12 mai

Festival de Sundance pode ter sido foco de transmissão do coronavírus nos Estados Unidos

No início de 2020, ainda se conhecia pouco sobre a Covid-19 e suas consequências, e o mundo estava longe de falar numa pandemia. Por isso, o festival de Sundance, organizado entre os dias 23 de janeiro e 2 de fevereiro, na cidade de Park City, Utah (Estados Unidos), ocorreu normalmente, reunindo mais de 120 mil pessoas interessadas em ver, produzir e comercializar filmes.

O evento teve início apenas dois dias depois de ser diagnosticado o primeiro paciente com coronavírus no país. No entanto, de acordo com o Hollywood Reporter, dezenas de pessoas voltaram do festival com febre, sintomas fortes de gripe e dificuldades respiratórias. A “gripe de Sundance” é conhecida pelos locais, devido às baixas temperaturas da época e ao ritmo intenso do evento, o que fragiliza o sistema imunológico. No entanto, os sintomas após a edição 2020 foram muito mais fortes do que se tinha registrado em outros anos.

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O veículo afirma ter conversado com dezenas de pessoas que confirmaram ter ficado seriamente doentes durante três ou quatro semanas, incluindo as atrizes Ashley Jackson e Paige McGarvin, a produtora Olivia Charmaine Morris e mesmo um “grande ator” de uma franquia popular, que preferiu permanecer anônimo. Todos foram diagnosticados, na época, com o que parecia ser uma forte pneumonia, embora os médicos não conseguissem precisar o diagnóstico.

“A lógica indica que essas pessoas provavelmente tiveram coronavírus”, explica o microbiologista Dean Hart. “Com Sundance, você tem a fórmula perfeita para o vírus se espalhar e contaminar a todos”. Em comunicado oficial, os produtores do festival respondem: “Sentimos muito que os frequentadores do festival tenham se sentido mal durante ou depois da nossa edição de janeiro. Não temos certeza de nenhum caso confirmado de coronavírus relacionado ao festival”.

Sundance levou representantes de 118 filmes, de 27 países diferentes. Desde então, o Festival de Berlim (em fevereiro) ocorreu normalmente, mas festivais como Karlovy Vary e Roterdã foram cancelados. Já o Festival de Cannes, normalmente organizado em maio, descartou a versão presencial por enquanto, preferindo exibir sessões de seus filmes dentro de outros festivais com datas mais próximas do fim do ano.

Bruno Carmelo

Crítico de cinema desde 2004, membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema). Mestre em teoria de cinema pela Universidade Sorbonne Nouvelle - Paris III. Passagem por veículos como AdoroCinema, Le Monde Diplomatique Brasil e Rua - Revista Universitária do Audiovisual. Professor de cursos sobre o audiovisual e autor de artigos sobre o cinema. Editor do Papo de Cinema.

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