Warner anuncia que seus lançamentos de 2021 serão simultâneos nos cinemas e no streaming

Outro indício de que os efeitos nefastos da pandemia do Covid-19 podem estar acelerando processos encarregados de mudar determinados paradigmas em Hollywood. Depois da Disney orientar todo o seu departamento de entretenimento para privilegiar o Disney+, agora a Warner Bros., um dos grandes estúdios/distribuidores dos Estados Unidos, anunciou na tarde desta quinta-feira, 03, que todos seus filmes programados para estrearem em 2021 serão lançados simultaneamente nos cinemas e no streaming dela, o HBO Max, nos moldes do que acontecerá em breve com Mulher-Maravilha 1984 (2020). Assim sendo, longas-metragens aguardadíssimos, tais como Duna, Matrix 4, O Esquadrão Suicida, Invocação do Mal 3: A Ordem do Demônio, Godzilla Vs King Kong, serão disponibilizadas nesse sistema concomitante. Ao todo, 17 produções serão distribuídas assim em 2021.  “Ninguém quer os filmes de volta aos cinemas mais do que nós. Temos ciência de que os novos conteúdos são vitais aos exibidores, mas temos de equilibrar isso com a noção de que a maior parte dos cinemas dos Estados Unidos vão operar com capacidade reduzida em 2021”, disse Ann Sarnoff, diretora-executiva da WarnerMedia.

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Ainda de acordo com o comunicado, os filmes ficarão 31 dias no streaming e depois seguirão as etapas tradicionais de distribuição, respeitando janelas. Como era de se esperar, a Warner Bros. está sofrendo pressões por parte dos grandes exibidores. A AMC, maior rede de salas de cinema dos Estados Unidos, se pronunciou publicamente de modo descontente diante da decisão do estúdio. Adam Aron, CEO da AMC Entertainment, disse que entendeu o caso Mulher-Maravilha 1984 como exceção, por isso não colocaram barreiras a esse lançamento simultâneo: “Claramente, a WarnerMedia pretende sacrificar uma parte considerável da lucratividade de sua divisão de estúdio de cinema, de seus parceiros de produção e dos cineastas para subsidiar o início da HBO Max. Quanto à AMC, faremos tudo ao nosso alcance para garantir que a Warner não o faça às nossas custas. Buscaremos agressivamente condições econômicas que preservem nossos negócios. Já iniciamos um diálogo imediato e urgente com a liderança da Warner sobre este assunto”. Muita água ainda valor rolar debaixo dessa ponte.

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Marcelo Müller

Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.

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