O que está acontecendo com a Cinemateca Brasileira é um indício do descaso estatal com a cultura, aliás, algo que tem norteado as políticas do governo Jair Bolsonaro para o setor. Sem receber recursos federais há sete meses – isso mesmo – o local responsável por abrigar cerca de 250 mil rolos de filmes, 44 mil títulos de curta, média e longa-metragem, além de programas de televisão e documentos de valor incalculável, está correndo cada vez mais risco. Sem dinheiro para pagar os funcionários e realizar manutenções básicas, a instituição vê ameaçado o seu acervo imprescindível. Vale lembrar que após quatro incêndios, sendo o último em 2016, e da enchente que danificou milhares de peças em fevereiro deste ano, a Cinemateca está se transformando numa bomba relógio. Muitos estão apreensivos de que aconteça com ela uma tragédia semelhante a do Museu Nacional em setembro de 2018.
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Por falta de pagamento, a brigada de incêndio que cuidava do local parou de trabalhar no dia 26 de junho. No dia 27 houve uma falha elétrica no bairro e o gerador não entrou em ação, apresentando defeito. É bom pontuar que boa parte dos materiais preservados pela Cinemateca Brasileira precisa de condições climáticas e de iluminação ideais para não se deteriorar. Soma-se a isso a debandada (também por falta de pagamento) da empresa que fazia a manutenção do sistema de ar-condicionado e a iminente saída da terceirizada encarregada da segurança.
Para completar a situação periclitante, os funcionários da instituição vão entrar em greve por tempo indeterminado a partir desta terça-feira, 07, por conta dos salários e benefícios atrasados há meses. O governo federal parece deliberadamente de braços cruzados. Na última quinta-feira, 02, Helber Trigiueiro foi demitido do cargo de secretário nacional do Audiovisual, área responsável pela Cinemateca. O secretário especial da Cultura, Mário Frias, não deu sinais de empossar o substituto. Uma tragédia anunciada por vários fatores e atores conhecidos.
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