O prêmio de Melhor Maquiagem e Cabelos é um daqueles divisivos, dos que acabam com o bolão de qualquer um justamente por seus resultados, geralmente, serem um tanto imprevisíveis. O favorito tanto pode ganhar por um nariz (Maestro, é você?) como por uma peruca bem colocada (ao menos aqui Golda encontrou uma vaga), mas também por reinvenções transformadoras (Willem Dafoe não está irreconhecível em Pobres Criaturas?) ou para simular acidentes terríveis (A Sociedade da Neve é todo sobre isso, afinal). Mas como fugir do óbvio quando apenas um título parece reunir tudo isso, dos efeitos da bomba atômica ao visual dos seus protagonistas, do passar dos anos à aparência marcada por uma deterioração moral? Se as previsões irão ou não se confirmar, bem, para isso será necessário esperar até o dia 10 de março. Até lá, fiquem com as nossas apostas para o Oscar 2024:

Indicados

 

FAVORITO
Oppenheimer, de Luisa Abel
Parceira habitual de Christopher Nolan – assinou as maquiagens de A Origem (2010), Batman: O Cavaleiro das Trevas Ressurge (2012), Interestelar (2014), Dunkirk (2017) e Tenet (2020) – Luisa Abel não é nenhuma novata (apesar desta ser sua primeira indicação ao Oscar. Concorrendo também ao Bafta e no Sindicato dos Maquiadores, foi lembrada ainda pelos críticos de Dakota do Norte e de Minnesota. Talvez não seja um histórico dos mais impressionantes, mas, por outro lado, parece ser a ocasião perfeita para recompensar o trabalho dessa dupla – Abel & Nolan – que há tanto tempo vem atuando em conjunto e com impressionante sintonia. Sem esquecer que, em Oppenheimer, ela foi responsável pelo visual de um elenco de mais de 70 pessoas, em diferentes épocas e estilos, por meio de uma fotografia em preto & branco e em cores, alternando comportamentos, atitudes e reações. Um esforço hercúleo, perceptível na tela e merecedor da cobiçada estatueta dourada.

AZARÃO
Pobres Criaturas, de Nadia Stacey, Mark Coulier, Josh Weston
Indicada ao Oscar antes por Cruella (2021), Nadia Stacey ganhou o Bafta e o European Film Award por seu trabalho anterior com o diretor Yorgo Lanthimos: A Favorita, em 2019. Nesta temporada, por sua vez, já foi reconhecida pelos críticos de Minnesota, Chicago e Havaí, além de estar novamente indicada ao Bafta – e sem esquecer que concorreu também ao Critics Choice. Mark Coulier, por sua vez, está em sua quinta indicação – e já ganhou duas vezes, por A Dama de Ferro (2011) e por O Grande Hotel Budapeste (2014). Ao contrário de Josh Weston, que está concorrendo pela primeira vez na premiação da Academia. É esse trio que pode estragar a festa de Oppenheimer. Talento – e trabalho – eles tem de sobra para tanto. Resta saber se o impacto causado pelo visual dos personagens de Pobres Criaturas, bastante vívido na sala de cinema, irá perdurar até o momento da votação.

SURPRESA
Golda: A Mulher de uma Nação, de Karen Hartley Thomas, Suzi Battersby, Ashra Kelly-Blue
Esta é a primeira indicação ao Oscar de qualquer uma das integrantes do trio de talentos responsáveis pela única lembrança que Golda: A Mulher de uma Nação recebeu na premiação deste ano – um feito que não pode ser desconsiderado. Mas se lembrarmos que o filme, desde sua estreia no Festival de Berlim 2023, vinha sendo apontado como forte candidato em diversas categorias – inclusive Filme e Atriz – ter tido apenas uma nominação, e ainda mais num quesito técnico, não deixa de ser frustrante. Por mais que Helen Mirren esteja impressionante como a primeira-ministra de Israel no início dos anos 1970, Golda Meier, suas chances de vitória são quase nulas, servindo a própria inclusão nessa disputa como prêmio de consolação. Merecia mais. Mas que se dê por contente, pois mais do que isso não irá acontecer.

ESQUECIDO
Guardiões da Galáxia Vol. 3, de Cassie Russek, Alexei Dmitriew
Apesar do vencedor nesta categoria no Critics Choice ter sido Barbie – que, também, nem foi indicado por aqui – o grande esnobado pelos votantes do Oscar neste quesito foi Guardiões da Galáxia Vol. 3, provavelmente o único filme de super-heróis de 2023 a não ter sido um fiasco completo. Indicado apenas em Efeitos Visuais, merecia muito também marcar presença pelo trabalho dos maquiadores e cabeleireiros. E sabe quem diz isso? Os próprios! Afinal, este foi o filme campeão de indicações na premiação do Hollywood Makeup Artist and Hair Stylist Guild, ou seja, o sindicato dos profissionais da área nos Estados Unidos! Lembrado em quatro categorias – Maquiagem em Filme Contemporâneo, Maquiagem em Filme de Época/Fantasia, Maquiagem de Efeitos Visuais e Penteado em Filme de Época/Fantasia – está concorrendo lado a lado com títulos como Golda, Maestro, Pobres Criaturas e Oppenheimer – todos finalistas pela Academia. E com mais chances de vitória, afinal. Ao menos com quem entende do riscado a justiça será feita, pelo jeito.
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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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