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Manas (2024), filme de estreia da cineasta Marianna Brennand em longas de ficção, vem colhendo elogios desde a sua première no Festival de Veneza que está acontecendo numa das cidades mais charmosas da Itália. Rodada na região Amazônica, a produção foi exibida nesta segunda-feira, 02, na Giornate degli Autori, uma das principais mostras competitivas do evento europeu. A projeção foi seguida de uma entusiasmada recepção do público presente. “Ainda estou arrebatada com o que aconteceu aqui hoje, com essa reação tão calorosa do público na sessão. Foi uma comoção coletiva. Senti as pessoas muito tocadas pela história, acompanhando cada respiração da Marcielle em sua jornada. Os aplausos ininterruptos no final nos deixaram sem fôlego”, disse Marianna.

A equipe de "Manas" em Veneza. Foto/divulgação
A equipe de “Manas” em Veneza. Foto/divulgação

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DO QUE FALA O FILME?

Manas conta a história de Marcielle, jovem de 13 anos que vive na Ilha do Marajó (PA) e começa a entender que o futuro não lhe reserva muitas opções. Encurralada pela resignação da mãe e movida pela idealização da figura da irmã que partiu, ela decide confrontar a engrenagem violenta que rege a sua família e as mulheres da sua comunidade.

“No início da pesquisa, me deparei com uma questão ética muito séria. Era inaceitável para mim como documentarista colocar à frente da câmera crianças, adolescentes e mulheres para recontarem situações de abuso pelas quais haviam passado. Seria cometer mais uma violência contra elas. É um tema muito duro e complexo. O desafio era retratar não só uma dor física e emocional, mas também existencial, e isso foi algo que a ficção me permitiu trabalhar”, conta Marianna.

A cineasta também mencionou o que esperava do aspecto sensorial do filme: “Busquei estabelecer uma espécie de mergulho sensorial que conectasse o espectador à experiência emocional da protagonista. Optei por fincar o filme – em todos os seus aspectos – em um hiper-naturalismo que se liga ao documental, abrindo mão de qualquer artifício que pudesse desviar da vivência dela e de seu inconsciente”.

A diretora também falou da elogiada Jamilli Correa, a estreante protagonista: “Sempre brinco que ela foi atriz em vidas passadas. A gente só destravou algo que já estava dentro dela. A Jamilli é uma força da natureza. Ela tem um silêncio preenchido que imprime na tela muitas nuances e uma inteligência cênica impressionante, qualidades raras”.

"Manas"
“Manas”

O roteiro de Manas venceu Sam Spiegel International Film Lab e é assinado por Felipe Sholl, Marcelo Grabowsky, Marianna Brennand, Antonia Pellegrino, Camila Agustini e Carolina Benevides. O elenco é formado por Jamilli Correa, Fátima Macedo, Rômulo Braga, Dira Paes, Emilly Pantoja, Samira Eloá, Enzo Maia, Gabriel Rodrigues, Ingrid Trigueiro, Clébia Souza, Nena Inoue e Rodrigo Garcia.

MAIS BRASIL EM VENEZA

Vale destacar que, além de Manas, o Brasil tem outros filmes em cartaz no Festival de Veneza. Na mesma mostra Giornate degli Autori está a coprodução Brasil/Colômbia Alma do Deserto (2024), de Mônica Taboada-Tapia; na Mostra Orizontti está o curta-metragem Minha Mãe é uma Vaca (2024), de Moara Passoni; 40 Dias sem O Sol (2024), de João Carlos Furia, foi selecionado à mostra de realidade virtual; fora de competição foram apresentados A Hora e a Vez de Augusto Matraga (1965), de Roberto Santos, e Apocalipse nos Trópicos (2024), de Petra Costa; e competindo pelo Leão de Ouro está Ainda Estou Aqui (2024), drama dirigido por Walter Salles.

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.
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