Crítica


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Sinopse

Maeve continua sua busca pela filha, Dolores calcula seu próximo passo, Elsie chega perto da verdade sobre Delos.

Crítica

A sinopse de Phase Space, sexto episódio da segunda temporada de Westworld, é bastante sucinta e vai direto ao ponto: “Maeve continua sua busca pela filha, Dolores calcula seu próximo passo, Elsie chega perto da verdade sobre Delos”. Nestas três sentenças, fica claro o protagonismo feminino da série, colocando em destaque as personagens de Thandie Newton, Evan Rachel Wood e Shannon Woodward. As duas primeiras, ambas no domínio total de suas personagens, vem captando o interesse do público desde o começo deste ano. Já a segunda, ressurge após um período afastada, mostrando que sua força se encaixa bem ao cenário que tem sido montado. Nenhuma, no entanto, está próxima de encontrar as respostas que tanto procuram – ou, melhor dizendo, até chegam perto, mas esta proximidade serve apenas para abrir – ou mesmo escancarar – novas portas a serem seguidas.

Isto posto, é curioso perceber que o capítulo começa pela voz de um homem: Bernard (Jeffrey Wright), que confronta Dolores sobre as verdades a respeito das origens de cada um deles. É sabido que ela é um dos robôs do parque. Mas será apenas mais uma, igual a todos os demais? Ou teria sido concebida e elaborada em condições especiais, destinada a feitos muito maiores? Estas mesmas questões, aliás, podem recair sobre ele. Bernard, tido como um dos administradores da atração na primeira temporada, já teve sua verdadeira face revelada – ele também é um androide. Mas teria sido um personagem imaginado do zero, ou uma réplica construída a partir de uma base humana? E diante tantos contextos e possibilidades, o que os afastam, afinal?

Enquanto que a relação de Dolores e Teddy (James Marsden) parece ter passado por provas irremediáveis, gerando rupturas que possivelmente não serão cicatrizadas – a inocência dele foi, definitivamente, perdida, e seu comportamento agora é quase militar, eliminando os vestígios do sentimento que os unia – o casal contraparte parece mais unido do que nunca – ainda que, pelo visto, a separação também esteja em seus caminhos. Maeve tem uma missão a cumprir, e Hector (Rodrigo Santoro) é o principal homem ao seu lado. Mas entre um robô fiel e um humano (Simon Quarterman) com conhecimento para escapar das diversas armadilhas daquele lugar, em qual dos dois ela irá repousar suas fichas?

A conclusão deste episódio, totalmente voltada à Maeve e a uma chocante revelação, aumentam o grau de apostas em torno do nome de Thandie Newton. Muito mais do que suas colegas – Wood até pode ter dominado as atenções no primeiro ano, mas isso não deverá se repetir dessa vez, ao mesmo tempo em que Woodward ainda tem muito o que fazer para conquistar o mesmo nível de admiração das outras duas – é ela o verdadeiro coração de Westworld, e se o espectador segue atento a cada reviravolta, é para perceber até que ponto vai o envolvimento dela com cada uma das demais pontas da trama. E, dentro deste cenário, a volta de um dos maiores nomes do elenco – e da história – nem chega a causar tanta surpresa assim. Afinal, podemos ter passado da metade da temporada, mas ainda há muito a ser investigado neste admirável mundo novo.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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