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Sinopse

Numa terra fantástica e única, chamada Terra-Média, um hobbit (seres de estatura entre 80 cm e 1,20 m, com pés peludos e bochechas um pouco avermelhadas) recebe de presente de seu tio o Um Anel, um artefato mágico e maligno que precisa ser destruído antes que caia nas mãos do mal. Para cumprir sua missão, Frodo terá um caminho árduo pela frente, e ao seu lado estarão outros hobbits, um elfo, um anão, dois humanos e um mago: a Sociedade do Anel.

Crítica

Era difícil crer que algum cineasta conseguiria transformar a Terra Média das páginas de J.R.R. Tolkien em um universo igualmente fantástico nos cinemas. A longa extensão das histórias era um empecilho praticamente intransponível, assim como a grande variedade de personagens e a necessidade de efeitos especiais que, até alguns anos antes da produção, simplesmente não eram disponíveis de forma convincente. No melhor exemplo do homem certo no lugar e tempo certos, Peter Jackson surgiu com a ideia de transpor os escritos de Tolkien para a telona, criando boa parte da tecnologia necessária para conseguir colocar o projeto nos eixos. Assim, em 2001, estreava o primeiro capítulo de uma das trilogias mais festejadas da história do cinema: O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel. Com pilhas de prêmios, sucesso estrondoso de bilheteria e resposta muito positiva da crítica, o longa-metragem dava o pontapé inicial para uma viagem inesquecível à Terra Média.

Para levar os três livros de O Senhor dos Anéis para os cinemas, Peter Jackson contou com a ajuda da esposa, Fran Walsh, e da produtora e amiga de longa data Philippa Boyens, para adaptar a obra em três roteiros. A ideia original, inclusive, era fazer apenas dois longas – e roteiros foram escritos pensando desta forma. Foi só quando Jackson fechou com a New Line Cinema é que uma trilogia foi encomendada e os roteiros tiveram de ser readaptados.

Na trama, o hobbit Bilbo Bolseiro (Ian Holm) está completando 111 anos e resolve dar uma grande festa no Condado, local onde mora, para festejar com todos os parentes e amigos. Mal eles sabem que a comemoração é, na verdade, uma despedida. Bilbo pretende partir, tirando a poeira de seus pés peludos, embarcando em uma nova aventura. Gandalf, o mago cinzento (Ian McKellen), é um dos convidados de honra da festa e toma conhecimento dos planos de seu velho amigo. Antes de partir, o velho hobbit deixa para trás – muito à contra gosto – um anel mágico como presente para seu sobrinho, Frodo (Elijah Wood). E esta preciosidade transformará completamente a vida do jovem rapaz.

Gandalf descobre que forças do mal procuram desesperadamente aquele anel e que se mãos erradas caírem sobre ele, a Terra Média estará condenada para sempre. Para impedir isso, Frodo é mandado – ao lado de seu amigo Samwise Gangee (Sean Astin) – para longe do Condado, despistando os cavaleiros negros enviados por Sauron, antiga figura maléfica que governava aquelas paragens. Com a adição de mais dois hobbits – Pippin (Billy Boyd) e Merry (Dominic Monaghan) – naquela caravana, Frodo logo percebe que a tarefa será mais difícil do que poderia supor. Depois de escapar de alguns maus bocados, a comitiva hobbit encontra o misterioso Strider (Viggo Mortensen), figura que se mostrará crucial para o sucesso daquele esboço da sociedade – que estará completa com a adição do elfo Legolas (Orlando Bloom), o anão Gimli (John Rhys-Davies) e do humano Boromir (Sean Bean).

Como qualquer adaptação que se preze, existem diferenças significativas entre os escritos de Tolkien e a obra cinematográfica de Peter Jackson. A ausência de alguns personagens (como Tom Bombadil) e a inclusão de outros, com mais tempo de tela (como Arwen) teve impacto nos fãs, que chegaram a reclamar sobre o tratamento dado aos livros. No entanto, esta resposta negativa por parte dos admiradores acabou se dissipando com o tempo, quando Jackson conseguiu provar que tratava os personagens de Tolkien com a reverência pedida pelos fãs, mas também com a liberdade que qualquer realizador precisa para fazer seu próprio trabalho.

O que vemos na tela, no fim das contas, é uma belíssima Terra Média – capturada no país natal do cineasta, a Nova Zelândia – com grande parte dos personagens que costumávamos acompanhar nas páginas de O Senhor dos Anéis. O elenco, pinçado a dedo, cativa por conseguir trazer a personalidade de cada um daqueles seres fantásticos – com destaque para Ian McKellen e sua ótima performance como o sábio Gandalf, o Cinza. Nos próximos filmes da saga, nomes como Viggo Mortensen, Orlando Bloom e Andy Serkis (como o venenoso Gollum) ganhariam a devida ênfase.

Gravados ao mesmo tempo, os três episódios da trilogia são um exemplo de bom planejamento e execução inteligente. Importantíssimo que o elenco se mantivesse o mesmo e com similar pegada em suas performances. Isso é alcançado pelo mergulho que os atores realizaram durante a produção, fazendo seu trabalho de uma vez só nos três longas.

Com efeitos especiais impressionantes e trama bem adaptada, O Senhor dos Anéis: A Sociedade do Anel é um dos episódios mais interessantes da trilogia. Além de acompanharmos o começo da jornada, temos contato com personagens interessantes e ação em doses generosas. Ainda que o filme exibido nos cinemas seja um tanto longo, prefira a versão estendida, lançada posteriormente em homevideo. Nela, os acontecimentos são ainda melhor resolvidos, a narrativa tem andamento mais elegante e algumas importantes passagens do livro são mantidas. São 208 minutos muito bem investidos – principalmente para quem é fã dos personagens criados por J.R.R. Tolkien.

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é crítico de cinema, membro da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul. Jornalista, produz e apresenta o programa de cinema Moviola, transmitido pela Rádio Unisinos FM 103.3. É também editor do blog Paradoxo.
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