Morreu na última terça-feira, 12, aos 91 anos, Antonio Carlos Textor, um dos pioneiros do cinema gaúcho. De acordo com a sua família, ele não resistiu a uma parada cardíaca e foi a óbito. Nascido em Soledade, em 1932, Textor teve uma carreira muito prolífica e sintomática de um desejo de modernidade que pairava no estado nos anos 1960. Ele dirigiu 27 curtas-metragens. Embora tenha vindo do interior do Rio Grande do Sul, Textor fez zum cinema muito ambientado na capital do estado, Porto Alegre, apostando numa lógica mais urbana para contar as suas histórias. A estreia atrás das câmeras aconteceu em 1963 com o curta-metragem Um Homem e o Destino, ainda realizado em Super-8. A partir daí, intercalou produções de ficção e documentário, mas sempre em formato curto: “Sou um cara que gosta muito do curta-metragem”, disse o realizador ao programa televisivo Persona Grata em 1997 (você pode conferir o programa logo abaixo).
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Em 2003, por conta de uma retrospectiva dedicada à obra de Textor, Jorge Furtado chegou a afirmar que “a ideia de que o cinema gaúcho pudesse refletir uma visão de mundo viva e contemporânea surge com Antônio Carlos Textor. Com sua temática urbana, sua linguagem inventiva e rica em imagens, Textor serviu de inspiração para uma nova geração de realizadores. O novo cinema gaúcho começou com Textor”. Furtado fez referência ao rompimento, acontecido entre os anos 1960/70, com um tipo de filme denominado no Rio Grande do Sul de “Bombacha e Chimarrão”, narrativas ambientadas no campo que traziam como protagonistas homens e mulheres acostumados à lida com animais e agricultura. O cinema de Textor buscava extrair poesia das dinâmicas urbanas de uma Porto Alegre ávida por ser alinhada com as principais metrópoles do mundo o que, de certa maneira, também significava pausar relações com as narrativas que festejavam as tradições e a história do Rio Grande do Sul. São obras notáveis de sua cinematografia As Colônias Italianas no Rio Grande do Sul (1975), Carrossel (1985) e Crônica de um Rio (1988). Entre os prêmios que ele recebeu, se destacam o de Melhor Diretor da Região Sul, obtido no Concurso de Cinema Brasileiro, realizado em 1966, pelo curta-metragem O Gesto Essencial. Com As Colônias Italianas do RGS (1975), venceu o prêmio de Melhor Curta Metragem no Festival de Gramado – ele repetiu a dose no principal festival do Rio Grande do Sul em 1983 com Urbanos.
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