O Senhor dos Anéis: As Duas Torres
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The Lord of the Rings: The Two Towers
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2002
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EUA / Nova Zelândia
Crítica
Leitores
Sinopse
Crítica
O Senhor dos Anéis: As Duas Torres pode ser analisado, cinematograficamente, sob duas formas distintas: como a segunda peça de um quebra-cabeça muito maior, que se conclui apenas ao lado do primeiro (A Sociedade do Anel, 2001) e do terceiro episódio (O Retorno do Rei, 2003), ou como uma obra independente, tendo cada segmento da trilogia seus propósitos e intenções distintas. Ambas as visões estão certas, com seus prós e contras. No entanto, se há uma certeza em relação a elas, independente do modo como as observamos, é de que estamos diante de um dos maiores marcos do cinema moderno, um épico de proporções gigantescas sob vários aspectos.
A saga O Senhor dos Anéis é um espetáculo para todos os sentidos. Visualmente deslumbrante, ganha mais importância ao pensarmos na sua forte relação com o mundo literário, visto que é baseado em um dos livros mais cultuados de todos os tempos. O melhor de tudo, no entanto, é perceber como a transposição de um universo a outro – das letras para as imagens – é tão satisfatória e impactante. Quem já é apreciador da obra original não tem o que reclamar diante desse fenômeno.
Enquanto seqüência, As Duas Torres consegue ir contra o mito de que uma continuação raramente consegue superar o longa original. Com mais ação e utilizando de uma dinâmica impressionante, o que se vê na tela provoca uma reação de perplexidade ainda maior do que a percebida em A Sociedade do Anel. Dessa vez, com a irmandade desfeita, não há mais um único trajeto a ser seguido, e três destinos diferentes precisam ser vislumbrados: os tortuosos caminhos de Frodo, de seu companheiro Sam e do assustador Gollum/Sméagol em sua jornada a Mordor para destruir o Um Anel; os hobbits Merry e Pippin, que foram seqüestrados por uma horda de orcs selvagens, mas que logo ficam sob os cuidados do ent Barbárvore, um ser milenar e de importância decisiva para o futuro da Terra-Média; e do aventureiro Aragorn, do elfo Legolas e do anão Gimli que, juntos, irão ajudar a defender o reino de Rohan e colaborar na reunificação dos homens.
Surpresas não faltam em As Duas Torres. Para quem apreciou o filme anterior, talvez a melhor notícia seja a volta do mago Gandalf, agora ainda mais forte, após ter vencido uma batalha decisiva com o demoníaco monstro Balrog. Mas quem irá deixar qualquer um de queixo caído é o personagem digital Gollum/Sméagol, feito com a mais avançada técnica jamais empregada em Hollywood. Suas expressões, movimentos e presença é tão forte que coloca no passado qualquer outra manifestação semelhante, como o Dobby de Harry Potter e a Câmera Secreta (2002) ou o Yoda recriado para Star Wars: Episódio II – Ataque dos Clones (2002). Durante as mais de três horas de filme (que passam num piscar de olhos, tamanho é o arrebatamento proporcionado por tal experiência) é impossível, na maioria das vezes, discernir o que é verdadeiro ou não no que é visto na tela grande. A precisão dos detalhes, a veracidade das interpretações e a consistência da história nos envolvem de tal modo que somente sendo muito racional para se alienar de todas essas emoções.
Os três longas da trilogia foram indicados ao Oscar de Melhor Filme. As Duas Torres, no entanto, foi o que conquistou menos indicações (6) e prêmios (apenas 2, efeitos visuais e edição de som). Nas bilheterias seu retorno foi superior ao longa de estreia, com mais de US$ 900 milhões arrecadados em todo o mundo, mas por outro lado ficou bem aquém do resultado absurdo alcançado por O Retorno do Rei, que somou mais de um bilhão de dólares. Estes reflexos dizem respeito diretamente ao efeito sanduíche que o filme sofreu, acusado por muitos por não ter “nem início, nem fim”. Afinal, quando a trama começa estamos no meio da ação, e no clímax da história ela é interrompida, para ser concluída apenas no episódio seguinte. Mas, por outro lado, há tanto para se observar e aprender com o que aqui presenciamos que ir além seria exagero. O formato é tudo, e aqui se revela ainda mais fundamental.
Peter Jackson, o visionário responsável por essa realização, é um gênio comparável a poucos já vistos sob a batuta da sétima arte. O Senhor dos Anéis, a saga, é um marco praticamente intransponível, seja tanto pela aprovação do público quanto pela reverência da crítica. Isolados, são grandes e excelentes filmes, que funcionam perfeitamente cada um ao seu modo. Mas o melhor é que quando postos lado a lado se tornam ainda mais eficientes e impactantes. Um é melhor do que o outro? Arriscado demais fazer tal afirmação, uma vez que são tão diferentes quanto os irmãos de personalidades distintas. Afinal, fazem parte da mesma família, que de braços abertos espera pela nossa redenção.
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