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Sinopse

Hunter S. Thompson se muda para Porto Rico nos anos 1960 depois de sair da Força Aérea e do período como funcionário exemplar da Time Magazine. As experiências no país o inspiraram a escrever Diário de Um Jornalista Bêbado (The Rum Diary), livro que permaneceu incógnito por décadas.

Crítica

Aos 35 anos, Johnny Depp interpretou uma versão ficcional de Hunter S. Thompson na maturidade no filme Medo e Delírio (1998). Agora, aos 48, o astro decidiu voltar ao universo do escritor, porém no começo de sua carreira, quando tinha pouco mais de vinte anos. E essa diferença de idade é apenas um dos problemas de Diário de um Jornalista Bêbado, um longa cheio de boas intenções, mas como é de conhecimento popular, destas o inferno está cheio. Depp está bem, mas lhe falta a jovialidade, o frescor e a inexperiência necessária para dar vida a um tipo perdido em si mesmo e em busca de um caminho a seguir. Isso, aliado a uma condução fraca e sem muito rumo, fazem dessa uma obra digna de curiosidade, mas não mais do que isso.

Hunter S. Thompson ficou conhecido como o pai do “jornalismo gonzo”, ou seja, quando a reportagem é feita em primeira pessoa e há uma falta de definição sobre o que é real e o que não passa de ficção. Essa insatisfação com o modelo tradicional da profissão se manifestou logo cedo, quando abandonou um início de carreira promissora em Nova York nos anos 1950 para atuar em Porto Rico. Lá não havia cobrança, muito menos expectativas. E foi desse período que nasceu Rum: Diário de um Jornalista Bêbado, livro em se baseia esse filme. O protagonista até pode se chamar Paul Kemp (Depp), mas não se engane: trata-se do mesmo Thompson que, em 2005, iria se suicidar com um tiro de espingarda na cabeça.

Kemp chega na ilha de Porto Rico para trabalhar em um jornal local em plena Guerra Fria. Legítima terra de ninguém, é explorada por aproveitadores em busca de dinheiro vindo do turismo e das oportunidades que surgem desse paraíso sem legislação fiscal nem controle político. E é um destes empresários (Aaron Eckhart, de Batman: O Cavaleiro das Trevas, 2008) que se aproxima dele com a proposta de ouro: basta que ele comece a falar bem na imprensa dos negócios liderados pelo negociante que tudo começará a dar certo durante sua estadia por ali. Bons carros, um melhor apartamento, as melhores companhias, dinheiro para o que for preciso – basta pedir! Ele só não deveria ter se metido com a namorada do novo “padrinho”!

Dirigido por Bruce Robinson, ator de Truffaut em A História de Adèle H. (1975), indicado ao Oscar pelo roteiro de Os Gritos do Silêncio (1984) e que há quase vinte anos não realizava um filme (seu último havia sido o suspense mediano Jennifer 8, em 1992), Diário de um Jornalista Bêbado ressente de uma mão firme que diga onde chegar. O protagonista está em forma, os coadjuvantes são convincentes (destaque para Giovanni Ribisi, de Avatar, como o colega de redação eternamente embriagado), e a trama alterna com equilíbrio momentos de humor com outros de tensão. Porém no conjunto tudo parece soar solto demais, como se faltasse algo que desse a liga. Os acontecimentos vão surgindo muito ao acaso, como se fossem meras coincidências. Não há uma presença ética ou moral muito forte em nenhum dos envolvidos, tornando difícil a tarefa de julgar o caráter dos personagens. Como resultado, quem se distancia é o público, que não só não consegue se convencer do que está se passando como também deixa de se importar. E o que no início era curioso se torna sonolento. Exatamente o que o próprio Thompson sempre tentou evitar.

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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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Robledo Milani
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Alysson Oliveira
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MÉDIA
5

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