Temos aqui uma das categorias mais indefinidas do Oscar 2023. Algumas bolsas de apostas cravam que teremos a vitória do mais veterano dos concorrentes (o que, convenhamos, não seria nada mal). Já outras indicam que um relativamente novato (mas já muito celebrado) será aquele que vai colocar água no chope do favorito (também não seria um resultado ruim). Entre os compositores indicados há apenas um em sua primeira oportunidade de concorrer a um Oscar e somente dois deles já têm em casa ao menos uma dessas concorridas estatuetas douradas. Voltando ao equilíbrio da disputa, a sensação que se tem é que o vitorioso será decidido por detalhes. Confira logo abaixo as nossas apostas para a categoria Melhor Trilha Sonora no Oscar 2023.

INDICADOS

FAVORITO
Os Fabelmansde John Williams
Ao 90 anos, o compositor John Williams se tornou a pessoa mais velha a ser indicada a um Oscar. E o homem não para de acumular recordes, pois esta lembrança pelo belíssimo trabalho em Os Fabelmans é nada mais, nada menos do que a sua 53ª indicação ao Oscar. Para se ter uma ideia, a única personalidade com mais indicações é Walt Disney, que teve 59 ao todo! Williams tem cinco Oscars em casa, por Um Violinista no Telhado (1971), Tubarão (1975) e Star Wars: Episódio IV – Uma Nova Esperança (1977), E.T.: O Extraterrestre (1984) e A Lista de Schindler (1993). É um grande vencedor, mas igualmente um dos grandes perdedores da história da premiação (também pudera, com tantas indicações). Fato é que seria muito bonito vê-lo novamente reconhecido. Num ano tão concorrido, é um luxo ter um favorito como esse.

AZARÃO
Babilôniade Justin Hurwitz
Se alguém é capaz de colocar água no chope do veterano John Williams é Justin Hurwitz, compositor que, apesar de ser bem mais jovem, já despontou como um dos principais talentos musicais a serviço de Hollywood na atualidade. Esta é a quarta indicação dele, a outras três foram por La La Land: Cantando Estações (2016) – e ele saiu vitorioso nas categorias Trilha Sonora e Canção Original. Sua concorrência pode ser uma das únicas chances de Babilônia de não sair com as mãos abanando da mais importante festa de Hollywood. Dependendo da bolsa de apostas, ele é colocado até mesmo acima de seu rival mais velho e tarimbado. Portanto, não será tão surpreendente se sair da festa com outra estatueta dourada nas mãos.

SURPRESA
Os Banshees de Inisherinde Carter Burwell
Essa é a terceira indicação ao Oscar de Carter Burwell – antes ele concorreu pelas trilhas de Carol (2015) e Três Anúncios Para um Crime (2017). Reeditando a sua parceira com o cineasta Martin McDonagh, Burwell faz um trabalho belíssimo com a trilha sonora de Os Banshees de Inisherin, pelo qual foi indicado a BaftaGlobo de Ouro e Satellite. Porém, ficou aquela sensação de que merecia mais destaque. O que explica esse eclipse? O brilho de seus concorrentes pesos-pesados. No entanto, fique esperto, pois num ano tão indefinido quanto a quem pode levar a estatueta ele pode se beneficiar de uma divisão de votos entre John Williams e Justin Hurwitz, acabando por vencer. Enfim, por mais improvável que seja, a vitória de Carter Burwell não seria nenhum absurdo. Nenhum, mesmo.

ESQUECIDO
Entre Mulheres, por Hildur Guðnadóttir
Faltou indicar mulheres nesta categoria? CLARO QUE FALTOU. E a ausência mais sentida por aqui é a da compositora islandesa Hildur Guðnadóttir, ela que ganhou o Critics Choice Awards 2023 de Melhor Trilha Sonora por Tár. No entanto, segundo as regras da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de Hollywood, esse trabalho é inelegível por conta da predominância de músicas pré-existentes: “uma partitura não será elegível se tiver sido diluída pelo uso de música pré-existente”. Mas, calma lá, pois Hildur poderia ser lembrada pela trilha sonora de Entre Mulheres, trabalho que deveria tê-la colocado por aqui no lugar de algum marmanjo. Vale lembrar que Hildur Guðnadóttir já tem um Oscar em casa, por Coringa (2019). Uma pena que ela tenha ficado no caminho, sem passar da shortlist com os possíveis concorrentes.
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As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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