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Suk Suk: Um Amor em Segredo :: “Gays idosos quase nunca são representados no cinema”, diz Ray Yeung

Publicado por
Marcelo Müller

Nascido em Hong Kong, Ray Yeung foi enviado ainda na adolescência para estudar num internato em Londres, capital da Inglaterra. Antes de entrar no mundo das artes, ele trabalhou como advogado. Mais tarde, formou-se na Escola de Artes da Universidade de Columbia, nos Estados Unidos, e começou o que seria uma carreira múltipla no cinema. Depois de escrever algumas peças, debutou no cinema com curtas-metragens e em 2005 apresentou seu primeiro longa, Cut Sleeve Boys, história de amor entre dois homens sino-britânicos. Desde então seu enfoque principal é a observação de histórias de membros da comunidade LGBTQIA+. Além de realizador, Ray é   programador e diretor do Festival de Cinema Gay e Lésbico de Hong Kong. Em Suk Suk: Um Amor em Segredo (2020), seu mais recente e premiado filme, ele aborda o envolvimento homossexual na terceira idade, lançando luz sobre um grupo ainda mais minorizado e invisibilizado. Partindo do livro História Oral de Homens Gays Idosos em Hong Kong (tradução livre), de Travis Kong, conta a história de dois senhores que se apaixonam e que terão, invariavelmente, de lutar contra preconceitos e discriminações para atingir a felicidade (ainda que momentânea). Conversamos remotamente com Ray Yeung e o resultado desse Papo de Cinema exclusivo você confere agora:

 

O que o motivou a abordar a homossexualidade na terceira idade e os tabus específicos dela?
O filme foi inspirado num livro chamado História Oral de Homens Gays Idosos em Hong Kong (tradução livre), de Travis Kong. É uma coleção de doze entrevistas com gays idosos, alguns ainda no armário e outros fora. Eles falam sobre a necessidade de se conformar à sociedade enquanto esconderam seus desejos durante os anos 1960/80 em Hong Kong. Achei que esse tópico daria um filme interessante. Gays idosos quase nunca são representados no cinema. Houve uma entrevista que me tocou particularmente: Travis perguntou ao entrevistado se ele tinha arrependimentos. O homem, na casa dos 70 anos, disse que não se arrependia de ter ido a Hong Kong como imigrante ilegal há muitos anos sem nada. Agora, décadas depois, ele tem uma esposa que faz o jantar e seus filhos lhe dão uma mesada. Ele realmente acredita que sua vida é uma história de sucesso, apesar de sacrificar seu verdadeiro eu. Depois de ler isso, percebi que era muito diferente de como o mundo ocidental vê uma vida LGBTQ realizada. Hoje em dia, as pessoas LGBTQ são encorajadas a ser verdadeiras consigo mesmas. Do contrário, são vistas como covardes e desonestas. No entanto, este homem acredita que tem uma história de sucesso porque alcançou seus objetivos. Quando li seu comentário, de repente me perguntei: quem sou eu para julgar este homem? Se é assim que se sente, ele não deve ser compelido a ter vergonha de si mesmo. Julgá-lo seria tratá-lo injustamente. Portanto, me propus a escrever um roteiro sobre esses gays idosos para retratar suas histórias sem julgamentos e apenas mostrar seus dilemas e lutas. Caberia ao público interpretar suas escolhas e decisões.

 

 

Você teve contato com alguns dos entrevistados do livro de Travis S.K. Kong, certo? Qual foi a principal contribuição desses encontros para o desenho dos personagens e das situações?
Como parte de minha pesquisa, entrevistei muitos gays mais velhos em Hong Kong. Percebi que a maioria carregava consigo sentimentos de vergonha e ódio de si próprios. Acho que isso foi parte da razão pela qual eles acharam difícil se expor; não se aceitavam, não acreditavam que ninguém iria aceitá-los. Lembro que havia um entrevistado de quase 80 anos. Ele era ativo na cena gay, ia às paradas e falava em eventos públicos sobre os direitos dos homossexuais. No entanto, quando falou sobre a mãe,  sua personalidade mudou. Ele disse que assumiu (ser gay) quando tinha cerca de 40 anos. Sua mãe ficou chateada, mais tarde desenvolveu câncer e morreu. Ele se culpou, dizendo que se não tivesse assumido, talvez ela não tivesse morrido. Esse homem disse que ocasionalmente se ajoelhava em frente ao túmulo da mãe e pedia desculpas. Havia uma culpa profunda dentro dele. Portanto, senti que era importante que histórias como essa fossem contadas. Há uma sensação de fortalecimento quando você percebe que não é a única pessoa da Terra a ter esse sentimento. Quando vemos nossas histórias projetadas na tela, percebemos que as consequências não são tão ruins quanto imaginávamos. Na verdade, podemos obter simpatia e empatia. Acho que para muitos desses idosos se trata do início de um processo de cura. O mundo também precisa ver suas histórias. Testemunhar suas lutas e conflitos ajuda as pessoas a entendê-los melhor. Talvez perceber que não são tão diferentes e que a necessidade de amor, respeito e liberdade de ser quem queremos ser é universal.

