Em 2021, a estratégia de lançamento de Viúva Negra (2021) surpreendeu a indústria: a Disney optou pela estreia simultânea nas salas de cinema e na plataforma Disney+, mediante pagamento adicional aos assinantes. Exibidores ficaram enfurecidos com a decisão, que retiraria inúmeros espectadores das salas de cinema, enquanto a atriz principal, Scarlett Johansson, processou a empresa porque seu contrato estava atrelado ao lucro obtido nas bilheterias, o que significava uma perda de até US$ 50 milhões pelo faturamento em streaming.
Na primeira semana, os números foram considerados satisfatórios: o longa-metragem atingiu US$ 80 milhões nas salas de cinema, além de US$ 60 milhões em streaming, de acordo com dados fornecidos pela própria Disney. Em contrapartida, no período em que a Covid-19 representava um problema ainda mais grave do que hoje, os espectadores rapidamente deixaram o cinema como segunda opção para se concentrarem no formato caseiro. Resultado: a aventura de Natasha Romanoff sofreu uma queda de 68% na segunda semana em cartaz, um recorde para a Marvel.
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Agora, o site Deadline reporta outro problema que afetou particularmente Viúva Negra: a pirataria. Segundo dados do veículo, especializado no mercado audiovisual, estima-se que o filme foi visto 20 milhões de vezes ilegalmente. A disponibilidade rápida em formato online, além da recusa em pagar um valor extra para assinantes da Disney+ (o chamado Premier Acess), teria causado um prejuízo equivalente a US$ 600 milhões graças à pirataria. Os produtores mudaram de estratégia pouco depois, fazendo deste longa-metragem um caso isolado.
No total, Viúva Negra alcançou US$ 379 milhões nos cinemas, além de um valor em streaming não divulgado pela empresa. Os resultados são pouco animadores diante dos altos investimentos para um filme do gênero. Para efeito de comparação, novas produções da Fase 4 da Marvel, com protagonistas menos conhecidos pelo público, conquistaram resultados melhores: Shang-Chi e a Lenda dos Dez Anéis (2021), chegou a US$ 432 milhões apenas nos cinemas, enquanto Eternos (2021) conquistou US$ 401 milhões.

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Crítico de cinema desde 2004, membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema). Mestre em teoria de cinema pela Universidade Sorbonne Nouvelle - Paris III. Passagem por veículos como AdoroCinema, Le Monde Diplomatique Brasil e Rua - Revista Universitária do Audiovisual. Professor de cursos sobre o audiovisual e autor de artigos sobre o cinema. Editor do Papo de Cinema.
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