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Sinopse

Sauron planeja um grande ataque a Minas Tirith, capital de Gondor, o que faz com que Gandalf e Pippin partam para o local na intenção de ajudar a resistência. Um exército é reunido por Theoden em Rohan, em mais uma tentativa de deter as forças de Sauron. Enquanto isso Frodo, Sam e Gollum seguem sua viagem rumo à Montanha da Perdição, para destruir o Um Anel.

Crítica

E finalmente foi possível dormir em paz. Durante dois anos inteiros, desde o final de 2001, uma sombra terrível acompanhou fãs e cinéfilos por todo o mundo, num misto de sofrimento e prazer: ao assistirmos pela primeira vez A Sociedade do Anel (2001), o capítulo inicial de O Senhor dos Anéis, somente uma dúvida permanecia no ar – conseguiria o mago Peter Jackson, diretor dos três filmes, repetir o encanto mais duas vezes, concluindo a saga de modo ainda mais espetacular? Pois bem, aqueles que mantiveram essa indagação até o último instante puderam relaxar em paz: O Senhor dos Anéis: O Retorno do Rei, episódio derradeiro da trilogia, consegue ser melhor do que os seus predecessores, finalizando com chave de ouro uma das empreitadas cinematográficas mais absurdas e bem sucedidas da história do cinema!

No final de O Senhor dos Anéis: As Duas Torres (2002) somos deixados nas seguintes situações: Aragorn (Viggo Mortensen), o futuro rei dos homens, consegue, ao lado do mago Gandalf (Ian McKellen), do elfo Legolas (Orlando Bloom) e do anão Gimli (John Rhys-Davies) defender o reino de Roham do ataque mortal dos orcs de Saruman (Christopher Lee). Esse, ao mesmo tempo, tem sua fortaleza em Isengard (uma das duas torres do título) destruída por Barbárvore (voz de John Rhys-Davies) e seus amigos ents, auxiliados pelos hobbits Merry (Dominic Monaghan) e Pippin (Billy Boyd), enquanto os também hobbits Frodo (Elijah Wood) e Sam (Sean Astin) eram liberados pelo príncipe de Gondor, Faramir (David Wenham) para seguirem em sua missão, sendo guiados por Gollum (Andy Serkis), rumo à Mordor e à Montanha da Perdição, onde poderiam, finalmente, destruir o Um Anel.

O Retorno do Rei, por sua vez, começa exatamente nos mesmos pontos onde fomos deixando anteriormente, dando continuidade às ações planejadas. Assim, Gandalf, Aragorn, Legolas e Gimli partem de Roham a Isengard para verificar o trabalho dos ents e recolherem Merry e Pippim. Lá encontram um pallandír – uma pedra de vidência – que por um deslize acaba revelando os planos de Sauron (o grande vilão, que quer a todo custo reaver seu Um Anel do poder) aos membros da Sociedade do Anel remanescentes. Assim, descobrem que um ataque à Minas Tirith, a cidade-branca que permanece ilesa, em Gondor, o último reino dos homens, está sendo planejado. Gandalf e Pippin partem para avisar o regente do local, Denethor (John Noble), mas esse está tomado pela loucura desde que ficou sabendo da morte de seu filho Boromir (Sean Bean) e do estado precário que se encontra o irmão deste, Faramir. Diante este cenário, caberá ao próprio Gandalf organizar as forças de Gondor perante o ataque eminente.

Enquanto isso, num outro ponto da Terra Média, o rei de Roham, Theodén (Bernard Hill), reagrupa seu exército de cavaleiros e se direciona a Gondor para oferecer ajuda, enquanto Aragorn, Legolas e Gimli vão atrás de uma ajuda “sobrenatural” que será decisiva na batalha, indo em direção às Sendas dos Mortos. E, já em Mordor, a terra maldita de Sauron, Frodo, Sam e Gollum continuam em sua jornada, contra todas as adversidades possíveis, para destruírem o Um Anel, o único feito que pode assegurar definitivamente a vitória dos povos justos e de bem da Terra-Média contra as forças do Mal. Mas querem os três o mesmo destino? Ao mesmo tempo em que o novo rei dos homens – Aragorn – irá ressurgir para dar continuidade a sua linhagem de heróis e, desse modo, reunificar todos os povos diante um futuro resplandecente.

Mais do que isso não se pode dizer. O Retorno do Rei é uma experiência que precisa ser vivida, não contada. Tudo funciona impressionantemente bem, as tramas paralelas recebem a mesma atenção e, inacreditavelmente, conseguem atrair de modo uniforme a nossa atenção sem, no entanto, se sobreporem umas às outras. Se a batalha nos Campos de Pellenor (somente assistindo para ser convencido de que o embate presenciado no Abismo de Helm em As Duas Torres era coisa de criança) nos faz pular da cadeira, a aventura vivida na caverna de Laracna (numa das sequências mais bem dirigidas de todo o filme) faz qualquer um suar frio do início ao fim. A mão segura de Peter Jackson e seu total domínio sobre a história que busca contar fornecem o cenário perfeito para a construção de um dos mais bem-sucedidos filmes de toda a história, independente do campo considerado para essa avaliação.

Tudo que é visto – e sugerido – funciona inacreditavelmente bem, como uma ópera há muito ensaiada. Estamos diante de um épico fenomenal, uma gigantesca obra de mais de 10 horas de duração – toda a trilogia combinada – que atinge seu clímax de modo a não mais ser esquecido por essa ou pelas próximas gerações! Um trabalho digno de um mestre da sétima arte, que soube se apropriar de um texto admirado e louvado por tantos há décadas e tratá-lo com respeito, mas sem se sucumbir à importância original. Assim, conseguiu criar algo novo e tão atraente quanto sua fonte original. Após o término da sessão, ao invés de lamentarmos pelo fim – afinal, tão cedo não será possível passar por sensações iguais novamente – devemos agradecer por essa chance de vermos, com nossos próprios olhos, um fenômeno como esse se concretizar diante de nós.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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