 

Há algo também de descritivo nesse filme. Os personagens transitam por espaços tidos como clandestinos, nos quais os gays podem se expressar em Hong Kong. Para você esse retrato da cidade e dos lugares de convivência era imprescindível também como diagnóstico urbano?
Lugares como saunas gays eram fundamentais antigamente porque a homossexualidade era crime em Hong Kong antes de 1991. Isso significava que você poderia ser preso se fosse pego em um banheiro ou em locais públicos. Os balneários gays se tornaram refúgios seguros para os enrustidos porque a polícia raramente fazia batidas por lá; e como eram muito reservados, apenas gays sabiam sobre eles. Hoje em dia, a homossexualidade não é mais crime em Hong Kong. No entanto, muitos gays ainda moram com os pais ou familiares porque os preços dos imóveis são muito altos. Ir a uma sauna gay é conveniente porque se trata de um lugar onde se pode conhecer pessoas e também ter espaço para encontros sexuais. Uma coisa que devo salientar e que é um fator complicador: muitas saunas gays em Hong Kong não aceitam homens idosos porque acham que não são atraentes para seus clientes mais jovens. Existem apenas dois balneários que acolhem idosos gays e eles de alguma forma se tornaram quase como um centro comunitário para esses homens no armário que ainda moram com suas esposas ou aos que saíram há muitos anos do armário e por isso foram rejeitados por suas famílias, vivendo sozinhos. Quando filmamos a cena da sauna, queria que o espaço fosse além de um lugar onde as pessoas apenas se encontravam para fazer sexo. Queria retratar um estabelecimento que parecesse mais uma comunidade segura para esses homens. O clima nesse cenário muda conforme a relação dos dois protagonistas evolui para o amor. O cubículo em que eles fazem sexo pela primeira vez começa sendo um lugar sombrio e inóspito, gradativamente virando um santuário mais romântico e sonhador. Na cena em que o casal janta com os outros clientes, o ambiente é caloroso e animado como uma família feliz e solidária.

Na busca pelos protagonistas, você teve alguma dificuldade, do tipo atores que não quiseram interpretar um personagem gay ou mesmo realizar as cenas de intimidade?
O casting foi muito desafiador, durou mais de um ano. A maioria dos atores dessa faixa etária (65-70) veio da televisão ou do estúdio Shaw Brothers. Por isso, estavam acostumados a interpretar machos, tais como policiais, espadachins e especialistas em Kung-Fu. Manter uma imagem era importante para eles, então vários atores me rejeitaram de cara porque se sentiam desconfortáveis ​​interpretando gays. Alguns disseram que estavam interessados, mas não queriam beijar ou fazer cenas de amor. Para mim, isso era inaceitável. Claro, poderia trapacear com a câmera, mas senti que se não pudessem respeitar o personagem, isso significava que não seriam realmente capazes de entrar na pele deles. Após meses de pesquisa, encontrei um filme em que Tai Bo desempenhava o papel de pai. Achei que ele era muito natural. Acontece que ele se mudou para Taiwan e morou lá por muitos anos. Fui até lá para conhecê-lo. Mostrei o roteiro e depois de três meses ele disse que estava interessado, mas queria mostrar o material à sua esposa para ver se ela tinha problemas com ele interpretando um personagem gay. Depois de assinar com Tai Bo para interpretar Pak, tive que encontrar Hoi, seu interesse amoroso. Naquela época, já tinha visto a maioria dos atores na faixa de 60-70 anos. Então, tive de ir para uma faixa etária de atores mais jovens. Não queria fazer isso, no entanto naquele ponto não havia alternativa. Comecei a conhecer atores na faixa etária de 50 a 60 anos. Não demorou para encontrar Ben Yuen. Vi ele numa série de TV, na qual também era o diretor. Ele não falava muito, estava principalmente andando, mas sua linguagem corporal refletia perfeitamente o que seu personagem estava passando. Gostei muito da presença na tela, então me aproximei dele.


