O mais importante precursor da categoria é a premiação da Visual Effects Society (Sociedade dos Técnicos em Efeitos Visuais), que possui 13 categorias dedicadas apenas ao trabalho dessa área no cinema. Nada menos do que cinco delas, no entanto, são dedicadas à projetos de animação (Encanto ganhou em quatro), mas como essas raramente são reconhecidas nesse âmbito junto aos votantes da Academia, restam as outras oito para serem levadas em conta. As duas mais importantes disputas, no entanto, são “Melhores Efeitos Visuais em Longa Live-Action” e “Melhores Efeitos Visuais Coadjuvantes em Longa Live-Action”. Desses, apenas o vencedor da primeira está também concorrendo ao Oscar – assim, fica fácil apontar não apenas quem é o favorito por aqui, como também quem foi o grande injustiçado. Dito isso, confira nossas apostas!

INDICADOS

 

FAVORITO
Duna, de Paul Lambert, Tristan Myles, Brian Connor, Gerd Nefzer
Dos cinco indicados na categoria, Duna é o único que concorre também a Melhor Filme. Ou seja, é aquele com maior prestígio junto aos votantes. Só não se pode dizer que é, também, o longa mais visto, pois a concorrência é forte: entre os demais há um título que somou quase dois bilhões nas bilheterias de todo o mundo, e todos, de uma forma ou de outra, foram sucessos de público. Das seis indicações que recebeu no VES, ganhou quatro: Melhores Efeitos Visuais em Longa Live-Action, Melhor Modelo em Projeto Animado ou Live-Action, Melhor Simulação de Efeitos em Longa Live-Action e Melhor Composição e Iluminação em Longa. Entre os profissionais indicados, Paul Lambert possui dois Oscars – Blade Runner 2049 (2017), em parceria com Gerd Nefzer, e por O Primeiro Homem (2018), em parceria com Tristan Myles – e apenas Brian Connor está em sua primeira indicação. Por esse trabalho, estão indicados também ao Bafta e ao Critics Choice, e foram premiados pela Hollywood Critics Association e pelos críticos de Chicago, Denver, Florida, Houston, Las Vegas, Minnesota, Nevada, Carolina do Norte, Dakota do Norte, Phoenix, Portland, Seattle e St. Louis. Ou seja, é o concorrente contra todos os demais devem lutar contra.

AZARÃO
Homem-Aranha: Sem Volta para Casa, de Kelly Port, Chris Waegner, Scott Edelstein, Daniel Sudick
A Academia está tão desesperada para premiar Homem-Aranha: Sem Volta para Casa, o filme que finalmente conseguiu superar os fracos números registrados desde o início da pandemia do Covid-19 – também conhecido como “o longa que salvou o cinema” (ao menos em termos de indústria, e não podemos nunca esquecer que o Oscar é um prêmio da indústria e para a indústria), que chegou até mesmo a ressuscitar a malfadada ideia da categoria de “Melhor Filme Popular”, algo cogitado há alguns anos (uma proposta polêmica e refutada por muitos, mas que agora voltou com força), dessa vez travestida através de uma votação via Twitter! Enfim, se essa alternativa não colar, não causará espanto que o reconhecimento vier por aqui – afinal, é a única categoria “séria” a qual o longa do Cabeça de Teia está, de fato, indicado. Dos quatro profissionais indicados, bom ficar de olho em Daniel Sudick, que neste ano concorre também por Free Guy: Assumindo o Controle e, ao longo da carreira, já soma impressionantes 12 indicações – e o pior, sem nunca ter ganho! Será que dessa vez, concorrendo por dois trabalhos distintos, ele terá melhor sorte? Das três indicações recebidas no VES, ganhou como Melhor Ambiente Criado para Longa Live-Action (a representação da Dimensão Espelhada), e seus efeitos visuais foram premiados pelos críticos de Chicago (indie), Havaí e Santa Barbara. Será o suficiente também para conquistar o ouro hollywoodiano?

NEGAÇÃO
Free Guy: Assumindo o Controle, de Swen Gillberg, Bryan Grill, Nikos Kalaitzidis, Daniel Sudick
Dos cinco concorrentes a Melhores Efeitos Visuais, três tem aqui sua única indicação ao Oscar. A diferença é que dois desses são produções do poderoso Estúdio Marvel (também conhecido como Estúdios Disney, a empresa-mãe). Sobra, então, o simpático – e inesperadamente bem-sucedido – Free Guy: Assumindo o Controle! Com exceção de Nikos Kalaitzidis, que está indicado pela primeira vez, os três demais (entre eles o citado acima Daniel Sudick) marcaram presença entre os finalistas da Academia em ocasiões anteriores, porém sem nunca terem ganhado. E não parece que o trabalho aqui apresentado – mais pela forte concorrência, do que pela excelência dos seus esforços – irá mudar essa situação. Mesmo assim, foram indicados ao Bafta e em algumas associações regionais de críticos (sem terem ganho em nenhuma delas, no entanto). Ah, e também para reforçar esse (triste) cenário, não foram indicados em absolutamente nenhuma categoria da Visual Effects Society. Enfim, seria uma bela surpresa caso fossem anunciados como os vencedores da estatueta dourada, mas não parece ser algo com chances de se tornar realidade.

ESQUECIDO
Noite Passada em Soho, de Thomas Proctor, Gavin Gregory, Julian Gnass, Fabricio Baessa
Indicados em apenas uma categoria na VES, os técnicos de efeitos visuais de Noite Passada em Soho se deram muito bem e ganharam como “Melhores Efeitos Visuais Coadjuvantes em Longa Live-Action”, superando concorrentes como A Tragédia de Macbeth e O Beco do Pesadelo, por exemplo, ambos lembrados em mais de uma categoria do Oscar 2022. Outra coisa bonita, caso essa indicação tivesse se concretizado, é que teríamos mais um brasileiro na festa: o carioca Fabrício Baessa, que demonstrou seu talento em novelas como Os Mutantes (2009) e Os Dez Mandamentos (2016), e daqui despontou para o sucesso em Hollywood, tendo participado das equipes de filmes como Mulher-Maravilha (2017) e o recente Uncharted: Fora do Mapa (2022). Quem sabe numa próxima vez? Estaremos na torcida!
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é crítico de cinema, presidente da ACCIRS - Associação de Críticos de Cinema do Rio Grande do Sul (gestão 2016-2018), e membro fundador da ABRACCINE - Associação Brasileira de Críticos de Cinema. Já atuou na televisão, jornal, rádio, revista e internet. Participou como autor dos livros Contos da Oficina 34 (2005) e 100 Melhores Filmes Brasileiros (2016). Criador e editor-chefe do portal Papo de Cinema.
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