Não é todo filme que resiste por quase 30 anos no imaginário dos espectadores. Priscilla: A Rainha do Deserto (1994) certamente é uma dessas obras que marcou gerações com sua irreverência, suas cores vibrantes quebrando a monotonia cromática (e a caretice) do deserto australiano e um pé na porta dos anos 1990 quando o assunto era produção de temática LGBTQIAP+ para grandes públicos. Tanto que neste sábado, 15, haverá uma sessão especial do longa-metragem no Festival do Rio, com direito à presença do cineasta australiano Stephan Elliott. Aliás, nesta quarta-feira, 12, nós do Papo de Cinema conversamos com o realizador para saber como ele está encarando essa homenagem de um dos maiores festivais de cinema da América Latina e qual é a sensação de ter feito um filme que continua reverberando quase 30 anos após o seu lançamento.
“Não, não imaginava que ainda falaríamos do filme 30 anos depois (risos). Ainda fico embasbacado. Parece que a cada 10 anos ele consegue novos públicos e assim não envelhece. Por exemplo, agora ele volta a ser extremamente relevante por conta da personagem de Terence Stamp, que é trans. Na época nem me dava conta sobre a importância de ter uma personagem trans em cena, o que atualmente é um assunto bastante em voga”.
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Priscilla: A Rainha do Deserto é estrelado por Hugo Weaving, Guy Pearce e Terence Stamp. Ele mostra as drag queens Anthony e Adam e a transexual Bernadette partindo de Sydney rumo a Alice Springs, cidade remotamente localizada num deserto australiano, pois foram contratadas para fazer um show e viajam a bordo do ônibus Priscilla rompendo a pasmaceira do Outback. E perguntamos a Stephan Elliott sobre as possibilidades de uma continuação, algo que vem sido ventilado de tempos em tempos nesses 30 anos.
“Ouço essa pergunta diariamente nesse últimos 30 anos (risos). E sempre disse ‘não, não quero fazer uma continuação, isso está fora de cogitação’, mas…(pausa pensativa), talvez não”.
Sentindo que tínhamos fisgado algo, perguntamos se já houve conversas a respeito da continuação e a reação de Stephan Elliott foi indicativa de que sim. Ele começou a rir, fez uma cara de “não posso falar”, mas acabou deixando claramente a entender que isso pode acontecer.
“Não posso falar, não posso falar sobre isso (risos). Há 30 anos venho pensado sobre isso. Antes eu não via sentido na continuação, mas talvez esteja chegando o momento. Pode ser que o momento certo esteja se aproximando (…) é muito importante dizer que na época não fiz o filme para um público especificamente gay. Na primeira metade do filme, rimos dos personagens, quase como se eles fossem clowns, aí nos apaixonamos por eles. Isso foi calculado. Certamente ele não poderia ser feito assim na atualidade”.
E aí, o que vocês acham de uma continuação de Priscilla: A Rainha do Deserto?
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