Os atores expressam uma intensidade contida. Como foi seu trabalho com Tai-Bo e Ben Yuen? O resultado parece fruto de uma construção bem minuciosa.
Antes das filmagens, fizemos cinco dias de ensaios para discutir personagens e origens. Forneci a eles uma história detalhada dos personagens e dos membros da família deles. Também realizamos uma leitura de mesa com todo o elenco para expor o arco da história. Como os atores entenderam bem seus personagens, a filmagem foi tranquila. Eles são muito profissionais, talentosos, experientes e comprometidos. Fui abençoado. Dizem que o elenco é a parte mais importante da direção e eu não poderia concordar mais. Tai Bo tem uma qualidade que combina bem com seu personagem. Pak é um patriarca forte e silencioso. No entanto, esconde uma pessoa calorosa de coração de ouro. Ele ama sua família, mas não sabe como expressar isso. Tem um desejo secreto, mas não sabe como lidar com isso. Quando conhece Hoi, ele explode, mas ainda precisa se conter. Todas essas emoções precisam ser registradas no rosto do ator, sem diálogos. Uma tarefa difícil, mas Tai Bo é capaz de cumprir. Suas expressões eram sutis e ele conseguia demonstrar emoções melhor do que se utilizasse mil palavras. Já Ben é versátil, justo o que se espera de Hoi, o que tem a vida dupla. Ele sabe que é gay, mas se casou mesmo assim para cumprir seu dever de filho com seus pais. Após o divórcio, criou o filho sozinho e cumpriu as responsabilidades tradicionais que se esperavam dele como pai. No entanto, também leva um estilo de vida gay ativo, mas discreto – frequentar reuniões gays, ir a saunas gays e ter amigos gays. Ben foi capaz de interpretar essa dupla personalidade com profundidade e veracidade.

Você já tinha feito filmes com dramas homossexuais em outros contextos. Porque lhe pareceu importante ambientar em Hong Kong e observar homens gays católicos da classe trabalhadora?
Os filmes LBGTQ não podem ser exibidos nos cinemas da China e, até certo ponto, ainda constituem um tabu. Em Cingapura e na Malásia a homossexualidade ainda é crime. Em Hong Kong ela foi descriminalizada em 1991, mas a representação de LGBTQ na mídia ainda é muito limitada devido à cultura conservadora. Taiwan é o mais progressista em termos de representação LGBTQ, mas não vi um filme sobre a geração gay mais velha de Taiwan. Portanto, o assunto de Suk Suk é único. A partir das entrevistas conduzidas enquanto pesquisava para o roteiro, encontrei um grupo para gays idosos chamado Gay & Grey. Eles se encontravam uma vez por mês para tomar dim sum e conversar na casa de uma assistente social. Assisti a algumas dessas reuniões; uma vez surgiu o tópico de uma casa de repouso gay. Alguns dos idosos haviam se assumido há muitos anos. De várias maneiras, pagaram um alto preço por sua bravura. Foram rejeitados por suas famílias e viviam por conta própria. Foi difícil para eles encontrar um parceiro, porque seus amantes se casavam com mulheres. Naquela época, muitos não acreditavam que os gays pudessem ter relacionamentos porque a sociedade discriminaria um casal gay de todas as maneiras.


E aí a solidão se impõe…
Pois é, muitos desses homossexuais assumidos têm vidas muito solitárias. Eles não têm ninguém com quem passar datas especiais, tais como o Ano Novo Chinês; e quando ficariam doentes, teriam apenas amigos ou vizinhos que lhes ajudariam. Uma casa de repouso provavelmente seria seu destino. No entanto, eles se preocupavam em enfrentar a discriminação. Então, um lar LGBT seria um lugar onde  poderiam viver livres e sem julgamentos. Os membros do Gay & Gray decidiram falar sobre suas necessidades e finalmente foram a uma conferência oficial do governo para expressar esses desejos. Até o momento, o governo não fez nada para resolver isso, mas pelo menos a voz desses gays foi ouvida. Também conheci entrevistados católicos. A religião desempenhava um papel importante em suas vidas. Como queria que o filme refletisse a vida real, decidi incluir os aspectos religiosos no filme; e mostrar como esses homens navegam entre sua fé e sua identidade gay. Muitos desses homens sabem como a igreja é contra a homossexualidade, mas fecham os olhos a isso. Acho que a história sugere que mesmo que se você seja gay e tenha encontrado a fé em uma religião, ainda há muitos obstáculos a superar para encontrar a paz interior.

