Trapaça, ao lado de 12 Anos de Escravidão, era o campeão de indicações ao Globo de Ouro 2014, tendo sido lembrado em sete categorias. Os dois são também apontados como os prováveis favoritos ao próximo Oscar, mas a consagração do filme de David O. Russell na premiação da imprensa estrangeira em Hollywood o colocou na frente de seu concorrente direto. Não que esse resultado vá influenciar as indicações – os eleitores do Oscar, um grupo de votantes completamente diferente, enviaram suas apostas na semana passada – mas certamente irá pesar nessa segunda etapa da campanha, quando serão de fato definidos os vencedores deste ano.
Os indicados ao Oscar 2014 serão anunciados na próxima quinta-feira, 16 de janeiro, quatro dias após o resultado do Globo de Ouro. A partir de então tem início o período mais acirrado da temporada de premiações nos Estados Unidos, quando os melhores de cada categoria já foram definidos e o que passa a importar é conquistar cada voto em a seu favor, pois poderá fazer a diferença entre um vencedor e um esquecido. E é neste ponto em que os vitoriosos do Globo de Ouro saem na frente.
Mas nada é preto e branco. Na última década, mesmo elegendo dois melhores filmes por ano – nas categorias de Drama e Comédia ou Musical – o Globo de Ouro acertou o vencedor do Oscar em apenas 3 ocasiões (Quem Quer Ser um Milionário?, em 2009, O Artista, em 2012, e Argo, em 2013). Ou seja, foram 17 outros premiados que viram suas chances na estatueta dourada virarem pó (três deles, mesmo premiados no Globo, não foram nem indicados ao Oscar!). Portanto, as vitórias de Trapaça (Melhor Filme em Comédia ou Musical) e de 12 Anos de Escravidão (Melhor Filme em Drama) não significa, necessariamente, uma polarização. E quem ainda estaria nesta disputa? Um forte candidato é Gravidade, premiado no Globo de Ouro como Melhor Direção para Alfonso Cuarón (na grande maioria das vezes, o vencedor do Oscar de Melhor Filme é premiado também em Direção), além de ter sido um incrível sucesso de bilheteria. Outro que cresce na disputa é O Lobo de Wall Street, de Martin Scorsese, premiado no Globo como Melhor Ator em Comédia ou Musical (Leonardo DiCaprio) e indicado também ao prêmio dos sindicatos dos produtores e dos diretores.
Os melhores intérpretes masculinos do ano no Globo de Ouro foram o citado Leonardo DiCaprio – que ficou de fora da premiação do Sindicato dos Atores, o que o deixa em desvantagem – e Matthew McConaughey, por Clube de Compras Dallas. Com esse vitória, McConaughey se tornou aquele a ser batido pelos demais. Ele já foi premiado nessa temporada pelos críticos de Central Ohio, Dallas-Fort Worth, Las Vegas e Phoenix, nos festivais de Roma e de Palm Springs e concorre ainda ao Independent Spirit Award, Satellite Award, SAG Award e ao Critics Choice Award. Ao seu lado, no Oscar, é inevitável que estejam Chiwetel Ejiofor (12 Anos de Escravidão), Bruce Dern (Nebraska) e Tom Hanks (Capitão Phillips). DiCaprio disputa a última vaga com Robert Redford (Até o Fim), Christian Bale (Trapaça), Oscar Isaac (Inside Llewyn Davis) e Joaquin Phoenix (Ela). Um destes cinco será o quinto indicado, e nenhum parece ter mais chances do que o outro.
Na categoria de Melhor Atriz, Cate Blanchett confirmou seu favoritismo com a vitória em Drama, por Blue Jasmine, tornando-se verdadeiramente imbatível. Amy Adams, premiada em Comédia ou Musical por Trapaça, deve estar feliz apenas por ter batido a insuperável Meryl Streep (Álbum de Família), mas como também está de fora do SAG Award, suas chances de ser uma finalista seguem complicadas. Ao lado de Blanchett estão confirmadas no Oscar Sandra Bullock (Gravidade) e Emma Thompson (Walt nos Bastidores de Mary Poppins). Judi Dench, por Philomena, tem visto suas possibilidades crescerem com o apoio que o filme tem ganho ao ser lembrado em praticamente todas as premiações dessa temporada. Para a quinta vaga, portanto, Adams deverá disputar diretamente com Streep (indicada ao SAG Award), sendo que a francesa Adèle Exarchopoulos (Azul é a Cor Mais Quente) – essa categoria possui histórico em indicar estrangeiras (lembra da Fernanda Montenegro?) – corre por fora.
