Bom, num artigo anterior, explicamos a Mixagem de Som. Agora é a vez de falarmos brevemente sobre a categoria Edição de Som, sua irmã de sangue. O editor é aquele profissional que, basicamente, define o que ouviremos no decorrer do filme. É muita coisa, galera. Sons ambientes, efeitos sonoros, ruídos e barulhos de objetos, por exemplo, são responsabilidade desse profissional e sua equipe que, portanto, ficam encarregados de definir/produzir/recriar as sonoridades que vão desde os passos audíveis dos personagens à bateria de um ataque durante conflitos armados. Curiosidade: filmes que guerra tendem a sobressair nesta categoria do Oscar, talvez, justamente porque a construção do ambiente sonoro num longa-metragem do gênero é, por natureza, bastante complexa. Mas, no que diz respeito ao prêmio da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas de 2018, quem está praticamente com uma mão na estatueta? E quem pode colocar água no chope do favorito? Confira a nossa análise.

 

Indicados

 

FAVORITO: Dunkirk (Richard King e Alex Gibson)
Assim como na categoria Mixagem de Som, o filme de Christopher Nolan é o favorito aqui. Ganhou o BAFTA e o Satellite Awards (edição e mixagem) de Melhor Som, foi indicado aos prêmios da Association of Motion Picture Sound, do Circuit Community, ao Gold Derby Awards, à láurea da International Online Cinema, às distinções máximas da Motion Picture Sound Editors e da Online Film & Television Association. A dupla responsável pela edição mescla experiência e debute do que diz respeito ao Oscar. Richard King está em sua sexta indicação – ele possui já três Oscars, vencidos em 2004, por Mestre dos Mares: O Lado Mais Distante do Mundo, em 2009, por Batman: O Cavaleiro das Trevas e em 2011, por A Origem. Alex Gibson goza de sua primeira nominação. É bastante provável que ambos subam ao palco, radiantes, após a abertura do envelope.

 

QUASE FAVORITO, POR UM TRIZ: Blade Runner 2049 (Mark Mangini e Theo Green)
Outro caso de uma dupla concorrente que alia tarimba e estreia no Oscar. Mark Mangini soma cinco indicações – venceu em 2016, por Mad Max: Estrada da Fúria. Já Theo Green deve estar feliz da vida com sua primeira nominação. Blade Runner 2049 foi indicado a Melhor Som no BAFTA e no Satellite Awards, concorre aos prêmios da Association of Motion Picture Sound, do Circuit Community, da Online Film & Television Association e ao Gold Derby Awards. O mais importante: venceu o Motion Picture Sound Editors, o que o colocaria como favorito, não fosse uma tendência anual da estatueta de Mixagem e Edição irem para o mesmo concorrente. Difícil bater filmes de guerra nessas categorias, pelos motivos mencionados na abertura. Mas, não tá morto quem peleia, então Blade Runner 2049 tem grandes chances.

 

SÓ LEVA SE A FORÇA FIZER A DIFERENÇA: Star Wars: Os Últimos Jedi (Matthew Wood e Ren Klyce)
Aqui os dois editores são veteranos da Academia, porém nenhum deles chegou a ganhar um carequinha dourado para chamar de seu. Mattew Wood tem quatro indicações, Ren Klyce possui cinco. Star Wars: Os Últimos Jedi foi nominado a Melhor Som no BAFTA, aos prêmio da Circuit Community e da International Online Cinema, da Motion Picture Sound Editors e ao Gold Derby Awards. Muitas lembranças, nenhuma vitória significativa. É, portanto, pouco provável que o oitavo episódio da Saga Star Wars leve esta estatueta para casa, a não ser que Mestre Yoda, Darth Vader e companhia deem uma forcinha, literalmente. Caso contrário, é bom a dupla se contentar com o convite para a festa e pegar um bom lugar na plateia. Mas vejam pelo lado bom: não será preciso escrever previamente o discurso, nem improvisar um.

 

OLHA A ZEBRA AÍ, GENTE:  Em Ritmo de Fuga (Julian Slater)
Em princípio, nem colocaríamos Em Ritmo de Fuga como dono de alguma chance de vencer o Oscar 2018 de Melhor Edição de Som…MAAAAASSSS, ele surpreendeu, vencendo o principal prêmio da Association of Motion Picture Sound, o que colocou uma pulga atrás da nossa orelha. Então, o consideramos a zebra, aquele que pode ganhar, não sem surpresa. Julian Slater, o editor de som do filme de Edgar Wright, goza de sua primeira indicação ao Oscar. Em Ritmo de Fuga foi nominado, ainda, ao BAFTA, aos prêmios da Circuit Community, da Cinema Audio Society, da Motion Picture Sound Editors, da Online Film & Television Association, ao Gold Derby Awards e ao International Online Cinema Awards. É bastante coisa, ou seja, podemos ter a equina listrada passeando no palco da Academia. É bastante improvável, mas não impossível.

 

TROFÉU “SENTA LÁ, CLÁUDIA”: A Forma da Água (Nathan Robitaille e Nelson Ferreira)
Nathan Robitaille e Nelson Ferreira devem se contentar com sua primeira indicação ao Oscar. É muito difícil sustentar a ideia de que eles tenham possibilidades concretas de vencer esta estatueta, a não ser pela força de A Forma da Água como um todo. Tá certo, o filme foi nominado nesta categoria ao BAFTA, aos prêmios da Association of Motion Picture Sound, da Motion Picture Sound Editors, da Online Film & Television Association e ao Gold Derby Awards. Várias indicações, nenhuma vitória considerada importante como termômetro do Oscar. Esse cenário, portanto, não favorece o time de Guillermo del Toro, deixando os editores numa situação de expectativa baixa. Duvidamos que eles, sequer, pensem em discursos e coisas assim, afinal devem ter a noção da vantagem de alguns concorrentes que estão à frente pela cobiçada estatueta.

 

ESNOBADO: Logan (Donald Sylvester)
Se na categoria Mixagem de Som apontamos Mulher-Maravilha como o esnobado maior, vamos aqui variar um pouco, mas permanecendo na seara dos super-herois. Logan, indicado ao prêmio principal da Motion Picture Sound Editors e ao International Online Cinema Awards, bem que poderia figurar entre os cinco. Seria bonito, também, porque o experiente Donald Sylvester, o editor de som do filme do mutante da Marvel, nunca foi indicado ao Oscar. Poderia ser um reconhecimento e tanto, também, para o longa-metragem de James Mangold, um dos mais celebrados da temporada passada, exatamente por apresentar uma visão madura e violenta do ocaso de uma figura heroica como Wolverine, na despedida de Hugh Jackman do papel que lhe tornou mundialmente conhecido e que ajudou consolidar os X-Men no cinema.

:: Confira aqui as nossas análises das demais categorias ::

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.
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