Cores mais vivas quando o clima quente pede; algo mais obscuro quando se trata de um tema espinhoso… A fotografia de um filme diz muito sobre sua trama e até para que lado ela converge. Porém, não são apenas suas cores que contam, mas também o enquadramento, a disposição da câmera sobre os elementos presentes no cenário. Um trabalho diretamente ligado à visão que um diretor tem de sua história. Portanto, chamar esta categoria de menor seria pura injustiça. Mais injusto ainda é ver que o filme favorito aqui nem consta na lista dos nove indicados da categoria principal. Será que isso diminui suas chances? Chegou a hora de ver os indicados a Melhor Fotografia e seus respectivos prós e contras para chegar à vitória!

 

Indicados

 

FAVORITO: Blade Runner 2049 (Roger Deakins)
Neste último fim de semana, houve a entrega do BAFTA e dos prêmios da Sociedade Americana de Fotografia (este, importante termômetro por contemplar vários votantes da Academia) e Roger Deakins saiu vitorioso em ambas as disputas. Assim, já soma mais de 20 trófeus pelo filme de Denis Villeneuve e lidera todas as bolsas de apostas. Com a de 2018 , já são 14 indicações de Deakins ao Oscar. Resta ainda alguma dúvida?

 

CUIDADO COM O MONSTRO: A Forma da Água (Dan Laustsen)
Por mais que Dan Laustsen seja um novato na premiação, não dá para tirar o mérito dele fazer parte do time do filme com mais indicações neste ano. E o fato da Academia parecer disposta a distribuir bem os prêmios em 2018 pode contar a seu favor. Não é o caminho óbvio, mas o diretor de fotografia foi um dos mais lembrados em todas as premiações possíveis, mesmo que só tenha levado o troféu em algumas poucas associações.

 

TORCIDA: Dunkirk (Hoyte van Hoytema)
Um dos maiores méritos do filme de Christopher Nolan está em suas grandes qualidades técnicas, que passam pela direção, montagem, som e, justamente, fotografia. Seja no céu, nas águas ou em terra firme, o trabalho do suíço Hoyte Van Hoytema é fundamental para entendermos a dinâmica de guerra proporcionada por Nolan. Aliando alguns prêmios que Hoytema recebeu nos últimos meses ao fato de que a grande força de Dunkirk no Oscar está nas categorias técnicas, não duvide caso o rapaz saia vitorioso. Merecidamente.

 

GIRL POWERMudbound: Lágrimas Sobre o Mississippi (Rachel Morrison)
Rachel Morrison já conseguiu um grande feito: ser a primeira mulher indicada nesta categoria na história do Oscar. As chances de ganhar são distantes, ainda mais que ela só levou o prêmio dos críticos de Nova York, mas quem sabe conte a seu favor o belo trabalho de deixar as imagens num tom “lameado” como o título de Mudbound sugere, isso aliado ao fato das discussões feministas deste ano estarem em alta? Sem falar que ela é a diretora de fotografia de, nada mais, nada menos, Pantera Negra, o destruidor de recordes de bilheteria do início de 2018 e de avaliações positivas da crítica para um filme de super-heróis. Vá que o hype favoreça, não é mesmo?

 

AZARÃO… BEM DE LONGE, MESMO: O Destino de uma Nação (Bruno Delbonnel)
Bruno Delbonnel é o outro veterano, ao lado de Roger Deakins, concorrendo neste ano. Já é sua quinta indicação. A primeira foi em 2002, por O Fabuloso Destino de Amélie Poulain. Pois o francês entrou quase de gaiato na festa, pescando muitos votos dos britânicos que conseguiram emplacar O Destino de uma Nação em muito mais categorias do que todos esperavam. É um belo trabalho que enquadra Gary Oldman numa atmosfera claustrófobica e escura, mas será o suficiente para a vitória? Acho que não vai ser desta vez, de novo, Bruno.

 

FEZ MUITA FALTA: Z: A Cidade Perdida (Darius Khondji)
O filme de James Gray foi um dos grandes injustiçados deste ano por ter sido indicado a nada. Especialmente nesta categoria, já que o trabalho do iraniano Darius Khondji (nominado em 1997 por Evita) é um primor. Já entraria forte batendo muitos dos indicados aqui. Dá até para aproveitar e lembrar de outros que mereceriam estar no pódio, seja Sayombhu Mukdeeprom, por Me Chame Pelo Seu Nome, Alexis Zabe, que faz um trabalho excepcional em outro filme relegado, Projeto Flórida, ou ainda o premiado italiano Vittorio Storaro, que já levou três dos quatro Oscar aos quais foi indicado (como se esquecer do seu primeiro, pela fotografia incrível de Apocalypse Now?) e acabou preterido por conta da polêmica envolvendo Woody Allen – o que não diminui em absoluto o resultado das belas imagens de Roda Gigante. É, a competição foi acirrada este ano.

:: Confira aqui as nossas análises das demais categorias ::

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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