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Sinopse

Cole é loucamente apaixonado por Bee, sua babá. Até que o garoto acaba descobrindo que ela na verdade é uma assassina adoradora do Diabo. Com isso, para que não revele o segredo, Cole está na mira da babá e seus amigos.

Crítica

Quem viveu os áureos tempos da Sessão da Tarde deve lembrar que a temática de um em cada cinco filmes era a busca da autoconfiança na adolescência. Mudavam o gênero e o cenário, mas no fundo era sempre sobre alguém descobrindo as agruras da vida por meio da aventura. As melhores produções com esse viés marcaram gerações e o ponto em comum entre elas era não se levar tão a sério, ao contrário de A Babá, recente produção da plataforma Netflix, que segue a linha de seus pares Pequeno Demônio (2017) e Amores Canibais (2017): quer ser um bom filme de terror, mas não passa de uma brincadeira visual sem criatividade.

Já na largada, A Babá deixa clara a sua influência do slasher, subgênero conhecido pela contagem de corpos e no qual um serial killer persegue jovens vítimas. A malvada, neste caso, é Bee (Samara Weaving), típica jovem loira sexy de Hollywood que busca forças demoníacas. Num bico como babá do tímido Cole (Judah Lewis), nasce uma suposta amizade insólita. Óbvio que é o sonho de qualquer garoto púbere ter uma garota mais velha e linda tomando conta dele enquanto seus pais viajam. Mas a relação da dupla no filme dirigido por McG quer se mostrar profunda e torna-se ainda mais caricata. Aliás, a direção de arte do longa parece ser a de um desenho animado. Dos móveis da casa de Cole aos figurinos dos amigos de Bee, tudo tem aroma de Scooby-Doo. Mas, ao contrário da criação da dupla Hanna-Barbera, o tal terror somente surge com quase meia hora de filme e é resumido a jatos de sangue e caretas que deveriam ser de maldade.

Em resumo, Bee quer o sangue de Cole para pactuar com o diabo e realizar seus desejos. Desejos estes que ela não deixa claro quais são. Com um fiapo de roteiro, A Babá tenta equilibrar mortes e humor, mas é infeliz. O protagonista Judah Lewis é esforçado, contudo o desenvolvimento de seu personagem não ajuda muito, assim como Weaving, que só precisa ser sensual e deixar a câmera perder um bom tempo em seus lábios carnudos, lembrando um pouco outro filme na mesma linha, Garota Infernal (2009), de Karyn Kusama. Para um público juvenil, ainda sem grande estrada em filmes de terror, o longa-metragem pode ser uma boa diversão, mas basta ter uma lista de mais de cinco produções slasher dos anos 70 e 80 que o espectador estará fadado ao tédio. Nem as brincadeirinhas à lá Quentin Tarantino, com letreiros nomeando os personagens, salvam, sem contar as piadas racistas.

A Babá é mais um investimento da plataforma streaming no público jovem que sai pela culatra. Um atentado contra a inteligência do espectador adolescente em tempos de inocência perdida com uma busca no Google e alguns grandes filmes que continuam impressionando a garotada. Olhar para trás com mais cuidado e perder o vício de tentar fazer graça de tudo pode ser uma boa dica para que não tenhamos de conviver com mais produções como esta.

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é jornalista e especialista em cinema formada pelo Centro Universitário Franciscano (UNIFRA). Com diversas publicações, participou da obra Uma história a cada filme (UFSM, vol. 4). Na academia, seu foco é o cinema oriental, com ênfase na obra do cineasta Akira Kurosawa, e o cinema independente americano, analisando as questões fílmicas e antropológicas que envolveram a parceria entre o diretor John Cassavetes e sua esposa, a atriz Gena Rowlands.
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