Quando o assunto é festival de cinema, Gramado parece imbatível no imaginário do espectador brasileiro. Também pudera, pois entre os ininterruptos desde a sua criação, ele é o mais longevo do Brasil, acontecendo desde 1973 num dos destinos turísticos mais bonitos do país. Pelo famoso tapete vermelho estendido sob a rua coberta, diante do Palácio dos Festivais, já passaram centenas de astros e estrelas de renome internacional. Em 2020, por conta da pandemia, a programação está acontecendo de modo virtual, exibida na televisão e no streaming. Pensando em resgatar uma parcela considerável da história do Festival de Gramado, o Telecine montou uma cinelist especial de filmes anteriormente exibidos no telão mais glamoroso da serra gaúcha com pompa e circunstância. E o Papo de Cinema resolveu fazer uma seleção, entre os títulos oferecidos, de 10 desses exemplares que saíram do festival com Kikitos nas mãos. Então, sem mais delongas, confira os nossos destaques entre os longas-metragens integrantes da Cinelist Festival de Gramado, disponível aos assinantes do Telecine.
O Som Ao Redor (2012)
O primeiro longa ficcional de Kleber Mendonça Filho foi exibido na serra gaúcha e parecia que levaria tudo em termos de prêmios. As atenções da trama se voltam a uma rua recifense que passa a ser monitorada por um serviço particular de vigilância. Ali, um microcosmo das contradições e da estratificação social da sociedade brasileira. No 40º Festival de Cinema de Gramado, levou os Kikitos de Melhor Direção, Prêmio da Crítica, Filme do Júri Popular e Desenho de Som. Faltou o de Melhor Filme. Assista ao filme no Telecine.
A Despedida (2013)
Um homem ciente de que se encontra próximo do fim. Almirante sabe que a morte está prestes a alcança-lo, por isso mesmo decide aproveitar o tempo restante realizando coisas que lhe dão prazer, aquelas que lhe fazem lamentar a vida prestes a se extinguir. Ele decide visitar uma amante do passado, algumas décadas mais nova, e ter uma derradeira experiência íntima. No 42º Festival de Gramado, o filme ganhou o prêmio de Melhor Direção, Ator (Nelson Xavier), Atriz (Juliana Paes) e Fotografia. Assista ao filme no Telecine.
O Outro Lado do Paraíso (2014)
No começo dos anos 1960, todos os caminhos pareciam apontar para Brasília. Num momento socialmente turbulento, a nova capital federal soava como um oásis de oportunidades. E este filme mostra um pai de família justamente encantando com essa miragem, dentro da qual se aproxima do ativismo político e da luta pelos trabalhadores. No 43º Festival de Gramado, o filme levou para casa o Kikito de Melhor Filme do Júri Popular, mostrando que soube se comunicar muito bem com os anseios do público. Assista ao filme no Telecine.
Elis (2016)
Gramado parece realmente gostar das cinebiografias musicais, vide a frequência com que seleciona esse tipo de produção para suas mostras competitivas (esta lista é uma prova disso). E aqui temos a história de Elis Regina, tida por muitos como uma das vozes mais prodigiosas que já alcançaram a celebridade no Brasil. No 44º Festival de Cinema de Gramado, a cinebio foi exibida e bastante aplaudida, acabando por ser premiada como Melhor Filme pelo Júri Popular, Atriz (Andreia Horta) e Montagem. Assista ao filme no Telecine.
Um Homem Só (2015)
Neste filme, Vladimir Brichta vive um daqueles personagens presos numa vida meramente burocrática, infeliz e maçante. Diante de uma paixão, é levado a acreditar que a solução dos seus problemas está no apelo a um estabelecimento de cria clones humanos. Uma bem-vinda incursão do cinema brasileiro pela seara da ficção científica que, no 43º Festival de Gramado, foi premiado com os Kikitos de Melhor Atriz (Mariana Ximenes), Ator Coadjuvante (Otávio Muller) e Fotografia. Assista ao filme no Telecine.
Como Nossos Pais (2017)
Aclamado como um dos grandes filmes de Laís Bodanzky, este drama fala de uma mulher diante de dilemas muito íntimos, sua relação com a família constituída, com a equivalente antes reconfigurada pelo divórcio dos pais, tudo com bastante sensibilidade e um foco específico nos detalhes, nos ditos e não ditos. Não à toa, no 45º Festival de Gramado, fez uma limpa, ganhando os Kikitos de Melhor Filme, Direção, Atriz (Maria Ribeiro), Ator (Paulo Vilhena), Atriz Coadjuvante (Clarisse Abujamra) e Montagem. Assista ao filme no Telecine.
Benzinho (2018)
O primogênito de uma família de classe média às voltas com questões cotidianas recebe um convite para desenvolver seu talento esportivo na Alemanha. A saída do primeiro filho do ninho vai abalar a mãe que não parece preparada para essa partida. Merecidamente, o longa fez sucesso na passagem pelo Rio Grande do Sul, no 46º Festival de Gramado, e levou os Kikitos de Melhor Atriz (Karine Teles), Atriz Coadjuvante (Adriana Esteves) e os de Melhor Filme pelos júris da Crítica e Popular. Assista ao filme no Telecine.
Ferrugem (2018)
O que acontece quando a intimidade é devassada e passa a ser motivo de sofrimento? Este filme apresenta uma visão particular e madura do tão corriqueiro vazamento de fotos/vídeos íntimos, mostrando as tragédias decorrentes dessa sociedade julgadora como uma onda se propagando por vários personagens, atingindo uma dimensão enorme. No 46º Festival de Gramado, o longa-metragem levou para casa os tão cobiçados Kikitos de Melhor Filme Brasileiro, Roteiro e Desenho de Som. Assista ao filme no Telecine.
Simonal (2018)
Wilson Simonal atingiu um sucesso que poucos conseguiram. Com sua música repleta de swing, uma voz singular, tanto quanto a sua atitude de palco, ele tinha tudo para ser eternizado como um dos nossos grandes cantores, não fosse a controvérsia envolvendo a suposta colaboração com a ditadura civil-militar. No 46º Festival de Gramado, do qual o filme saiu premiado como Melhor Fotografia, Direção de Arte e Trilha Sonora, tivemos acesso a outros lados do mito e à tese de que o racismo foi determinante. Assista ao filme no Telecine.
Hebe: A Estrela do Brasil (2019)
A tão esperada cinebiografia de um dos maiores nomes da televisão brasileira foi exibida no 47º Festival de Gramado, de lá saindo com o Kikito de Melhor Montagem. Há quem diga que merecia mais. Fato é que esse retrato de uma mulher decidida a segurar as rédeas da própria carreira, a despeito de um machismo que ainda, infelizmente, dá as cartas dos jogos, mostra uma Hebe que poucos conheciam. Andréa Beltrão merecia ter levado para casa a estatueta de Melhor Atriz? A questão fica no ar. Para tirar a teima: Assista ao filme no Telecine.
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