O fatídico ano de 2020 marcou de modo permanente nossa História. Pensando estritamente no audiovisual, de uma hora para outra fomos privados das salas de cinema – fechadas, assim como boa parte dos serviços com potencial para gerar aglomeração –, e, por conseguinte, do caráter coletivo. Também repentinamente, vimos o tão importante streaming ganhar ainda mais protagonismo, pois o âmbito online se apresentou como alternativa principal ao escoamento da produção que aguardava o momento de chegar às telonas, mas que, por uma questão estratégica, precisou se contentar com as telas domésticas, das pequenas às enormes. Dentro dessa tentativa de compreender a continuidade dos cenários ainda mergulhados em incertezas, dessa vez nossos focos são os festivais de cinema. Embora haja bastante falácia a respeito desses eventos, infelizmente vistos ao longe por tantos como irrelevantes diante de problemas mais fundamentais (falácia típica de quem pensa superficialmente o funcionamento da coletividade), eles são fundamentais ao ecossistema do cinema, seja ele de qual nacionalidade e tamanho for.
Em 2020 muita gente acompanhou festivais de cinema pela primeira vez. Forçados a migrar parcial ou integralmente ao online, esses acontecimentos tiveram uma capilaridade significativamente maior, pois derrubadas barreiras geográficas. Alguns vêm chamando isso de democratização, talvez com boas intenções, mas sem perceber que o elogio carrega uma crítica complicada como parasita, pois se algo foi “democratizado”, antes era “elitizado”? É importante que pensemos em tudo isso, afinal de contas os festivais, como mencionado antes, são vitais, em alguns casos configurando a única oportunidade de filmes reverberarem público afora. Num país como o Brasil, em que praticamente não há políticas de resguardo e proteção ao nosso cinema, esses acontecimentos têm a possibilidade de serem, além de celeiros de novos talentos, privilegiados espaços de experimentação e reflexão, a única janela para fazer os filmes complementarem um ciclo de existência, ou seja, encontrar o público que os aprecie e debata.
Para tentar entender melhor esse cenário em mutação, ainda nebuloso, conversamos com quem entende. Falamos com Eduardo Valente, curador de notável trajetória (inclusive no Olhar de Cinema de Curitiba), além de um dos delegados internacionais do Festival de Berlim; Pedro Tavares, um dos curadores do Ecrã, voltado a filmes experimentais, realizado no Rio de Janeiro; e Wolney Oliveira, cineasta e diretor do Cine Ceará, cuja edição 2020 foi a única, entre os principais festivais brasileiros, que aconteceu de modo híbrido, ou seja, parte presencial, parte online/TV. A ideia desta matéria é, a partir dessas experiências e das ponderações que delas puderam decorrer, tentar imaginar qual será o terreno para os festivais de cinema nos próximos anos. Teremos pique para aguentar a maratona que vimos em 2020? Tendo uma enorme fadiga inevitável em vista, será que as programações terão de se adequar, talvez mais curtas ou com suas realizações sendo espaçadas? O online veio realmente para ficar?
PANDEMIA DECRETADA. FOI PRECISO ADAPTAR-SE RÁPIDO
“Quando começou a história do coronavírus na China, em dezembro de 2019 e janeiro de 2020 se agravando, pensei em como seria o Festival de Berlim. Mas, há uma coisa de cabeça de ocidental, geopolítica, de achar que mesmo sendo perigoso, todo mundo lá vai seguir protocolos e isso não vai se espalhar. Fui para a Alemanha um pouco preocupado, por conta da junção de pessoas do mundo inteiro. Levei máscara, mas achei que os cuidados básicos, simples, seriam suficientes. As salas estavam lotadas, havia festas, as tradicionais filas, enfim, tudo normal num festival desse tamanho. As delegações da Ásia foram afetadas. A vibe era meio essa. Bem no meio do festival, a situação ficou esquisita no norte da Itália. Comecei a ficar mais preocupado. Chegou a aparecer o primeiro caso em Berlim durante o evento. Falei que talvez fosse preciso considerar o cancelamento da premiação, mas o pessoal me olhava como se eu fosse maluco. Por fim, o festival aconteceu de modo relativamente normal até o fim. No voo de volta, permaneci direto com a máscara. Já tinha umas 30 pessoas da máscara no avião”, disse Eduardo Valente sobre o reflexo da pandemia no evento alemão, um dos principais do mundo, do qual é delegado internacional. Na esteira disso, vale lembrar que o Festival de Berlim 2021 vai acontecer online e o de Cannes foi adiado para julho. Veneza, que em 2020 foi realizado de forma presencial, ainda não definiu como vigorará.
