Crítica
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Sinopse
Em Legado Explosivo, decidido a mudar de vida e se tornar uma pessoa correta, um ladrão de banco se apaixona por uma mulher que trabalha no lugar onde ele esconde o fruto dos delitos. A coisa piora quando ele começa a ser investigado pelo FBI.
Crítica
Há um bom tempo Liam Neeson vem demonstrando interesse em se afastar do tipo de filme que tem alçado sua carreira a níveis de sucesso nunca vistos em anos anteriores. Afinal, por mais que tenha sido indicado ao Oscar por A Lista de Schindler (1993) e participado de outros projetos igualmente relevantes, como Kinsey: Vamos Falar de Sexo (2004), desde Star Wars: Episódio I – A Ameaça Fantasma (1999) e, principalmente, em Busca Implacável (2008), ele tem se especializado, basicamente, em dois personagens: o mestre capaz de tirar uma carta da manga no último minuto, ou o engenhoso e incansável lutador disposto a enfrentar – com bons resultados – até os perigos mais letais. Pois bem, essas duas figuras se mistura em Legado Explosivo com tamanha perfeição que deve ter sido quase impossível para o ator recusar a oferta. E assim, agora se tem a oportunidade de vê-lo mais uma vez como um personagem com o qual se demonstra bastante confortável, e num domínio tamanho de suas habilidades que é quase impossível disfarçar o prazer que resulta desse novo encontro, independente de que lado da tela se esteja.
Assim como Cary Grant ou James Stewart, ícones da era de ouro de Hollywood, Liam Neeson também é um astro que preza muito a imagem que o público tem a respeito da sua própria persona. Por isso, por mais que aceite interpretar um bandido, assim o faz de modo que esse possa ser visto como... herói, é claro. Então, o melhor é esquecer o tal de Legado Explosivo do título nacional – não há nenhum legado em questão, por mais que se tenham várias explosões em cena – e direcionar as atenções ao batismo original: Honest Thief, ou seja, Ladrão Honesto. Assim, o galã interpreta um homem que há quase uma década tem como passatempo roubar bancos, sem deixar nenhuma pista para trás – tanto que se tornou conhecido como o “ladrão do entra-e-sai”, apelido que ele detesta, aliás – e motivado por razões bem particulares. Dois detalhes, porém, merecem ser ressaltados: primeiro, nunca gastou um tostão do que foi roubado, e segundo, está arrependido de tal prática, e o que o faz mudar de ideia é a descoberta do verdadeiro amor.
Dito assim, parece simples absurdo. Porém, quando esse texto tão improvável, quanto ridículo, é dito em cena por alguém como Liam Neeson, sem nem titubear, como não dar-lhe crédito? Ao alugar uma garagem para guardar o fruto dos seus assaltos, ele conhece Annie (Kate Walsh, indo com eficiência além da mera presença como mocinha em perigo), gerente do local. Um ano depois, os dois estão de namoro firme, e é chegado o momento dele tomar uma decisão: contar a verdade sobre seu passado. Antes, no entanto, precisa chegar a um acordo com a polícia: está disposto a se entregar e devolver tudo que levou consigo em cada um destes golpes – um total de US$ 9 milhões! No entanto, quer a garantia de que será condenado a uma pena de no máximo dois anos, em uma prisão de mínima segurança, em uma localidade próxima de onde vive, para que a namorada possa visitá-lo com frequência. Ou seja, uma lista de pedidos tão inacreditáveis que, uma vez ditos por Neeson, se tornam corriqueiros e até razoáveis.
Mas não se engane: este é o legítimo exemplar de filme que segue a linha de “tiro, porrada e bomba”! E essa trinca tem início quando os policiais que deveriam tomar a confissão dele – interpretados pelo vilanesco Jai Courtney e pelo novato Anthony Ramos (Nasce Uma Estrela, 2018) – decidem seguir outro rumo: pegar o dinheiro para eles e eliminar o bandido confesso. É claro que esse plano não dará certo. Assim, a história enfim tem início quando, furioso, o protagonista liga para Courtney e o avisa pelo telefone: “eu tentei ser correto e fazer tudo certo, mas não funcionou, então agora não há mais nada a fazer, a não ser ir atrás de você”! Quando uma frase dessas surge, todo espectador que tenha assistido a qualquer filme estrelado por Neeson nos últimos dez ou quinze anos sabe o que irá encontrar pela frente – e ele mais uma vez entrega, exatamente como o esperado, com a mesma excelência de sempre!
Muitas cenas de tiroteio nas quais todo mundo atira e ninguém morre (ou quase isso), perseguições automobilísticas completamente impossíveis, lutas intensas que deixam hematomas pelo corpo todo, mas não chegam a impedi-los de seguirem andando – mesmo quando arremessados do quarto andar de um prédio – e casas que vão pelos ares como café da manhã, Legado Explosivo oferece em seu menu tudo o que de melhor esse subgênero, do qual Liam Neeson é um verdadeiro mestre, pode entregar à sua audiência. Determinado sem se levar à sério em demasia, engraçado sem resvalar no besteirol e intenso sempre que as descargas de adrenalina exigem, é o perfeito combo de ação, exageros e drama controlado sem exigir além da conta e nem cobrar demais no âmbito da verossimilhança. É diversão garantida, assim como muitos dos seus similares anteriores, mas feito com gosto por quem controla esse cenário como poucos outros. E é exatamente isso que termina por fazer toda a diferença.
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Grade crítica
Crítico | Nota |
---|---|
Robledo Milani | 7 |
Francisco Carbone | 3 |
Lucas Salgado | 3 |
Marcio Sallem | 4 |
Alysson Oliveira | 3 |
MÉDIA | 2.6 |
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