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Sinopse

Júlia é uma vlogueira que viaja aos Estados Unidos para visitar sua prima Hannah. Ao chegar em seu destino, adoece sem explicação e, enquanto está inconsciente, seu celular começa a enviar mensagens misteriosas. Intrigada e preocupada com Júlia, Hanna inicia uma investigação e é forçada a mergulhar nas profundezas da Dark Web.

Crítica

Selfies estão na moda há alguns anos. Do Facebook ao Instagram, passando por qualquer rede social, sempre há milhares de fotos dos exibicionistas em busca de alguns likes enquanto mostram seu cotidiano (atire a primeira pedra quem nunca). Outra moda que tem tomado conta, mas dos cinemas, é a das "versões estendidas" (se assim podemos chamar) de curtas-metragens que viralizaram e fizeram sucesso na web. Selfie Para o Inferno une os dois fatores. É mais um que bebe na fonte de longas como Mama (2013) e Quando as Luzes se Apagam (2016), que também se basearam em curtas. Porém, se os dois títulos mencionados são satisfatórios, o mesmo não pode ser dito deste horror – no sentido pejorativo, mesmo, da palavra.

Há uma trama básica. Julia (Meelah Adams) é uma social influencer famosa por selfies e vídeos online. Ela visita sua prima, Hannah (Alyson Walker), pretendendo passar alguns dias. Só que, na verdade, a garota está fugindo de algo insondável. A única pista é que aconteceu algo entre ela e o namorado – ou apenas com ele. Logo, a vlogueira cai de cama por conta de uma doença misteriosa. Enquanto isso, sua prima resolve investigar o que de fato ocorre com a companheira de tantos anos e se mete em enrascadas que envolvem a deep web e espíritos mal intencionados.

Tudo é ruim neste longa de Erdal Ceylan, que também assina o roteiro e é responsável pelo curta original. Porém, se ele achou que adaptar uma produção de dois minutos para um projeto de 75 seria algo fácil, se deu mal. Nada faz sentido. Primeiro, Julia cai de cama, Hannah chama um médico que recomenda antibióticos e a garota não melhora. Se alguém doente na sua casa não acorda, ficando deitado por mais de um dia, com febre alta, o mínimo a fazer é chamar especialistas (de novo) ou levar direto a um hospital, correto? Segundo o autor, errado. Hannah fica mais interessada em achar que há algo sobrenatural (sem grandes provas disso) do que cogitar uma segunda opinião médica.

Vale ressaltar que, óbvio, ela tem um crush online. Um casinho tratado como amigo. Na verdade, o cara é um stalker apaixonado pela garota. Mais ainda. É um hacker e sabe tudo de computadores. Obviamente, ele vai dar um norte para a jovem, indicando quais caminhos ela deve seguir na deep web (aquela região bem light das redes onde se encontra assassinos, pedófilos, como um Mercado Livre macabro da vida). Quanto mais a trama "avança", mais sem nexo fica, com um romance desnecessário que mal engrena, um tarado por dor na jogada e, ainda por cima, fica a dúvida se existe realmente uma entidade maligna por trás de tudo.

A única coisa que o diretor oferece são sustos. Aliás, sustos não, jump scares. Tentativas malfadadas que causam sono no espectador, mais do que qualquer frio na barriga. E a trilha incessante não ajuda. O elenco, menos ainda. Meelah Adams foi a estrela do curta original, mas passa o filme inteiro desacordada na cama. Alyson Walker até tenta no início dar credibilidade à sua personagem, mas logo desiste, já que fica o questionamento se Hannah é apenas ignorante ou mais um aspecto mal trabalhado do filme. Ficamos na torcida pela segunda opção, porque é difícil engolir as burradas que a protagonista faz a cada passo, seja por revelar seus dados de forma tão ingênua para nicknames estranhos da deep web ou por "enfrentar" barulhos na escuridão da noite anunciando que está armada com uma faca de cozinha.

Uma das "dicas" que as vítimas do filme devem seguir é não olhar selfies onde aparece a tal presença apavorante. Talvez o real toque seja para os espectadores não assistirem à tamanha porcaria. Olha, é difícil acabar com um longa numa crítica, porque ainda se tenta ponderar todo o trabalho da equipe, as dificuldades de se fazer cinema comercial e rasteiro fora de Hollywood, etc. Mas, aqui, tudo é indefensável. Da vontade caça-níquel à falta de criatividade/talento, a única coisa que resta ao final desta pouco mais de uma hora interminável são bocejos. Dos grandes. No final, era melhor ter ido ao inferno mesmo.

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é crítico de cinema, apresentador do Espaço Público Cinema exibido nas TVAL-RS e TVE e membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista e especialista em Cinema Expandido pela PUCRS.
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Matheus Bonez
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Edu Fernandes
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MÉDIA
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