20210706 richard donner papo de cinema

O cineasta Richard Donner morreu nesta segunda-feira, 05, aos 91 anos. A informação foi confirmada por sua esposa, a produtora Lauren Shuler Donner, mas a causa não foi revelada. Nascido Richard Donald Schwartzberg, no bairro do Bronx, nos Estados Unidos, ele estudou no Parker Junior College e depois na Universidade de Nova Iorque, onde se formou em administração e teatro. Mesmo que tenha começado sua carreira artística como ator, trabalhando especialmente numa seara off-Broadway nos anos 1950, Donner logo buscou formação para atuar como diretor de televisão. Por conta de seu talento rapidamente evidente, chegou a trabalhar em grandes sucessos da telinha estadunidense, tais como Além da Imaginação (1963-1964) e O Agente da UNCLE (1964). Ele dizia que Martin Ritt tinha lhe dado um toque essencial para enveredar pela direção, isso durante as filmagens de Of Human Bondage (1951). “Marty me disse que eu nunca conseguiria ser ator porque não podia seguir uma direção, mas achou que eu poderia me dar bem dirigindo e me ofereceu um emprego como seu assistente”.

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Enquanto acumulava experiência na televisão, Richard Donner trabalhou para a empresa de animação Hanna-Barbera, dirigindo vários episódios de A Ilha do Perigo (1967), parte da série infantil The Banana Splits. Em 1961, quando Hollywood ensaiava uma transformação radical em suas estruturas, ele dirigiu seu primeiro longa-metragem, o exemplar de baixo orçamento Avião Foguete X-15¸ estrelado por Charles Bronson, ator que se transformaria em astro. O grande salto na carreira cinematográfica de Donner se deu em 1976 com A Profecia, cujo sucesso o credenciou a comandar Superman: O Filme (1978). Naquele momento, parecia até um tanto ridícula a ideia de levar super-heróis ao cinema, mas Donner fez um trabalho tão bom que até hoje é considerado um dos melhores exemplares baseados em histórias em quadrinhos, apenas não voltando à sequência por conta de um litígio sério com os produtores.

Além de produções menores e pessoais que acabou dirigindo ao longo dos anos, Richard Donner esteve à frente de grandes sucessos, tais como Os Goonies (1985), aventura que marcou toda uma geração, e logo depois começou o que seria a sua franquia de estimação – quando elas não eram quase uma obsessão em Hollywood – com Máquina Mortífera (1987). Sua relação com a série de filmes centrados numa carismática dupla de policiais era tamanha que ele estava se preparando para rodar o quinto filme da saga, algo impossibilitado por sua morte. Além de cineasta, Donner foi um produtor prolífico que ajudou vários projetos a ganharem as telonas. Entre os filmes que contam com sua assinatura nesse sentido estão Os Garotos Perdidos (1987), os da saga Free Willy, X-Men: O Filme (2000) e X-Men Origens: Wolverine (2009). Nunca reconhecido pelo Oscar, sequer com uma estatueta honorária, embora alguns de seus filmes tenham feito parte da festa, ele se junta a outros grandes nomes negligenciados pela Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, mas nem por isso menos importantes para as artes que o consagraram.

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Sua obra derradeira como diretor acabou sendo 16 Quadras (2006). Como mencionado acima, seu amor pela saga Máquina Mortífera era tamanho – ele dirigiu todos os filmes dela – que preparava uma volta da aposentadoria de 15 anos para dar continuidade às aventuras de Riggs e Murtaugh.

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.
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