do que perfeita. Octopus é na verdade o cientista Otto Octavius, que ganha quatro braços mecânicos acoplados ao seu corpo após uma mal sucedida experiência. Dominado pela inteligência artificial que controla o aparelho, ele é tomado por um surto maníaco e parte em busca de um raro – e explosivo – material, que pode significar um perigo inimaginável. Caberá ao escalador de paredes dar um fim a essa ameaça.

Homem-Aranha 2 é uma continuação que realmente dá sequência a ação que começou a ser desenvolvida no episódio anterior, e não se configurando como somente um evento em separado. Grandes acontecimentos sucedem um ao outro dessa vez, já preparando um caminho ainda mais emocionante para o terceiro filme. Ao mesmo tempo, é perceptível a preocupação no roteiro e na direção em proporcionar um aprofundamento psicológico nos personagens, vasculhando suas reações como se fossem as mais reais possíveis diante de tais situações. E isso tudo sem deixar de lado momentos de intensa adrenalina, para tirar o fôlego até do espectador mais descrente.

Encabeçando o elenco está um Tobey Maguire irretocável, que consegue deixar seu lado geralmente apático (como visto em produções como Regras da Vida, 1999) para injetar garra e vivacidade ao “amigão da vizinhança”. Kirsten Dunst, como Mary-Jane, James Franco, como Harry, e Rosemary Harris, como a tia May, reprisam os mesmos personagens vistos no filme anterior, com um desempenho igualmente elogiável. A novidade ficou à cargo do inglês Alfred Molina, que confere toda a humanidade necessária ao lunático Dr. Octopus, oferecendo ao papel um toque trágico e insano que o diferencia da vala comum de arquiinimigos. No comando da brincadeira, mais uma vez temos um apaixonado Sam Raimi, que dessa vez usa toda a liberdade conquistada com sua estréia no mundo das adaptações de hq’s (mais de US$ 800 milhões de bilheteria no mundo inteiro) para abusar de sua criatividade e originalidade, sem deixar de lado um visual mais audacioso e bizarro, visto em seqüências como a do ataque dos braços de Octopus à equipe médica ou aos embates entre os dois inimigos. O trabalho de Raimi nunca fica aquém do exemplar, conduzindo com sabedoria sua história a um clímax fervoroso e ideal.

Homem-Aranha 2 é O filme, seja lá a categoria a que ele possa ser incluso: aventura, drama, ação, romance, drama. Ainda melhor do que o primeiro, segue o mesmo padrão constatado em filmes como Batman: O Retorno (1992), Superman 2 (1980) e X-Men 2 (2003), por exemplo – a de que a continuação é sempre melhor do que o original. E isso tudo sem desmerecer nunca aquele que “deu origem à série”. Conseguir melhor uma obra que já era ótima é um feito muito raro, e que felizmente é atingido aqui. Homem-Aranha 2 é para ser visto uma, duas, várias vezes, pois cada uma revelará novas surpresas – como a rápida participação de Stan Lee (que criou o personagem, ao lado de Steven Ditko, em 1962), que aparece fugindo dos escombros de uma luta entre Homem-Aranha e Dr. Octopus no algo de um arranha-céu. Apenas outra cereja no topo de um bolo delicioso e irretocável.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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