“Até o último segundo estávamos avaliando o presencial. Um dia antes de ser decretada a quarentena, me reuni com um possível apoiador. Falamos disso, mencionamos a crise sanitária da China e conjecturamos que ficaríamos, talvez, uns 20 dias em casa. Logo, os 20 se tornaram 40, dois meses, e por aí vai. E nisso seguimos trabalhando, mas com vários produtores ou cineastas dizendo que se o evento fosse online eles retirariam seus filmes da seleção. Tínhamos planejada a vinda de cineastas para o Brasil, masterclas, a retrospectiva da Ana Carolina. Tudo isso não aconteceu por conta da pandemia. No final de maio, início de junho, ou seja, faltando um mês para o evento, decidimos que teria de ser online. Apresentamos o projeto para uma plataforma, pleiteando a gratuidade. Não conseguimos. Aliás, eles cobram em euro. Tínhamos apenas o dinheiro das inscrições. Levamos em consideração que, como todos estávamos fechados, teríamos a nosso favor o bom senso das pessoas. Quando o festival nasceu, saiu um peso dos ombros”¸ afirmou Pedro Tavares sobre sua experiência como uma das cabeças pensantes do Festival Ecrã.
Os festivais programados para acontecer no segundo semestre, embora ainda cultivassem a esperança da normalidade, ganharam tempo para adequação, inclusive, como no caso híbrido do Cine Ceará, de pensar formas alternativas. Wolney Oliveira falou sobre essa tomada de decisão de, em meio a tantas incertezas, seguir tendo uma parcela presencial, com presença de equipes e imprensa no Ceará, seguindo as recomendações sanitárias: “Fizemos no ano passado o que nunca acontece: tivemos de protelar o evento para dezembro por vários motivos. Primeiro, claro, por causa da pandemia. Aí o TSE adiou as eleições para o mesmo período que faríamos, em novembro. Tivemos de fugir disso. A captação caiu assustadoramente. No nosso caso, fazíamos questão de, seguindo as orientações sanitárias do governo do Estado do Ceará, ter uma parte presencial. Só que o mundo virtual é novo, às vezes as pessoas acham que não tem custo, pelo contrário, há vários custos não orçados sendo exigidos. Na verdade, fizemos dois festivais. Chegamos a pensar numa plataforma própria, mas estamos falando de R$ 100 mil. Gastamos uma fortuna para transmitir debates, cerimonial, entre outras partes da programação”.
O mundo virtual é novo, às vezes as pessoas acham que não tem custo, pelo contrário, há vários custos não orçados sendo exigidos.
“Em geral fechamos a programação do Olhar de Cinema em março. Estávamos em reuniões de trabalho, mas indo à reta final desse processo. Quando voltei, logo na primeira reunião, antes do Brasil decretar o fechamento de boa parte das atividades, mencionei que não teríamos festival por conta da pandemia. Ainda naquele momento, o pessoal achou minha colocação meio extrema. Passou uma semana, as coisas evoluíram muito rápido, irradiando por Estados Unidos e Brasil. Decidimos logo dar uma pausa para entender o cenário, já confirmados de que não rolaria provavelmente nas datas iniciais. A partir do momento em que começou a quarentena, estava todo mundo alterado mentalmente, precisando se adaptar a vida cotidiana. Decidimos parar o processo final de seleção, o das últimas três semanas. Foi preciso organizar as partes financeira e prática. Ficamos uns três meses em pausa. Aí os organizadores decidiram por fazer online, cravaram a data. Logo voltamos à rodada final de seleção”, completou Valente a respeito de sua dinâmica como membro proeminente da equipe que faz o Olhar de Cinema de Curitiba.
