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Sinopse

Dolores foi criada e programada por Bernard. Mas seria ele, de fato, capaz de programar um anfitrião? Agora que ela tem consciência de quem é, seu próximo passo e preparar-se para a guerra. Enquanto isso, entendemos um pouco melhor qual foi a verdadeira participação de William por trás da construção de Westworld!

Crítica

Você já viu algo tão cheio de esplendor?” Essa parece ser a grande questão por trás de Reunion, o segundo episódio da segunda temporada de Westworld. A fala, dita logo no começo por Dolores (Evan Rachel Wood), é repetida várias vezes durante o desenrolar do capítulo, tanto por ela como também por Bernard (Jeffrey Wright), Logan (Ben Barnes) e William (Jimmi Simpson). Ao contrário do genuíno deslumbramento que cabe a ela, uma androide programada para reagir desta forma diante tamanha beleza, pelos homens a expressão adquire novos significados: decepção, resignação, constrangimento, determinação. Sentimentos que, se até então não faziam parte do repertório dela, aos poucos estão sendo aprendidos.

Sim, pois Westworld, cada vez mais, se assume como uma série feminina, com duas protagonistas muito fortes: Dolores e Maeve (Thandie Newton). A segunda, que havia dominado praticamente todo o primeiro capítulo, é vista apenas de relance desta vez: junto ao seu braço direito (Hector, interpretado pelo brasileiro Rodrigo Santoro), cruza pelo caminho da outra quando em rumo aos seus objetivos. Há tensão entre elas, mas não conflito: cada uma, a seu modo, busca praticamente o mesmo que a outra. Uma quer confronto e vingança, a outra almeja apenas recuperar o que acredita ter perdido e fugir para garantir sua segurança. A cena das duas, no entanto, era muito aguardada e foi construída com um cuidado especial demais para ser tão rápida. É de se esperar, portanto, que elas voltem a se encontrar nos próximos episódios, quem sabe até mesmo para a formação de uma esperada aliança?

Inspirado em Westworld: Onde Ninguém tem Alma (1973), longa escrito e dirigido por Michael Crichton, a primeira temporada da série Westworld se concentrou basicamente na mesma trama do filme: um parque de diversões para adultos, onde robôs feitos à semelhança dos homens estão ali para servir e entreter os visitantes, nos mais diversos âmbitos, envolvendo inclusive sexo e violência. Aos poucos, no entanto, os seres artificiais vão adquirindo consciência de suas condições, e passam a se rebelar, exigindo um tratamento mais digno. Bom, se Westworld T01 terminou exatamente do modo como esperávamos de antemão, o verdadeiro mundo a se desbravar está aqui, na segunda temporada. E para onde será que vão estes personagens?

Talvez o mais enigmático deles siga sendo o Homem de Preto (Ed Harris), que clama ter sido o verdadeiro responsável por tudo isso e busca não só ter esse reconhecimento, mas também a justiça que acredita merecer, seja ela qual for. Por outro lado, William, que até então era apenas um turista de primeira viagem, revela-se ter uma importância muito maior do que imaginávamos. Seria o dinheiro dele, obtido após convencer o sogro (Peter Mullan) a investir nessa oportunidade, aquele que de fato faz a roda girar? Logan, por outro lado, é apenas um tolo inconsequente prestes a por tudo a perder, ou uma peça-chave na criação do negócio (a passagem em que ele é convencido é uma das melhores deste capítulo)?

Há ainda personagens novos que são introduzidos na trama, como o próprio Mullan (estaria ele prestes a morrer, e por isso a opção em confiar no genro, mais ambicioso, ao invés do filho?) e outros cujas presenças devem ser melhores exploradas no futuro, como o Major Craddock (Jonathan Tucker, de As Virgens Suicidas, 1999) e El Lazo (Giancarlo Esposito, de Maze Runner: A Cura Mortal, 2018) – é difícil acreditar que a participação desse seja tão mínima, como os realizadores parecem dar a entender. E se um mundo novo aos poucos se descortina em frente aos olhos dos anfitriões, e aos humanos o futuro assusta, somente os que sobreviveram poderão contar a fiel versão dos fatos – ou será que não?

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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