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Sinopse

Ex-ator mirim e astro de TV, Balthazar Bratt foi um típico malvado bem-sucedido nos anos 1980. De volta à ativa, ele tentará de tudo para ocupar o posto de novo supervilão, causando o terror na vida de Gru, Agnes, Margo, Edith, Dr. Nefario e os atrapalhados Minions.

Crítica

A terceira aventura cinematográfica de Gru e companhia tem um sabor especial para quem viveu os anos 80. O saudosismo atende pelo nome de Balthazar Bratt, antagonista da vez. Ator de um programa de sucesso no passado, ele resolve assumir o papel fictício e se tornar verdadeiramente vilão. Do visual ao gosto musical, tudo nele remete à década de 80, obviamente em chave cômica. Portanto, quem já brincou com o Genius, consumiu Chiclete, teve aquele robô amigo e dançou ao som de A-Ha, Cyndi Lauper, Madonna e afins tem garantidos alguns lampejos de boas alusões. Todavia, Meu Malvado Favorito 3 não se resume somente a ele. Temos o retorno da turma conhecida. Gru deixou para trás a conduta maléfica, mantendo o trabalho com sua amada Lucy na agência de combate aos bandidos de plantão. É exatamente ao cruzar o caminho do ex-menino prodígio da TV que começa o seu inferno astral.

Meu Malvado Favorito 3 não se ressente principalmente do fato de ser genérico e de sequenciar sem muitas novidades o que fora construído nos dois filmes anteriores. O grande problema aqui é a dispersão, mais especificamente a fragmentação da narrativa. Há a opção por criar pequenos núcleos a serem contemplados alternadamente. Assim, quando Gru descobre ter um irmão gêmeo, se abre uma nova potencialidade, outro veio que é devida e mecanicamente alimentado. O procedimento fica muito evidente no decorrer da narrativa, o que atrapalha sua fruição para além da simpatia e da curiosidade superficiais alcançadas. Há pouca disposição para investir no transtorno que sobrevém à demissão do protagonista, na sua ensaiada crise existencial, complicada, inclusive, pela rebelião dos Minions. As criaturas amarelas não aceitam trabalhar mais para alguém que abandonou a vocação de tocar o terror no mundo.

Balthazar e Dru são as únicas coisas genuinamente novas de Meu Malvado Favorito 3. A despeito de estar no centro das melhores cenas – exatamente as que dizem respeito a elementos oitentistas, o que pode restringir a experiência de quem não possui a base das referências – o primeiro é bastante mal aproveitado. Enquanto Gru, Lucy e as meninas estão na companhia do irmão semidesconhecido, o vilão praticamente some do filme, surgindo eventualmente. Em determinado momento, até mesmo a obsessão de Agnes por unicórnios tem mais atenção que os planos maléficos de vingança contra Hollywood. O excesso de subtramas prejudica sobremaneira o andamento da animação, particionando demasiadamente a nossa experiência e, por conseguinte, enfraquecendo as possibilidades de cada núcleo. No que concerne à técnica, não há objeções, pois ela continua eficiente.

A participação dos Minions é exemplar desse caráter quase episódico de Meu Malvado Favorito 3. Depois de negarem auxilio a Gru, eles passam a ter cota própria de peripécias, devidamente deslocadas, literalmente à parte do percurso dos demais personagens. A dinâmica matrimonial entre Gru e Lucy é desenvolvida no limite da mera citação, tampouco configurando algo realmente importante. O longa-metragem de Pierre Coffin, Kyle Balda e Eric Guillon se contenta em apresentar mais do mesmo, não ofendendo a inteligência das plateias mirim e adulta, por certo, mas sem almejar a evolução da cinessérie. A inclusão de novas figuras na vida atribulada do agora ex-vilão (marido e pai de três filhas) Gru é feita de maneira esquemática, sem a preocupação de tonifica-las dramaticamente. É um bom entretenimento escapista, semelhante em tantos pontos aos dois anteriores, mas combalido pela falta de foco.

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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