20210308 alejandro gonzalez inarritu papo de cinema

Não é incomum que grandes nomes do cinema demonstrem preocupação ou mesmo desconfiança quanto ao streaming, especialmente levando em consideração que, supostamente, a frequência nas salas de cinema diminui por conta do hábito de assistir a produções em casa. Por isso podemos considerar as recentes declarações de Alejandro González Iñárritu como um exercício de braçadas contra a maré. Numa rodada de conversas com seus conterrâneos Guillermo del ToroAlfonso Cuarón, o cineasta mexicano demonstrou mais preocupação com os rumos ideológicos dos filmes do que necessariamente com os meios pelos quais os espectadores os consomem.

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“A tecnologia, ou seja, como as pessoas estão assistindo aos filmes, isso me preocupa de menos. Há uma ditadura de ideias, isso sim é preocupante. Me preocupo com o fato de os filmes serem feitos para agradar a essa mídia atual. Filmes de Fellini ou Godard ainda são grandes se assistidos no computador. O tamanho da tela não muda o poder da ideia. Mas acho que as ideias estão sendo reduzidas ao tamanho do computador em termos de ideologia e todo mundo está participando disso. A redução da ideia é o que devemos discutir, não as possibilidades do meio. Antigamente somente se ouvia música nas salas de concerto, depois vieram os discos e mais adiante as rádios. Se você ouvir Beethoven ou Mozart em seus fones de ouvido, deixa de ser boa música? Obviamente, é melhor ir à sala de concertos e ouvir 120 músicos tocando ao vivo, mas não importa como você ouça, isso não diminui a ideia por trás da música”.

Vale lembrar que recentemente Alejandro González Iñárritu lançou um filme com selo Netflix, Bardo, Falsa Crônica de Algumas Verdades (2022). Aliás, Guillermo del ToroAlfonso Cuarón também são colaboradores de primeira ordem da plataforma de streaming, tendo feito com ela Pinóquio por Guillermo Del Toro (2022) e Roma (2018), respectivamente. E aí, o que você acha dessa polêmica que ainda promete muito pano para a manga? Utilize a caixinha dos comentários para se expressar.

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Bardo
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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.
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