DESAFIO IMEDIATO: A RESISTÊNCIA DOS PRODUTORES
Não precisa necessariamente estar atrelado ao âmbito do cinema. Qualquer um que já teve experiência com a organização de eventos, sabe como pode ser algo exaustivo, repleto de contratempos. Agora, pense isso numa realidade que contempla inúmeros interesses envolvidos, dezenas ou até centenas de filmes produtores/cineastas/técnicos/elenco. Numa entrevista que fizemos em novembro de 2020 com Renata de Almeida, diretora da Mostra Internacional de Cinema de São Paulo (cuja íntegra você pode conferir aqui), ela falou sobre as barreiras a serem rompidas quanto ao convencimento para que os filmes fossem liberados à exibição remota.
“A pandemia acelerou certas coisas. Alguns filmes não topam estrear virtualmente, seja por TV aberta ou fechada. Temos o problema da pirataria. O meu filme Soldados da Borracha (2019) esteve no festival Ecofalante e foi pirateado. Existe um medo dos diretores por exibir online. A maioria prefere que seja numa plataforma. Mas, essa história da plataforma, nem todo mundo sabe acessar. Claro, foi uma experiência nova, tende a melhorar. Os diretores de festivais vão enfrentar problemas em relação a isso. A partir do momento que você exibe num canal por assinatura, o filme não é mais inédito nessa plataforma. Nenhum festival tem bala na agulha para pagar a grana pedida para que os produtores aceitem perder esse ineditismo. Tivemos problemas com dois filmes que não toparam exibição no linear. Apesar de seu uma tendência, vamos esbarrar nesse problema”, testemunhou Wolney.
“Todo mundo estava fechado. Por mais que houvesse a resistência de alguns em liberar seus filmes, sabíamos que eles teriam de entender. Quando o Festival de Locarno anunciou que seria online, Cannes foi cancelado, o pessoal começou a liberar mais, pois entendeu o cenário. Bem aos pouquinhos, conversando com cada um, explicando que a situação do Brasil era ainda pior por causa do nosso presidente. Conseguimos convencer boa parte dos realizadores”, disse Pedro.
A BONANÇA QUE VEIO APÓS A TEMPESTADE (?) E A FADIGA
Diariamente recebíamos releases notificando transferências de datas, migração para online, além de alterações nas programações. Novas possibilidades e restrições surgiam em semelhante medida. Um evento como o festival Ecrã, voltado ao experimental, naturalmente não comercial, sentiu rapidamente os efeitos de ter de acontecer remotamente. Além disso, foi um dos pioneiros no formato no fatídico 2020. “Para você ter uma noção do alcance, Sertânia (2020) foi visto por aproximadamente 4500 pessoas. A Cinemateca do MAM, onde o festival acontece presencialmente, tem 150 lugares. Esse alcance apenas seria equivalente no presencial se todas as sessões do evento, cerca de 40, estivessem lotadas. Essa é uma boa medida para o sucesso online. Mas, há certamente a ausência das trocas contando contra. O filme acaba, a gente não sabe a reação imediata das pessoas. Embora exista Twitter, Facebook, não é a mesma coisa. Recebemos mensagens de gente do Brasil inteiro falando da oportunidade que a versão online propiciou, sobretudo aos cidadãos do interior. Isso é ótimo”, disse Pedro.
“Com certeza tivemos a inclusão de um público novo. Isso fica evidente nas mídias sociais. Estamos contratando alguém para cuidar integralmente delas. Somando todas as redes, tivemos mais de 1 milhão de acessos em 2020. Existe um público a ser conquistado, cativado. É a linguagem da atualidade, uma coisa que decidiu eleição de presidente, não apenas aqui, mas nos Estados Unidos. Há ali um poder muito grande e multiplicador. Os festivais, forçados pela pandemia, estão explorando melhor essa janela e isso sim é uma coisa que vem para ficar e ser fortalecida. Mas, por melhor que seja o seu equipamento doméstico, não é a mesma coisa do que ir ao Cine São Luiz ou em qualquer sala de cinema. Claro que infelizmente muitas salas de cinema pequenas que estavam se aguentando vão fechar. As grandes estão em crise”, corroborou Wolney.