Jared Leto, premiado como Melhor Ator Coadjuvante por Clube de Compras Dallas, é outro franco favorito ao Oscar. Sua atuação – a primeira após seis anos sem fazer um filme, período em que se dedicou exclusivamente à banda de rock 30 Seconds to Mars – vem sendo aclamada pela crítica e pela indústria como uma das mais impressionantes dos últimos tempos. Sua vitória no Oscar parece até mais garantida do que a de McConaughey, protagonista do mesmo filme. Michael Fassbender (12 Anos de Escravidão) e Bradley Cooper (Trapaça), os dois presentes nos filmes do ano, não devem ficar de fora. Nas duas vagas restantes devem sobrar espaço para o espanhol Daniel Brühl (Rush: No Limite da Emoção) e para o somali Barkhad Abdi (Capitão Phillips), com o recentemente falecido James Gandolfini (À Procura do Amor) – indicado ao SAG Award e ao Critics Choice – e o desconhecido Will Forte (Nebraska) – indicado ao Independent Spirit – correndo por fora.
E chegamos às Atrizes Coadjuvantes, talvez a categoria mais embolada dessa temporada. Jennifer Lawrence (Trapaça) foi a vencedora, apenas um ano após sua vitória como Melhor Atriz em Comédia ou Musical por O Lado Bom da Vida (2012). Se é notório que o Globo de Ouro adora agradar aos artistas mais populares, o mesmo não pode ser dito do Oscar, em que foram raríssimos os casos, em 85 anos de premiação, de um mesmo intérprete ganhar em dois anos consecutivos. Sendo assim, quais seriam as favoritas? Talvez Lupita Nyong’o (12 Anos de Escravidão), uma das mais premiadas pela crítica até o momento, com Julia Roberts (Álbum de Família) e Sally Hawkins (Blue Jasmine) garantindo a terceira e a quarta vaga “por consideração”, na torcida por uma vitória-surpresa. Na quinta posição, tudo pode acontecer. A veterana June Squibb (Nebraska) parece ser uma certeza, mas como ignorar a celebrada Oprah Winfrey (O Mordomo da Casa Branca)?
A Grande Beleza, de Paolo Sorrentino, foi escolhido como Melhor Filme Estrangeiro, representando a Itália, e felizmente está também entre os pré-selecionados ao Oscar. Essa vitória o coloca como principal favorito, assim como a animação Frozen: Uma Aventura Congelante deve vencer também na sua categoria. O melhor roteiro no Globo de Ouro foi o do sempre criativo Spike Jonze para o drama romântico Ela, mas como no Oscar essa categoria é dividida entre textos Originais e trabalhos Adaptados, o mistério sobre os favoritos continua.
Por fim temos as músicas. Alex Ebert foi premiado pela trilha sonora de Até o Fim, mas no Oscar ele terá pela frente os impressionantes trabalhos de Hans Zimmer (12 Anos de Escravidão), Steven Price (Gravidade) e do onipresente John Williams (A Menina que Roubava Livros). E enquanto o U2 ganhou como Melhor Canção por “Ordinary Love”, da trilha de Mandela: Long Walk to Freedom, a categoria repleta de estrelas pop – concorriam ainda Taylor Swift, Coldplay e Justin Timberlake – não deve se repetir no Oscar, que geralmente é bem mais conservador: o que significa que o favoritismo continua com a Disney e sua “Let it Go”, de Frozen: Uma Aventura Congelante.
De todos os filmes premiados no Globo de Ouro neste ano – foram 11 títulos no total – apenas dois deles receberam mais de um troféu: Trapaça (3) e Clube de Compras Dallas (2). Como o ponto forte deste segundo são as atuações do elenco masculino, tal resultado serve apenas para confirmar o primeiro na dianteira entre as apostas para o Oscar. O jogo em 2014, no entanto, não é de cartas marcadas, e a principal impressão sobre a premiação da Hollywood Foreign Press Association foi a grande distribuição de categorias entre os vencedores. Uma disseminação que também poderá se repetir no dia 02 de março. E façam-se suas apostas!
Confira aqui a lista completa de vencedores do Globo de Ouro 2014!
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