Oscar 2024 :: Apostas para Melhor Som

Desde que o Oscar unificou as categorias Edição e Mixagem de Som em apenas uma, simplesmente a de Som, ficou um pouquinho mais árdua a tarefa de prever com pouca margem de erro os vencedores do maior prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Los Angeles. Isso porque continuam existindo associações e premiações divididas nessas duas modalidades. No entanto, neste ano, para equilibrar a balança e facilitar a vida do autor deste artigo, um filme levou para casa os reconhecimentos máximos tanto da Cinema Audio Society Awards (CAS), a associação de mixagem, quanto da Motion Picture Sound Editors (MPSE), a de edição. Claro, a partir disso ele se torna o favoritíssimo para levar o Oscar. Mas, é bom não dormir no ponto e achar que tudo está simplesmente ganho, pois sempre tem um azarão à espreita pronto para fazer o improvável. Confira abaixo as nossas apostas para a categoria de Melhor Som do Oscar 2024.

Indicados

• Resistência, de Ian Voigt, Erik Aadahl, Ethan Van der Ryn, Tom Ozanich, Dean Zupancic
• Maestro, de Steven A. Morrow, Richard King, Jason Ruder, Tom Ozanich, Dean Zupancic
• Missão: Impossível – Acerto de Contas, de Chris Munro, James H. Mather, Chris Burdon, Mark Taylor
• Oppenheimer, de Willie Burton, Richard King, Gary A. Rizzo, Kevin O’Connell
• Zona de Interesse, de Tarn Willers, Johnnie Burn

FAVORITO
Oppenheimer
Neste ano parece que não tem para mais ninguém. Depois de ganhar os prêmios máximos da Cinema Audio Society Awards (CAS) e da Motion Picture Sound Editors (MPSE), Oppenheimer se tornou uma aposta bastante segura como provável vitorioso do Oscar. O longa-metragem comandado por Christopher Nolan, que deve ser o grande bicho-papão do Oscar 2024, venceu também o Grammy e está alguns (vários) corpos de distância à frente dos seus concorrentes. Realmente, por mais que não seja o favorito do autor deste artigo (o posto fica com o nosso azarão), o desenho sonoro de Oppenheimer tem méritos suficientes para garantir um êxito pouco contestável no Oscar.

AZARÃO
Zona de Interesse
Indicado a Melhor Edição de Som de Filme Estrangeiro no prêmio da Motion Picture Sound Editors (MPSE) – sim, ficou de fora dos cinco concorrentes principais, e simplesmente ignorado pela Cinema Audio Society Awards (CAS), Zona de Interesse talvez tenha o mais brilhante dos trabalhos de som da temporada. Especialmente pela mise en scène proposta por Jonathan Glazer, em que o visível e o invisível na tela dialogam constantemente, o som é um atributo fundamental para construir sentido nessa trama que mostra uma família morando tranquilamente ao lado de um campo de concentração na Segunda Guerra Mundial. Sem a excelência do som certamente o impacto do filme seria bastante atenuado. 

SURPRESA
Resistência
Aposta um tanto quanto “flopada” de ficção científica, Resistência teve como grandes reconhecimentos as indicações ao Oscar de Melhor Som e Efeitos Visuais. No entanto, pensando especificamente nesta disputa, podemos dizer que ele está aqui a passeio, felizão por ter sido lembrado, ansioso pela festa do dia 10, mas nem precisa se dar ao trabalho de escrever um discurso. As chances de vitória são remotas, para não dizer praticamente inexistentes. Com concorrentes tão mais gabaritados e incensados ao longo da temporada, é um cenário absolutamente improvável o seu êxito. Para falar a verdade, já é uma enorme surpresa ele estar aqui entre os concorrentes.

ESNOBADO
Ferrari
O mais novo filme do cineasta Michael Mann estava na shortlist dos filmes pré-selecionados ao Oscar de Melhor Som, mas infelizmente acabou ficando pelo caminho. Indicado a Melhor Mixagem de Som em Filme no prêmio da Cinema Audio Society Awards (CAS) e ao de Melhor Edição de Filme no da Motion Picture Sound Editors (MPSE), o longa-metragem que conta um pouco da história do fundador de uma das montadores automobilísticas mais icônicas de todas merecia estar aqui na disputa, até mesmo como forma de valorizar um pouco essa produção que deve ter sido esnobada em geral pela Academia por conta da falta de poder financeiro (em comparação aos demais) para fazer campanha.
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Marcelo Müller

Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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