O Papo de Cinema foi um dos veículos convidados pela Netflix para acompanhar o evento online de apresentação de 7 Prisioneiros (2021) à imprensa brasileira, que aconteceu nesta quarta-feira, 06. O novo longa-metragem do cineasta Alexandre Moratto (Sócrates, 2019) foi exibido (em breve sairá nossa crítica) e logo depois houve um bate-papo que contou com as presenças do diretor, da co-roteirista Thayná Mantesso e do produtor Fernando Meirelles. O realizador começou dizendo que era imprescindível para ele em seu segundo trabalho de longa-metragem trabalhar com boa parte da equipe do primeiro e aproveitou para contar rapidamente como conheceu o norte-americano Ramin Bahrani, um dos produtores das empreitadas (e diretor, entre outros, de O Tigre Branco, 2020). “O Ramin estava procurando um estagiário com mais de 18 anos e que falasse espanhol. Na época eu tinha 17 anos e não falava espanhol, mas me candidatei mesmo assim (risos). Como depois fiz 18 e acabei aprendendo o idioma, ficou tudo certo”. Fernando Meirelles retrucou bem humorado de pronto: “estão vendo, é um baita contador de histórias”. Aliás, Meirelles disse que depois de ter se apaixonado por Sócrates (distribuído por sua empresa), ele queria fazer parte do novo projeto de Alexandre já na fase de produção: “eu disse para ele ‘tem um lugarzinho para mim como produtor?’“.

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Num clima descontraído, Alexandre Moratto aproveitou para contar como foi o primeiro contato com o colega ilustre. Ele estudava na mesma escola de uma das filhas de Fernando Meirelles. Após uma palestra sobre Cidade de Deus (2002), Moratto, então com 13 anos, chegou para o consagrado realizador e disse: “Eu vou ser diretor de cinema”. Já especificamente sobre a colaboração, quem também falou bastante foi a roteirista Thayná Mantesso. Ela ressaltou a importância das vozes periféricas quando questionada sobre a proximidade com a realidade: “para mim era essencial permanecer perto dessa realidade, sendo uma voz dela. Por exemplo, o Sócrates era um gay da periferia e eu sou uma sapatão de periferia”. Ela ressaltou a relevância do Instituto Querô, ONG situada na cidade de Santos, no qual aprendeu sobre cinema: “provavelmente, se não fosse por eles eu estaria fazendo outra coisa que não cinema”. A conversa seguiu sobre os meandros da produção de 7 Prisioneiros, tais como escolha do elenco e os aspectos a serem ressaltados por uma trama que fala de trabalho análogo à escravidão. Alexandre Moratto comentou que tudo começou a partir do convite de uma amiga que desenvolvia uma pesquisa junto à ONU (Organização das Nações Unidas), em meio a qual ela entrevistava pessoas que tinham sobrevivido à tragédia do tráfico humano. Vencedor de um prêmio paralelo à competição principal do Festival de Veneza, o longa estrelado por Christian Malheiros e Rodrigo Santoro chega ao catálogo da Netflix e a alguns cinemas selecionados no dia 11 de novembro. Aproveitamos para agradecer à Netflix pelo convite para assistir antecipadamente ao filme e à conversa posterior.

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Jornalista, professor e crítico de cinema membro da ABRACCINE (Associação Brasileira de Críticos de Cinema,). Ministrou cursos na Escola de Cinema Darcy Ribeiro/RJ, na Academia Internacional de Cinema/RJ e em diversas unidades Sesc/RJ. Participou como autor dos livros "100 Melhores Filmes Brasileiros" (2016), "Documentários Brasileiros – 100 filmes Essenciais" (2017), "Animação Brasileira – 100 Filmes Essenciais" (2018) e “Cinema Fantástico Brasileiro: 100 Filmes Essenciais” (2024). Editor do Papo de Cinema.
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