Recebemos mensagens de gente do Brasil inteiro falando da oportunidade que a versão online propiciou, sobretudo aos cidadãos do interior
Mas, claro, que houve fadiga decorrente do excesso de oferta. Com boa parte do público consumidor encerrado em casa, sobretudo no segundo semestre de 2020 os festivais acabaram se acumulando, às vezes se sobrepondo, criando uma sensação de angústia no cinéfilo (principalmente nos de consumo obsessivo) que rapidamente se viu acometido pelo cansaço. “Foi o ano em que mais assisti filmes na minha vida. Rolou uma fadiga, mesmo. Não tinha essa coisa de sair do trabalho, se deslocar. E nesse tempo economizado dava para encaixar outro filme. Vi um atrás do outro, às vezes quatro por dia. Chegava à noite e pensava ‘o que eu estou fazendo?’ (risos). Eu passei o dia inteiro no sofá”, completou Pedro. Tendo em vista o ritmo lento de vacinação, bem como a ausência de uma política federal mais ostensiva para mudar esse cenário e assim propiciar uma imunização célere, é imperativo que os eventos comecem a pensar também em termos da pressão ocasionada pelo acúmulo. Isso tende a afetar os seus calendários.
PRÓS E CONTRAS
Em meio às análises anteriores, já deu para perceber que há prós e contras compondo essas tempestades enfrentadas pelas equipes encarregadas pelos festivais, isso além das “lutas” dos espectadores. Foi preciso brigar contra sinais oscilantes de internet e se adequar à experiência nova de participar de um evento remotamente, assim tendo a possibilidade de pausar filmes, ir ao banheiro, ser interrompido por demandas domésticas urgentes e conviver com o som estridente do megafone do vendedor de 30 ovos a R$ 10 tilintando ao fundo (isso aconteceu inúmeras vezes com o autor do presente artigo). O alcance mencionado por Pedro Tavares e a inclusão de novos públicos, sublinhada por Wolney Oliveira, são argumentos poderosos aos favoráveis à continuidade (mesmo que parcial) do online. Já Eduardo Valente tem uma visão bem menos eufórica, embora reconheça os benefícios. “Um dos prós é a democratização. Não tem como alguém minimamente razoável achar isso ruim, embora haja muitas questões acessórias complicadas. Outra coisa positiva, pensando agora no Olhar de Cinema, é que conseguimos ter uma participação de membros de todos dos filmes. O Olhar recebe poucos convidados, não consegue agregar tanta gente. Quando decidimos fazer uma conversa entre os curadores e os realizadores de todos os filmes, isso deu aos artistas um grau de contato com o festival que antes não existia. Mesmo à distância, os componentes da equipe se sentiram fazendo parte de um evento, discutindo filmes deles com pessoas. Então isso também é um pró”.
“O contra maior de todos que, para mim, não justifica os prós, é o fato de inexistir a experiência coletiva, ela que é a base do cinema como troca. O online é um paliativo. Por isso digo que a ‘democratização’ (aspas de Eduardo) é relativa. O espectador precisa de boa internet e bons equipamentos. Essa democratização é cheia de limites, além de elitista, apenas pensada como tal porque a discutimos a partir de uma base elitista. Existe um risco da idealização dos festivais de cinema online, que é passar a deixar de usar o espaço da cidade e terceirizar isso ao online. Troca-se a dimensão do convívio social por várias experiências individuais em rede. O coletivo é o que dá mais sentido à existência dos festivais. Fico com muito receio desse ufanismo com relação aos eventos online. Existe uma ilusão construída, por quem não é inteirado nos processos, de que um festival online acontece por milagre. É preciso investir em vários sentidos. Me preocupa, pois é fácil criar a ideia de que fazer um festival online é barato. É mais fácil entender que não há pagamento de hospedagem, hotel, comida, mas não imagina tudo o que entra na planilha. É preciso pensar esse ecossistema. Os cinemas vão fechar. Várias pessoas estão achando que tudo certo fechar os cinemas”, contrapôs um bem menos conformado Eduardo, que finalizou assim:
“Estou vivendo os festivais online, mas se acabar o físico, nunca vou achar que a troca valeu à pena. Ajo diariamente, em discussões e com ações, para questionar a prevalência do online. Temos de incorporar os prós de maneira favorável, mas sem dizer que o antes era uma bobagem. Dizer isso é uma demagogia irresponsável. É calhorda rever o que aconteceu por tintas que não são reais, como chamar os festivais de cinema presenciais de elitistas. Não tenho dúvida: se a pandemia durasse tempo suficiente para desmontar o cinema como experiência coletiva os festivais iriam acabar. Isso de todos os festivais migrarem para o online não existe. Reunir pessoas fisicamente em determinados lugares é a base de funcionamento deles. Os festivais estão se adaptando por ora, para sobreviver. Boa parte dos eventos são bancados por instâncias locais, justamente pelo o que eles geram especificamente para aquelas cidades. Os eventos online não acontecem num lugar. É preciso compreender, por lógica básica, que os eventos têm de acontecer numa cidade. E não faz sentido ter os festivais acontecendo todos no mesmo lugar”.