 

Você parece ter uma preocupação grande com os coadjuvantes, para não transformar eles em vilões caricaturais, mesmo os que são obstáculos para o amor dos protagonistas. Você parece se esforçar para eles serem lidos como pessoas complexas. É por aí?
Queria que o estilo do filme fosse fiel ao livro. Utilizamos recortes, mostrando a vida dos protagonistas. Retratamos em detalhes suas rotinas e como seus ambientes seguros e protegidos são perturbados conforme se apaixonam lenta e silenciosamente. Acho que o estilo realista do filme ajuda o público a se relacionar com essa história extraordinária. Na vida real, todo mundo tem motivos para fazer algo. As pessoas têm metas e agem para alcançar essas ambições. Como quero que o filme represente a vida, dei a cada personagem um objetivo. Em Hong Kong, os preços das moradias são altos e as famílias têm que viver juntas em espaços minúsculos. Os filhos crescidos vivem com os pais idosos e, quando se casam e têm filhos, todos ainda moram juntos. Nessas situações, as pessoas precisam tentar conviver, mesmo que haja diferenças em crenças e opiniões. Elas têm de se tolerar enquanto mantêm uma harmonia superficial. No filme, frustrações e raivas são expressadas de maneiras sutis, como um leve olhar ou um pequeno gesto. As agressões são mostradas de forma passiva e os desacordos são refletidos por longas pausas e silêncios mortos. Tento capturar esses momentos para mostrar diferentes emoções e pontos de vista.

Outra coisa que chama a atenção é que você não aponta para caminhos supostamente ideais. Era essencial ficar entre o esperançoso e o realista, sem descambar para algo idealizado?
Os protagonistas principais são complexos e, portanto, um final idealista simplificaria demais a situação e a tornaria inacreditável. Decidi que o final do filme seria aberto, com uma pausa para o público refletir sobre as escolhas dos protagonistas. Devem permanecer na família e continuar vivendo mentiras ou romper com a tradição e ser fiéis a si mesmos? A última imagem de Pak na igreja certamente não é feliz. Isso indica que talvez a escolha que ele fez não esteja lhe trazendo felicidade. Por outro lado, o público também deve contemplar o que os protagonistas precisam sacrificar se quiserem perseguir seu verdadeiro eu? Seus desejos são mais importantes do que os valores familiares tradicionais e as expectativas da sociedade? Esse é o dilema que o filme busca explorar.


Na sua opinião, quais os estereótipos mais irritantes comumente utilizados para retratar homens gays idosos e que você não queria reproduzir?
Participei de muitas discussões pós-exibição em Hong Kong e conheci muitos casais heterossexuais de meia-idade da plateia que disseram que este foi o primeiro filme gay a que eles assistiram. Disseram que tinham uma imagem estereotipada de gays afeminados e ultrajantes. Ficaram surpresos com a representação. Falaram que o filme mudou sua concepção errônea sobre os homens gays. Disse a eles que meu desejo era mostrar que existem homens gays em todos os lugares e que eles não se encaixam em estereótipos. Tanto Pak quanto Hoi podem ser qualquer um de nossos parentes ou pessoas que encontramos na rua. Em geral, a sociedade apenas percebe ou suspeita que alguém é LGBTQ se ela se encaixa num preconceito específico de como uma pessoa LGBTQ se parece ou age. Em suas mentes, eles acreditam que todas as pessoas LGBTQ são exatamente como imaginam ou foram criadas para acreditar. No entanto, no mundo real, existem muitos tipos diferentes de pessoas LGBTQ, assim como existem vários tipos de heterossexuais. Portanto, senti que era importante no filme retratar os personagens como pessoas reais e não como estereótipos. Quero que os telespectadores entendam que existem pessoas LGBTQ em todos os lugares; mais do que eles podem imaginar. Acho que a normalização das imagens LGBTQ é vital para ajudar o público a entender, ter empatia e aceitar as pessoas que são diferentes dele. Não há “nós contra eles”. Somos simplesmente “nós”.


Você tem algum tipo de proximidade com ou mesmo de conhecimento sobre o cinema brasileiro?
Assisti a famosos clássicos brasileiros como Orfeu do Carnaval, de Marcel Camus, Pixote: A Lei do Mais Fraco, de Hector Babenco, Central do Brasil, de Walter Salles e um dos meus favoritos de todos os tempos: Cidade de Deus, de Fernando Meirelles. Sou o programador e diretor do Festival de Cinema Gay e Lésbico de Hong Kong e todos os anos exibimos filmes de todo o mundo. Os filmes brasileiros que exibimos ao longo dos anos, como Hoje Eu Quero Voltar Sozinho, de Daniel Ribeiro, e Tinta Bruta, de Marcio Reolon e Filipe Matzembacher, foram muito populares em Hong Kong; então, de certa forma, sinto que nossas culturas podem ser muito semelhantes. Portanto, espero que o público brasileiro ache Suk Suk intrigante e revigorante, mas também caloroso e cativante.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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