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Sinopse

Bryan Mills é um ex-agente do governo que deixou o emprego para que pudesse passar mais tempo com Kim, a filha que teve com a ex-esposa, Lenore. Ele passa a trabalhar com antigos colegas, realizando serviços leves de segurança particular. Um dia, Kim pede ao pai autorização para ir a Paris com uma amiga, a qual é negada pelo fato de que Bryan sabe bem os perigos que ela correria em um país estranho. Isto não a impede, e o temor do pai se concretiza, pois logo após a chegada a garota e a amiga são sequestradas.

Crítica

Um Comando para Matar (1985) com mais estofo. Em poucas palavras, é assim que se pode traduzir este Busca Implacável, filme que serve de veículo para Liam Neeson soltar seu lado até então inexplorado de John Matrix. Para quem não lembra, neste filme oitentista, Arnold Schwarzenegger passava por maus bocados para resgatar a filha, seqüestrada por um ditador exilado. Claro que a produção – divertidíssima e sem noção – não deve ser levada a sério em nenhum momento. Diferente desta “releitura”, que mesmo sendo bastante exagerada, traz alguns pontos que merecem atenção.

Bryan (Neeson) é um ex-agente do governo que está tentando recuperar o tempo perdido com sua filha adolescente Kim (Maggie Grace). Este período não o fez se afastar apenas da filha, mas também da ex-mulher, Lenore (Famke Janssen), que o trata de forma fria e distante. Quando Bryan acredita estar se reaproximando, uma viagem a Paris é planejada pela garota, junto de uma amiga. Relutante em autorizar o passeio, o pai acaba por aceitar, impondo diversas condições. A primeira, que ela o avisasse assim que chegasse ao aeroporto francês, não é atendida, deixando-o preocupado. O deslumbramento com a viagem faz com as garotas se descuidem e dêem conversa para um jovem turista, aparentemente inofensivo. É ele, porém, quem dará todas as informações necessárias para que um grupo de seqüestradores as raptem com o objetivo de vendê-las no mercado negro de prostituição. Agora, Bryan precisa voar até a França e encontrar sua filha, custe o que custar.

Liam Neeson está muito bem como o pai zeloso e especialista em combates. Geralmente, para filmes deste estilo, são escolhidos brucutus musculosos como Vin Diesel, Van Damme ou Stallone. Talvez até um Bruce Willis. Na época, a escolha de um bom ator dramático como Neeson foi salutar por mostrar a sua versatilidade. É verdade que o ator já havia brincado de Jedi em Star Wars: Episódio 1 – A Ameaça Fantasma (1999) e sacudira sua aura de mestre em Batman Begins (2005), mas em Busca Implacável era a primeira vez mergulhava de cabeça em uma história de ação pura e simples. E o resultado foi muito respeitável, imprimindo em cada segundo uma veracidade ímpar. Bryan é um pai que faz de tudo para agradar a filha, tentando assim recuperar uma relação abalada pela ausência. Notamos isso nos olhos do ator e percebemos sua felicidade quando Kim apenas pega o telefone e marca um almoço. Quando um grupo de seqüestradores a tira de suas mãos, ele se torna o pior pesadelo deles. E as cenas de ação envolvendo tiros, socos e pontapés são extremamente bem executadas pela equipe do diretor Pierre Morel, em seu segundo longa-metragem.

Os exageros de algumas seqüências são inerentes ao gênero, e só deixam o programa mais divertido. Pode ser inverossímil um homem conseguir entrar em uma sala repleta de criminosos e ainda sair de lá intacto. Mas que é divertido assistir a como ele escapa, isso é. Se Duro de Matar (1988) um dia fosse filmado em Paris, este roteiro seria um bom ponto de partida, certamente. Quanto ao resto do elenco, Maggie Grace, a eterna Shannon de Lost (2004 – 2010), escolhe um caminho tortuoso para dar vida a uma garota de 17 anos, quando obviamente já passava dos 23. Pontuando suas cenas com pulinhos, Kim é um retrato um tanto equivocado de uma adolescente. Além disso, os figurinistas escolheram vesti-la com roupas coloridas e infantis – que dificilmente seriam usadas por qualquer garota adolescente mentalmente sadia.

Um ponto que separa Busca Implacável de dezenas de outros filmes de ação é o fato de tratar de um assunto espinhoso, que é o tráfico de garotas para prostituição. O que é mostrado no filme não deve estar muito distante da realidade de diversas meninas que viajam para o exterior à procura de emprego ou de diversão e acabam se deparando com um mundo perigoso e sem volta. O longa-metragem de Pierre Morel, além de ser um thriller bem amarrado, também serve de alerta.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.
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