O contra maior de todos que, para mim, não justifica os prós, é o fato de inexistir no online a experiência coletiva, ela que é a base do cinema como troca. O online é um paliativo
PERSPECTIVAS PARA 2021 E ALÉM…
Embora seja legítima, sobretudo como forma de aliviar a tensão acumulada em 2020, a sensação de que a virada para 2021 traria um alívio imediato à crise global foi rapidamente relativizada. Há alguns países em ritmo acelerado de imunização, mas não é o caso do Brasil. Temos crises diplomáticas, negligência federal, disputas mesquinhas em torno de questões urgentes, e, além disso, a Covid-19 vitimando fatalmente mais de 1000 pessoas diariamente por aqui. Os cenários são bastante graves. Estreitando novamente um pouco o foco nessa crise ao cinema, as decisões de gigantes como a Disney (privilegiar as produções para streaming) e da Warner Bros. (lançar todos os seus filmes simultaneamente nos cinemas e no HBO Max em 2021) aponta para um comportamento mercadológico que certamente tem impactos nos festivais de cinema. Estamos falando, inclusive, de costume de consumo, ou seja, será que há toda uma movimentação para que as salas físicas sejam entendidas como obsoletas? O quão triste, econômica e culturalmente trágico, vai ser se o streaming se tornar absolutamente hegemônico e as salas espaços-museu?
São muitas dúvidas. Talvez seja prudente mirar o longo prazo, mas tratar o imediato para compreender essa possível transformação (resistência, ou ambos) passo a passo. Sobre a edição 2021 do festival Ecrâ, ela será remoto, de acordo com Pedro: “Já vou te adiantar que o festival em 2021 vai ser online, até por conta da logística de vacina. Não sabemos quando o público do Ecrã, cuja faixa etária oscila entre 20 e 40 anos, vai ser vacinado. Então, optamos por manter online. Continua sendo gratuito, algo importante para a gente. Era imperativo seguir sendo assim. Lucro é bem-vindo, mas nossa proposta é levar esse tipo de cinema às pessoas. Os curtas, longas e médias seguem no streaming. Quanto às videoartes e instalações, vai variar de acordo com os selecionados, pois depende da natureza das obras para saber como nos adaptarmos, especialmente no que tange à logística técnica”.
O Cine Ceará também repetirá seu modelo de 2020, neste caso o híbrido, conforme Wolney: “Vamos continuar com o híbrido. Estamos trabalhando com a data de 25 de setembro a 01 de outubro. Abrimos a janela do virtual. Não descobrimos, mas a abrimos. Esperamos que a vacinação esteja adiantada até setembro. Fazer presencial e virtual é a nossa meta a ser alcançada. Tivemos uma experiência ótima com a TV Ceará. E queremos não apenas manter ela, mas também expandir para outras emissoras. De certa maneira você democratiza o acesso. No caso do Cine Ceará, temos sorte de estarmos num estado relativamente saneado financeiramente. Contamos com grandes parceiras, todas empresas cearenses, financiadores tradicionais do festival. Em 2020 tivemos mídia espontânea de cerca de R$ 60 milhões. É o único evento cultural do estado que acontece há 30 anos com repercussão internacional. Esperamos que o governo federal saia do discurso ideológico e vá para o econômico”.
Acompanhamos de perto, com enorme interesse essa pauta. Aliás, como desabado final: que bacana participar remotamente dos festivais, gozando de todos os benefícios desse encurtamento de distâncias. Mas…que saudade imensa de viver um festival presencial, certamente uma experiência única, justamente pela possibilidade de ser coletiva, imersiva e colaborativa, como nenhuma outra alternativa. Agradecemos a Eduardo Valente, Pedro Tavares e Wolney Oliveira pela gentileza com a qual os três nos receberam (à distância) a essa matéria.
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