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Sinopse

Holly queria muito adotar um filho, mas seu marido Nate não se sente pronto para isso. Pressionado, acaba indo parar num grupo de novos pais. Dois jovens engravidam após a primeira noite juntos. Pais que não sabem como lidar com a vinda do primeiro filho. Um casal de celebridades que decidem se casar quando se descobrem grávidos. A mulher que encara a própria gravidez sem o menor contratempo, sempre contando com a ajuda do marido.

Crítica

O que esperar de O que esperar quando você está esperando? Não muito, certo? Afinal, trata-se da adaptação cinematográfica de um guia sobre gravidez humana. Ou seja, pegou-se um livro técnico, repleto de exemplos, escolheu-se alguns deles – supostamente os mais representativos – e tentou-se criar uma trama única que os colocassem unidos de uma forma ou outra. Digo tentou porque é justamente o que temos: uma tentativa. As tramas não funcionam, os personagens são rasos, as soluções para aproximá-los são fracas e óbvias, os atores estão mais desfilando do que tentando criar uma atmosfera crível e o diretor parece ter saído de férias e deixado cada um por conta própria. Difícil de acreditar que se trate do mesmo Kirk Jones do ótimo A Fortuna de Ned (1998), mas compreensível quando nos damos conta que estamos falando do homem que entregou entre estes dois títulos os mornos Nanny McPhee (2005) e Estão Todos Bem (2009).

A estrutura de O que esperar quando você está esperando é bastante simples: temos cinco diferentes exemplos de gravidez que servem para mostrar o que acontece a cada um destes casais quando a cegonha está prestes a chegar. São elas: o casal que não consegue engravidar e por isso recorre à adoção (Rodrigo Santoro e Jennifer Lopez); as celebridades que engravidam por descuido e decidem assumir um casamento às pressas (Cameron Diaz e Matthew Morrison); a expert em gravidez que sofre horrores com as mudanças inesperadas provocadas pela vinda do primeiro filho (Elizabeth Banks e Ben Falcone); a dupla que encara a novidade tranquilamente e sem o menor problema (Dennis Quaid e Brooklyn Decker); e os jovens que engravidam na primeira transa e não sabem muito bem como lidar com a novidade (Chace Crawford e Anna Kendrick). O que acontece a cada um é bastante simples e direto, sem muitos rodeios. Por fim, há ainda o grupo de pais liderados por Chris Rock que serve para alertar aos futuros papais como se prepararem para o que está por vir.

Seguindo mais ou menos o mesmo modelo de Ele não está tão afim de você (2009), que da também fazia uso de diferentes histórias para exemplificar as lições de um livro de auto-ajuda, O que esperar quando você está esperando se apoia muito mais nos clichês e nas piadas fáceis do que no que nas consequências reais destes episódios. Não conseguem engravidar? Vamos para a  África comprar um bebê carente! Engravidaram por descuido? Sem stress, uma solução irá aparecer! Os pais discordam de tudo em relação aos cuidados do futuro filho? Tudo bem, o que importa é que se amam! Tudo dá errado com a grávida que estava preparada, ao mesmo tempo em que nenhum imprevisto acontece – nem mesmo dores de parto! – com aquela que foi pega de surpresa? Ao tratar a gravidez como uma roleta-russa, a impressão que se tem é que o que de fato importa é a risada inconsequente dentro da sala de cinema, ao contrário do livro em que a obra se baseia, que ao menos tentava ensinar algo que fosse útil.

A mais perfeita constatação da superficialidade deste filme está no elenco, formado com a intenção de representar uma diversidade independente da química entre os atores ou da verossimilhança de suas histórias. É sintomático constatar que a melhor dupla defenda o conto mais fraco, justamente o mais distante do tema inicial – afinal, Crawford e Kendrick são lindos e o romance dos dois convence, mesmo sem resultados práticos para a proposta do enredo. Dentre os demais, é difícil dizer quem funciona menos, se Morrison e Diaz, Santoro e Lopez ou Banks e Falcone! Nesse caos sem lógica, mesmo a diferença de 33 anos entre Quaid e Decker (Esposa de mentirinha, 2011) acaba importando menos e até fazendo sentido. Afinal, o que importa aqui não é o conteúdo, e sim a forma. E para isso basta Joe Manganiello correndo sem camisa, pois disso há bastante e deve entreter as mamães o suficiente para esquecerem o que, afinal, as levou até ali em primeiro lugar.

As duas abas seguintes alteram o conteúdo abaixo.
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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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